"Comecei a militar por causa do meu cachorro", diz jornalista que trata seu pet com Cannabis

Odair estava prestes a morrer por conta do excesso de medicamentos alopáticos, mas a Cannabis chegou e deu vida nova para o bichinho

Publicada em 06/02/2020

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Por Caroline Apple

Odair é um cãozinho sem raça definida que com cerca de quatro aninhos caiu nas graças da jornalista Ana Paula Davim, de 31 anos. Porém, depois de três meses vivendo ao lado da nova família, Odair teve uma convulsão e foi diagnosticado com epilepsia.

Com uma receita de medicamento alopático usado com frequência nesses casos, a jornalista saiu do veterinário direto para uma farmácia e começou o tratar seu pet, que parou de ter crises.

Com um quadro evolutivo bom, Ana decidiu suspender a medicação. Odair ficou bem até entrar novamente numa crise convulsiva em agosto de 2019. A partir daí, o cãozinho voltou a ser medicado e as crises não voltaram por três meses.

Entretanto, surgiu um problema de saúde no qual o cachorro teve que tomar antibiótico. Ana acredita que o anitbiótico possa ter interferido na medicação para convulsão e Odair então teve a pior crise convulsiva da vida dele.

"Ele [Odair] teve uma crise convulsiva sérissima. Cheguei em casa e ele estava desmaiado. Ele não conseguia sair da crise. Ficou dois dias em coma induzido. Quando ele voltou do coma, parecia ter perdido a memória. Ele parecia um velhinho. Muito debilitado. Só parecia lembrar de mim e do nome dele, mas não lembrava da casa. Caia muito, se movia com dificuldade", conta a jornalista.

Última alternativa

Para segurar as crises, o pet de Ana teve que tomar altas doses de medicamentos fortes, que deixaram Odair debilitado, com o fígado comprometido e com um quadro de pré-pancreatite. "Foi quando me desesperei. Eu tinha certeza que ele ia morrer", reelembra.

Então Ana, que se considera "mãe de pet", invocou seu lado materno e começou a pesquisar tudo sobre formas de melhorar a saúde de Odair. E foi numa conversa com uma veterinária conhecida que ela conseguiu uma indicação.

"Uma veterinária que cuida dos animais da minha família há muitos anos me indicou o veterinário Pedro da Silva, em Natal, minha cidade, dizendo que ele prescrevia óleo de Cannabis para o tratamento de animais. Não tive dúvidas, levei o Odair comigo e passamos numa consulta bem ampla. Sai de lá com uma receita e voltamos para São Paulo", diz.

Ana comprou o óleo de Cannabis e começou a dar para Odair e ela afirma estar "impressionada" com a melhora no quadro geral do cãozinho.

"Ele está muito mais esperto. Até mais do que ele já era. Está mais atento, voltou a interagir, recobrou a memória, está mais ágil, come bem e está com o peso controlado. Até a respiração que estava comprometida melhorou", comemora.

Militante por amor

Ana afirma que nunca fez uso adulto ou medicinal da maconha, mas que a história de Odair a transformou numa militante pela liberação da Cannabis medicinal.

"Comecei a militar por causa do meu cachorro. Não tem como fazer mal se bem orientado e tivermos acesso a produtos de qualidade. Até minha mãe e minha avó que têm suas reservas por conta do produto ser à base de maconha estão mudando seus conceitos diante da melhora do Odair. Minha avó quer medicar a poodle idosa da família com Cannabis. Ela reconhece que é benéfico", diz.

Odair ainda faz uso da medicação alopática, mas em doses menores e alternadas, além de estar em um processo de "desmame" de uma das medicações. Porém, o uso da Cannabis trouxe qualidade de vida que somente a alopatia tinha tirado, afirma a jornalista.

"O fitocanabinoide é um reforço pra garantir que não haverá descompensação neurológica. Ele estava definhando rapidamente por causa do excesso de remedios", finaliza.