Brasil tem 3 casos de doença causada por cigarro eletrônico com THC, diz Sociedade de Pneumologia

Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia emitiu um alerta para um possível surto da grave doença associada aos vapes

Publicada em 09/12/2019

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Foram confirmados três casos de lesão pulmonar associada ao uso de produtos vaping no Brasil nas últimas semanas (EVALI, na sigla em inglês), informa a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Segundo a entidade, os pacientes usaram cigarro eletrônico com tetrahidrocanabinol (THC) em dispositivos adquiridos nos Estados Unidos.

Diante deste dado relevante, a SBPT sugere aos pneumologistas e clínicos em geral que utilizem os critérios diagnósticos e classificatórios divulgados pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC) descritos nesta comunicação.

Os sintomas respiratórios da EVALI costumam incluir tosse, dor torácica e dispneia. Também são comuns sintomas gastrointestinais, como dor abdominal, náuseas, vômitos e diarreia e sintomas inespecíficos, como febre, calafrios e perda de peso.

As alterações nos exames de imagem também são inespecíficas, com predomínio das consolidações e/ou vidro fosco em ambos os pulmões. O aumento dos leucócitos, do PCR e das enzimas hepáticas também é frequente.

O tratamento consiste na suspensão do uso do cigarro eletrônico, medidas de suporte clínico, incluindo oxigênio e, quando necessário, ventilação não invasiva ou invasiva.

O uso dos antivirais e/ou antimicrobiano é reservado para os pacientes com suspeita de infecção concomitante.

A EVALI é facilmente confundida com a doença respiratória causada pelo vírus influenza e, nessa situação, o paciente deve receber antiviral precocemente e colher exames para confirmação desse diagnóstico.

Os pacientes dispneicos ou com saturação de oxigênio inferior a 95%, com comorbidades ou outros fatores, a critério do médico assistente, devem ser internados. Os pacientes ambulatoriais devem ser reavaliados dentro de 24 a 48h.

O corticoide sistêmico pode ser útil em pacientes hospitalizados. No entanto, seu papel ainda não foi avaliado nos pacientes ambulatoriais.

Critérios de classificação para casos de EVALI

CONFIRMADO
Uso de e-cig nos últimos 90 dias
Consolidações na radiografia ou vidro fosco na tomografia de tórax.
Ausência de diagnósticos alternativos, como:
Doenças cardiológicas, reumatológicas, neoplásicas, etc.
Doenças infecciosas – fazer no mínimo painel viral negativo e PCR influenza (se indicado). Outros testes (antígenos, culturas, HIV), quando indicados, devem ser negativos.

PROVÁVEL
Uso de e-cig nos últimos 90 dias.
Consolidações na radiografia ou vidro fosco na tomografia de tórax.
Ausência de diagnósticos alternativos não infecciosos. Identificação de infecção através de cultura ou PCR, mas os médicos assistentes não acreditam que esta seja única causa da doença respiratória.

A comercialização, importação e propaganda de todos os dispositivos eletrônicos para fumar são proibidas no Brasil, por meio da Resolução de Diretoria Colegiada da Anvisa: RDC nº 46, de 28 de agosto de 2009.

A SBPT solicita que casos suspeitos e confirmados sejam enviados para o e-mail: sbpt@sbpt.org.br para posterior encaminhamento e registro em agências nacionais.

Pesquisadores estudam lesão pulmonar causada por cigarro eletrônico

Pesquisadores nos Estados Unidos afirmam que danos nos pulmões de pessoas que sofrem de uma doença respiratória, possivelmente relacionada a cigarros eletrônicos, parecem aqueles provocados pela inalação de substâncias químicas tóxicas.

Os pesquisadores publicaram as descobertas esta semana no periódico New England Journal of Medicine.

Eles analisaram a biópsia de tecidos pulmonares de 17 pacientes, que teriam sofrido lesões nos pulmões devido ao uso de cigarros eletrônicos.

Todos os pacientes apresentavam danos em tecidos pulmonares similares aos causados pela inalação de substâncias tóxicas.

Os estudiosos acrescentaram que não conseguiram determinar uma causa específica por enquanto.

Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, até terça-feira, tinham sido registrados 1.080 casos de lesões pulmonares associadas a cigarros eletrônicos, e 18 mortes.

Alguns estados americanos proíbem a venda de cigarros eletrônicos com substâncias aromáticas. Medidas em outros países incluem a aprovação em setembro, na Índia, da proibição de venda, importação e produção de cigarros eletrônicos.

Com informações da Agência Brasil