Por redação Sechat

Um novo estudo está lançando luz sobre o potencial terapêutico dos canabinoides menos conhecidos no tratamento de várias doenças de pele, incluindo dermatite, psoríase e acne.  

Publicada na revista Molecules, a pesquisa destaca a crescente importância dos canabinoides como agentes terapêuticos em diversas condições dermatológicas, que muitas vezes representam um fardo significativo para a qualidade de vida das pessoas. 

Pesquisadores do Departamento de Química Medicinal da Universidade Médica de Lublin, na Polônia, realizaram uma análise detalhada da literatura existente sobre o uso potencial de canabinoides no contexto de doenças de pele. Compostos como CBDV, CBDP, THCV, CBGA, CBC, CBM e CBN foram examinados, e as descobertas foram promissoras. Os resultados indicaram que essas substâncias derivadas da cannabis podem desempenhar um papel eficaz no tratamento da psoríase, dermatite e acne.  

“Quando olhamos para a pele, nos debruçamos sobre receptores canabinoides como o CB2, responsável por decrescer a descarga de citocinas e outros agentes pró-inflamatórios. Já o CB1, seu agonista, promove um efeito contrário: estimula a inflamação de base”, explica o médico dermatologista Guilherme Marques. 

A pesquisa sugere que os canabinoides menos estudados oferecem uma nova esperança terapêutica para abordar doenças dermatológicas e melhorar a saúde geral dos pacientes. A incorporação deles nas terapias dermatológicas pode proporcionar opções de tratamento inovadoras, impactando positivamente o bem-estar dos pacientes. 

Canabinoides como CBM e CBE também foram identificados como possuindo propriedades anti-inflamatórias, oferecendo alternativas promissoras para a pesquisa científica em doenças específicas. Especificamente, o CBE demonstrou efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes, sugerindo um potencial benéfico no tratamento de doenças dermatológicas. 

Quanto ao THCV, este canabinoide mostrou propriedades promissoras no combate à acne, devido à sua capacidade de regular a produção de sebo, além de exibir propriedades anti-inflamatórias e antibacterianas. Isso o torna um candidato relevante para aliviar a inflamação e combater as bactérias associadas ao desenvolvimento da acne. 

“É preciso lembrar também, que estes canabinoides têm a capacidade de afetar o crescimento do cabelo (especialmente com atuação em CB2, podendo ajudar no crescimento ou mesmo impedi-lo, a depender do estímulo neste receptor), regular a proliferação de queratinócitos na epiderme e até mesmo diminuir a produção de sebo pela glândula sebácea que normalmente está acoplada à unidade pilosa”, destaca Marques.  

Embora haja potencial teórico em condições como dermatite atópica, acne, psoríase e hidradenite supurativa, o médico ressalta que mais pesquisas são necessárias para validar essas teorias e traduzi-las em tratamentos eficazes.  

“As pesquisas devem seguir avaliando o potencial isolado de cada um destes compostos, entretanto sabemos bem que a associação de medicamentos na dermatologia é muito bem-vinda. Devemos lembrar que estamos, acima de tudo, lidando com a saúde e qualidade de vida de nossos pacientes. Para tanto, devemos lançar mão de toda responsabilidade e evitar testes deliberados”, conclui o profissional médico.