Cannabis combate doenças neurológicas com eficácia, mostra estudo da Unicamp

Os pesquisadores reforçam que são necessários mais testes, principalmente em animais e humanos, porém garantem que os resultados preliminares em laboratório são animadores

Publicada em 28/05/2022

capa
Compartilhe:

Por João R. Negromonte com informações de Revista Veja

O estudo, realizado por pesquisadores do Laboratório de Neuroproteômica do Instituto de biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), revela que alguns compostos da cannabis podem auxiliar no tratamento de patologias neurológicas e psiquiátricas.

>>> Participe do grupo do Sechat no WHATSAPP e receba primeiro as notícias

Publicada na última sexta, 27, na revista European Archives of Psychiatry and Clinical Neurosciences, a pesquisa é uma espécie de evolução dos estudos já realizados. Para Daniel Martins de Souza, um dos pesquisadores em entrevista à revista Veja, “já se sabe muito sobre os efeitos dos canabinoides sob os neurônios, contudo, o novo estudo servirá como norte para que os cientistas entendam como essas substâncias atuam nas células da glia.”    

Segundo Martins de Souza, a glia significa cola em grego, porque no passado os cientistas achavam que essas células serviam apenas para ligar os neurônios. Nas últimas duas décadas, no entanto, estudos mostraram que elas têm outras funções. A pesquisa analisou a interação de uma delas, o oligodendrócito, com os canabinoides. 

“Para o neurônio conseguir conversar com outro por meio de impulsos elétricos, ele precisa de um encapamento”, explica o cientista ao se referir ao oligodendrócito, responsável por produzir a bainha de mielina, que recobre os axônios, meio pelo qual os neurônios se comunicam.  

>>> Participe do grupo do Sechat no TELEGRAM e receba primeiro as notícias

Dessa forma, falhas na glia são as prováveis causas desse tipo de doenças, explica Martins de Souza: “A bainha de mielina é destruída, causando, por exemplo, a esclerose múltipla e eventualmente até na doença de Alzheimer. Assim, a bainha de mielina é importante para que o neurônio funcione.”

O trabalho, que ainda está em fase de testes de laboratório, mostrou que os compostos da cannabis promovem a proliferação dos oligodendrócitos e, os estudos com animais e humanos devem confirmar este comportamento, explica o especialista. A pesquisa também mostrou que, com os canabinoides, os oligodendrócitos amadurecem melhor. “Isso abre novas avenidas pra gente investigar potenciais tratamentos de doenças”, completou ele. 

“Descobriu-se que os compostos da cannabis se ligam a receptores no cérebro, que passaram a ser conhecidos como receptores canabinoides. Depois, descobrimos que o nosso organismo produz substâncias que interagem com esses mesmos receptores. Tudo isso é chamado de canabinoide”, explica o pesquisador ao destacar a diferença entre fitocanabinoides (compostos produzidos pela planta) e os endocanabinoide (compostos produzidos pelo nosso corpo).

O estudo, portanto, utilizou tanto compostos extraídos de plantas do gênero cannabis, como o canabidiol, o endocanabinóide e os sintéticos.

>>> Inscreva-se em nossa NEWSLETTER e receba a informação confiável do Sechat sobre Cannabis Medicinal