Cannabis no combate à COVID-19: evidências e perspectivas
Consumidores de cannabis relatam melhores resultados e menor mortalidade, impulsionando a pesquisa sobre o uso medicinal da planta na luta contra o vírus
Publicada em 17/10/2023
Por João Negromonte com informações de High Times
Anos após o auge da pandemia, um estudo inovador trouxe à luz evidências surpreendentes dos benefícios da cannabis para aqueles que tiveram COVID-19. De acordo com os pesquisadores, os consumidores de cannabis afetados pela doença experimentaram "melhores resultados e menor mortalidade" em comparação com os não consumidores.
O estudo, intitulado "Explorando a relação entre o fumo de maconha e a Covid-19", foi apresentado durante uma reunião do American College of Chest Physicians, realizada em Honolulu, Havaí, em 11 de outubro.
Os investigadores analisaram dados da Amostra Nacional de Pacientes Internados, a maior coleção publicamente disponível de informações de saúde de pacientes hospitalizados, que registra cerca de sete milhões de visitas hospitalares anualmente. No total, foram estudados 322.214 pacientes com mais de 18 anos de idade, com 2.603 deles afirmando serem consumidores de cannabis.
Cada paciente consumidor de cannabis foi comparado com um não consumidor, isto é, em uma relação, 1:1, levando em consideração fatores como idade, sexo e 17 outras comorbidades, incluindo doença pulmonar crônica. Surpreendentemente, os consumidores de cannabis experimentaram taxas reduzidas de condições específicas, incluindo intubação, síndrome do desconforto respiratório agudo, insuficiência respiratória aguda, sepse grave com falência de múltiplos órgãos, parada cardíaca hospitalar e mortalidade.
Os pesquisadores sugerem que o uso da cannabis pode estar ligado à inibição da entrada viral nas células e à prevenção da liberação de citocinas pró-inflamatórias, o que pode atenuar a temida síndrome de liberação de citocinas. Essas descobertas levaram os pesquisadores a enfatizar a necessidade de investigações mais aprofundadas sobre a associação entre o uso de maconha e a COVID-19, destacando um tópico de pesquisa para ensaios futuros, especialmente considerando o uso generalizado da cannabis.
Antes do estudo, a classificação federal da cannabis como uma substância controlada de Classe I limitava a pesquisa em potencial sobre seus benefícios para pacientes com COVID-19. Entretanto, com a crescente evidência, a necessidade de reavaliar a classificação da cannabis torna-se evidente, abrindo caminho para novas pesquisas e tratamentos inovadores na luta contra a pandemia.