Cannabis Thinking: painel aborda Brasil, América Latina e Europa

O grande destaque da segunda mesa do palco Revolução 5.0 do Cannabis Thinking foi a riqueza de dados trazida pelos participantes.

Publicada em 27/10/2021

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Por Jacqueline Passos

A segunda mesa do palco Revolução 5.0 do Cannabis Thinking, evento que aconteceu no último sábado, uniu um compilado de dados do mercado de cannabis com o panorama global de outros países. O painel chamado de “#verdequetransforma o contexto - O panorama global da cannabis e o mercado brasileiro” contou com mediação de Alex Lucena, sócio e CIO da The Green Hub, e Barbara Hedler, consultora de inovação e negócios do Grupo Maeté, Marco Algorta, fundador e primeiro presidente da Câmara de Empresas de Cannabis Medicinal do Uruguai e Maria Eugenia Riscala, fundadora e CEO da Kaya Mind como participantes.

O mercado brasileiro

Durante o painel, dados do mercado brasileiro foram fortemente retratados pela CEO da Kaya Mind, primeira startup de pesquisa e dados em cannabis na América Latina. De acordo com Maria, reunir informações de um mercado que ainda não está organizado e, tampouco, legalizado é um grande desafio. O trabalho da Kaya Mind é juntar e organizar essas informações. 

Segundo ela, o mercado brasileiro de cannabis medicinal hoje gira em torno de R$40 milhões. Em 2020, a estimativa média foi de R$37,8 milhões e até agosto de 2021 já atingiu R$46,2 milhões.

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Maria também ressalta que a variedade de produtos, marcas e locais em que são fabricados compromete não só a análise e captação dos dados, como também a escolha de um ou outro medicamento. 

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“Essa é a realidade de um mercado não regulado. Os médicos, que são hoje quem fazem as frentes com os pacientes não têm uma cartilha, não vem com um menu. (...) Então, hoje, quando falamos de produtos, na Kaya Mind temos mais de 800 produtos mapeados que entraram já no Brasil. Não necessariamente todos foram pela Anvisa, mas, com certeza, pela Anvisa tem mais de 600, mas a gente tenta mapear também produtos que a gente sabe que são vendidos, mas que não necessariamente seguem a via da Anvisa.”

Maria Eugenia Riscala

De acordo com os dados da Kaya Mind, o preço médio dos produtos de cannabis medicinal hoje no Brasil é R$ 463,00, sendo que o mais barato custa abaixo de R$ 100,00 e o mais caro chega a passar dos R$ 10.000,00. Para ela, é bem raro encontrar mercados que tem uma variedade tão grande de produtos e uma discrepância de valores tão grandes. 

Sobre os medicamentos vendidos em farmácias

Quando falamos em medicamentos vendidos em farmácias, como o Mevatyl e o Canabidiol da Prati-Donaduzzi, esse mercado movimentou em 2020, R$ 4,7 milhões. Em 2021, avaliando até o mês de agosto, os valores já batem R$15,1 milhões, ou seja, o mercado triplicou pois houve a inserção de um novo produto com concentração menor dos que os vendidos anteriormente. 

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“Claro que não é só esse produto, os produtos que eram vendidos na farmácia também cresceram, mas o que a gente vê é que no Brasil colocar produtos caríssimos também não vai dar certo. Porque a população ainda está conhecendo esses produtos, então mesmo que você tenha uma condição médica muito séria a ser tratada, é muito difícil você pagar R$ 3.000,00 em um frasco. Você tem que ter muita certeza que esse é o tratamento que você precisa.”

Maria Eugenia Riscala

Sobre a América Latina

Marco Algorta estava representando a América Latina no painel e contou um pouco sobre a história da legalização da cannabis no Uruguai. A lei, que foi aprovada às pressas em 2013, foi legitimada como uma resposta para o narcotráfico, já que o governo queria continuar tendo o país como um dos mais seguros da América Latina. 

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“Isso marca muito o Uruguai, porque obviamente que estamos aqui falando de indústrias, mas na verdade a lei do Uruguai tem essa base de resposta à violência do narcotráfico e foi um pouco o que marcou, porque o Uruguai foi o primeiro país do mundo a legalizar e é o único que o modelo começa com o uso adulto e depois passa para o medicinal.”

Marco Algorta

Segundo ele, a América Latina realmente vai ser um enorme polo da cannabis, inclusive porque Uruguai e Colômbia exportam flores de cannabis para a Alemanha. O que traz grandes oportunidades para o setor, não só nacional, como internacional. Sobre o mercado brasileiro, Marco teceu elogios, dizendo que aqui há uma grande acessibilidade da cannabis para pacientes, mesmo sendo regulado por uma lei federal. 

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Na Europa

Devido à sua vivência na Europa, Barbara Hedler foi a escolhida para falar sobre o panorama da cannabis no continente europeu. Segundo ela, a Alemanha é o maior mercado da Europa, com 120 mil pessoas sendo tratadas com cannabis, o que representa 300 mil receitas sendo prescritas anualmente. A expectativa de crescimento para este setor na Europa é de 3,2 bilhões de euros até 2025, o que representa 67% de aumento.

O segundo maior mercado é a Itália e o mais antigo e maior exportador é a Holanda, uma vez que já existe desde 2003, pois a cannabis já é reconhecida como uma planta medicinal e pode ser prescrita por médicos. Ainda de acordo com a consultora do Grupo Maeté, França e Suíça são países promissores, sendo o último, o mais tecnológico do continente até então. Ela também menciona que existe uma barreira para as empresas do mercado fármaco europeu, pois estas indústrias precisam ter a certificação GMT (Good Manufacturing Practice) da União Europeia, uma documentação bastante cara.

Todos os dados apresentados no painel demonstram a grandiosidade do mercado da cannabis e as inúmeras oportunidades que já estão na mesa, seja no Brasil, na América Latina ou em qualquer outro lugar do mundo. 

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