Atendimento profissionalllll ????: enfermeiros, psicólogos, farmacêuticos, médicos e assistentes sociais, todos em prol do cuidado ao paciente de Cannabis

Búzios é um dos primeiros municípios no Brasil a oferecer um atendimento integrado e multiprofissional para garantir o acesso à informação e prescrição dos medicamentos à base de Cannabis de forma gratuita

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No tranquilo município de Búzios, no estado do Rio de Janeiro, começa uma revolução no sistema único de saúde em relação aos cuidados e tratamentos de pacientes dentro do espectro autista, com TDAH e epilepsia. Com um olhar voltado para a saúde pública de qualidade, o município abraçou a prescrição e dispensação de óleo de Cannabis rico em CBD, como uma alternativa eficaz comparado ao tratamento tradicional. Hoje, mais de 200 crianças e adolescentes são atendidas e os resultados têm sido notáveis. Tudo isso, graças ao Sistema Único de Saúde (SUS). 

 

Grupo de pessoas posando para foto

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Búzios tem orgulho de ser o primeiro município no Brasil a oferecer um atendimento integrado e multiprofissional para garantir o acesso à informação e prescrição dos medicamentos à base de Cannabis de forma gratuita e acolhedora. 

 

Em um sábado ensolarado sob a batuta do neuropediatra Dr. Eduardo Faveret, uma equipe composta por médicos, farmacêuticos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, profissionais administrativos e outros especialistas trabalharam em conjunto para proporcionar um cuidado completo e personalizado às pessoas que dependem dos derivados da planta para melhorar sua qualidade de vida. A variedade de profissionais que atuaram em Búzios no mutirão foi um dos principais motivos para o sucesso desse atendimento. Essa abordagem holística permite uma individualização do cuidado, levando em consideração as diversas necessidades de cada paciente. Além disso, reconhece a importância de abordar não apenas os aspectos físicos, mas também os psicológicos, emocionais e culturais de cada família.

 

No contexto atual, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais desempenham papéis fundamentais. Seu objetivo é compreender e acolher as necessidades, angústias e dúvidas das famílias envolvidas, sendo os enfermeiros os que mantêm um contato mais próximo com os pacientes. Além de fornecerem suporte emocional, psicológico e cuidados de saúde, esses profissionais humanizam o cuidado e aproximam a comunidade das políticas públicas de saúde. 

 

Foto em preto e branco de pessoas em pé

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Por meio de técnicas terapêuticas, eles auxiliam no enfrentamento de questões emocionais, oferecem estratégias de enfrentamento e contribuem para o desenvolvimento de habilidades sociais e de autogerenciamento. Compreender a dimensão psicológica é essencial para promover o bem-estar integral das crianças e suas famílias. Além disso, os assistentes sociais têm a responsabilidade de conectar as famílias a programas sociais e políticas públicas que possam melhorar sua qualidade de vida.

 

O envolvimento de diversos profissionais foi crucial para um atendimento de excelência em Búzios. Por exemplo, os enfermeiros realizam busca ativa e orientam os pacientes sobre o uso adequado dos medicamentos, visando garantir sua segurança. Eles também propõem estratégias de educação em saúde domiciliar, respondem a perguntas e oferecem apoio contínuo, com uma visão integrada do cuidado. 

 

Os psicólogos, por sua vez, auxiliam os pacientes com questões emocionais complexas, como ansiedade, depressão e estresse relacionados à doença. Utilizando técnicas terapêuticas, eles promovem o equilíbrio emocional e buscam melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Já os assistentes sociais desempenham um papel fundamental ao ajudar os pacientes e suas famílias a acessarem os recursos disponíveis, como apoio financeiro e transporte, levando em consideração o contexto familiar e as necessidades específicas.

 

O consultório farmacêutico

 

Os farmacêuticos Aline Cipriano, Pamela Afonso, Ygor Jessé e eu chegamos ao centro de atendimento de Búzios com uma mistura de expectativas e ansiedades. A equipe estava pronta para receber as famílias e dar continuidade ao seguimento farmacoterapêutico. Esse processo vai muito além da simples prática de dispensar o medicamento. É um acompanhamento minucioso dos resultados obtidos após a implementação do plano de cuidado do paciente, realizado pelos diversos profissionais. O farmacêutico, neste momento, não apenas observa a química do bioativo presente no óleo de Cannabis, mas também toda a complexidade medicamentosa desse paciente, formulando abordagens para o cuidado do paciente e de sua família.

 

O seguimento farmacoterapêutico, também conhecido como acompanhamento farmacoterapêutico, é o pilar central da atenção farmacêutica. Nesse modelo de cuidado, o farmacêutico assume um papel ativo no monitoramento do paciente, avaliando a eficácia e segurança do tratamento com o óleo de Cannabis, além de oferecer suporte educacional e emocional às famílias envolvidas. 

 

Pessoas sentadas ao redor de um computador

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Em Búzios, os resultados dessa abordagem integrada foram muito positivos. Crianças e adolescentes puderam encontrar alívio e melhor qualidade de vida, além de esclarecer dúvidas a respeito da Cannabis e de outros medicamentos utilizados em associação. Observou-se uma diminuição nos casos de crises epilépticas, enquanto alguns sintomas relacionados ao autismo e TDAH foram atenuados. A terapia com óleo de Cannabis é uma esperança renovada para essas famílias, especialmente quando aliada a um acompanhamento farmacoterapêutico de excelência durante todo o processo de atendimento.

 

À medida que o projeto de Búzios se expande, a cidade se torna um farol de esperança para outras localidades em todo o país. Os resultados obtidos servem como um exemplo inspirador de como o SUS pode impulsionar a inovação e a excelência na saúde pública. É uma prova de que, quando profissionais de diversas áreas se unem em prol de um objetivo comum, os benefícios para a comunidade são inestimáveis.

 

O mutirão realizado e impulsionado pelo Dr. Eduardo Favaret em Búzios trouxe uma nova perspectiva para o cuidado farmacoterapêutico e reforça o compromisso com a saúde e o bem-estar de todos. Vamos celebrar essa conquista e continuar lutando por uma saúde pública cada vez mais inclusiva e eficiente. Viva o SUS, viva o trabalho transdisciplinar!

 

As opiniões veiculadas nesse artigo são pessoais e de responsabilidade de seus autores.

 

Sobre a autora:

Claudete Oliveira é graduada em Farmácia industrial pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Especialista em gestão e docência no ensino superior e em tecnologia em Cosméticos pela UNIARA (Universidade de Araraquara). Mestre em ciências por Farmanguinhos – FIOCRUZ, na área de produtos naturais, atualmente é doutoranda em Farmanguinhos – FIOCRUZ, com Cannabis medicinal. Coordenadora técnica de beneficiamento da APEPI – Associação de apoio a pacientes e pesquisa em Cannabis medicinal. Professa do curso de pós graduação em Cannabis medicinal na UNYLEYA. Professora de Graduação da Universidade Castelo Branco. Secretária executiva do Grupo de trabalho Técnica do Conselho Regional de farmácia do Rio de Janeiro e sócia do Instituto Huomare.

Imagem do colunista Adriana Russowsky
Adriana Russowsky

Adriana Russowsky integrou o mercado canábico logo nos primeiros anos em que a medicina com Cannabis iniciou no país, pois devido seus estudos aprofundados e acadêmicos de fitoterapia, voltou seu olhar para as terapias com plantas e nutrientes, e utilizou como base sua experiência profissional e estudos em medicina integrativa. Hoje compõe e realiza estratégia os protocolos que desenvolveu e criou, dentro de empresas de comercialização de cannabis e de clínicas canábicas no país, e acredita que devem as instituições científicas e educacionais melhor informar os futuros médicos e outros profissionais desta necessidade de conhecimento, ampliando acredita o correto acesso a comunidade.