Atraso estratégico

Como o Brasil pode vencer no cânhamo industrial

Publicado em 17/03/2024
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A trajetória do Brasil rumo à regulação do cânhamo industrial pode ser reinterpretada sob uma nova ótica: o atraso na adoção de normas específicas não precisa ser visto apenas como uma falha, mas sim como uma oportunidade estratégica para catapultar o país a um patamar de vantagem no cenário global.

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Rafael Arcuri* é advogado, diretor executivo da Associação Nacional do Cânhamo Industrial (ANC), especialista em direito regulatório, mestre e doutorando em direito e políticas públicas e membro da Comissão de Assuntos Regulatórios da OAB-DF | Foto: Arquivo

A história econômica é repleta de exemplos onde países que adotaram tecnologias e práticas de produção mais maduras, beneficiaram-se de erros e acertos já experimentados por pioneiros. No caso do cânhamo, essa abordagem permite ao Brasil absorver e implementar regulamentações testadas e aprovadas, evitando armadilhas regulatórias que outros enfrentaram. Isso não só economiza recursos, mas também acelera a entrada em um mercado em expansão, posicionando o país como um competidor de peso.

No âmbito internacional, o debate sobre o cânhamo industrial abrange temas como sustentabilidade, inovação tecnológica e impacto socioeconômico. A literatura especializada e as discussões em fóruns globais destacam o potencial do cânhamo para revolucionar indústrias, oferecendo alternativas mais sustentáveis a produtos derivados de fontes não-renováveis. O Brasil, ao ingressar nesse mercado com um arcabouço regulatório já informado por essas discussões, tem a chance de liderar em práticas sustentáveis e inovação tecnológica, atraindo investimentos e fomentando um novo setor econômico.

Contudo, é imperativo reconhecer que o Brasil está atrasado na corrida global pela industrialização do cânhamo. Essa demora, apesar de ter suas desvantagens, oferece a chance única de aprender com o exterior e implementar uma regulação que reflita as melhores práticas e lições aprendidas internacionalmente. Este cenário requer um diagnóstico preciso da atual posição do cânhamo no mundo e um esforço coordenado entre os setores governamentais e privados para desenvolver uma estratégia robusta que capitalize sobre este atraso.

O Brasil tem diante de si uma janela de oportunidade para transformar seu atraso na regulação do cânhamo industrial em um trunfo estratégico. Por meio de uma abordagem informada, que aproveite as lições aprendidas em outros mercados, o país pode não só recuperar o terreno perdido, mas também se estabelecer como um líder na nova economia do cânhamo.  

Isso exige uma visão estratégica, coordenação entre os setores público e privado, e um compromisso com a inovação e a sustentabilidade.

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Rafael Arcuri

É advogado, Diretor Executivo da Associação Nacional do Cânhamo Industrial (ANC), especialista em direito regulatório, mestre e doutorando em direito e políticas públicas e membro da Comissão de Assuntos Regulatórios da OAB-DF.