Cannabis Medicinal no Brasil: Uma Década de Evolução

Cannabis Medicinal no Brasil: Uma Década de Evolução

Olhando para o cenário atual da cannabis medicinal no Brasil, é fácil sentir que ainda temos um longo caminho a percorrer em termos de regulamentação, acesso e engajamento social. Mas, se fizermos um retrospecto dos principais acontecimentos dos últimos 1

Publicado em 09/03/2025

A cannabis medicinal, que por muito tempo foi proibida e cercada de tabus, hoje já conta com regulamentações, prescrições médicas e um mercado em crescimento. A sociedade e os profissionais de saúde passaram a conhecer melhor sua aplicabilidade terapêutica, os benefícios para os pacientes e até mesmo o potencial econômico que esse setor pode gerar, inclusive em arrecadação de impostos para o Estado.

No artigo deste mês, vamos apresentar, ano a ano, os eventos mais relevantes que moldaram esse cenário e ajudaram a estruturar esse mercado no Brasil. E, para fechar, traremos algumas curiosidades sobre o tema.

Entender o passado é essencial para compreender o presente e construir um futuro mais justo e sustentável para a regulamentação da cannabis medicinal no Brasil.

Acompanhe e faça parte dessa transformação!

2014

Abril: Primeira brasileira autorizada a importar um produto da cannabis para uso medicinal

O caso de Anny Fischer foi um marco na regulamentação da cannabis medicinal no Brasil, abrindo caminho para outras famílias e contribuindo para mudanças na legislação da Anvisa sobre o tema. A autorização foi concedida em abril de 2014, por meio de uma decisão liminar da Justiça Federal, permitindo a importação do canabidiol (CBD) para o tratamento da síndrome CDKL5, uma condição rara que causa epilepsia refratária.

Setembro: Lançamento do documentário “Ilegal – A vida não espera”.

O documentário Ilegal dirigido por Tarso Araújo e Raphael Erichsen mostra a luta das famílias para acessar o tratamento com a Cannabis Medicinal aqui no Brasil. O documentário foi um divisor de águas na conscientização sobre a cannabis e a necessidade ampliar o debate e o conhecimento da sociedade sobre o tema.

Novembro: Primeira audiência Pública na ANVISA para debater a regulamentação.

A repercussão dos casos de pacientes impulsionou o debate no congresso e na ANVISA. A pressão popular mobilizou para que a ANVISA, pela primeira vez, tomou uma decisão baseada numa solicitação da sociedade e não da indústria farmacêutica.

Dezembro: Criada a primeira associação de pacientes da CANNABIS AMA+ME.

A AMA+ME reúne pacientes e ativistas de diversos estados do país, com o objetivo de facilitar o acesso a tratamentos à base de cannabis medicinal, promover a conscientização sobre seus benefícios terapêuticos e combater o estigma associado ao seu uso. Ainda em dezembro, de forma não oficial, começou a funcionar a ABRACE na Paraíba, que seria regularizada em 2017 e se tornaria a maior associação de pacientes de cannabis medicinal no Mundo.

A Cannabis Medicinal no Brasil ganhou força e velocidade rapidamente e de forma exponencial, isso ocorreu graças à pressão política realizada pelas famílias de crianças especiais junto à ANVISA, CFM e Governo Federal.

2015

Janeiro - Reclassificação do Canabidiol pela Anvisa

Em 14 de janeiro de 2015, a Anvisa retirou o canabidiol (CBD) da lista de substâncias proibidas e o reclassificou como uma substância controlada, permitindo sua importação mediante prescrição médica e autorização da agência. Essa decisão foi motivada pelo crescente número de liminares concedidas a famílias que precisavam do medicamento e pela forte pressão social e científica. Foi um marco regulatório, pois abriu caminho para a legalização progressiva da cannabis medicinal no Brasil.

Maio - Primeira Importação Legal de Canabidiol sem Liminar Judicial

Após a reclassificação do CBD, em maio de 2015, ocorreu a primeira importação legal sem a necessidade de liminar judicial. Pacientes que antes precisavam recorrer à Justiça passaram a obter autorização diretamente da Anvisa. Esse avanço reduziu burocracias e deu legitimidade ao tratamento com derivados da cannabis, beneficiando famílias que dependiam do medicamento para tratar epilepsia refratária e outras condições neurológicas.

Novembro - Primeira Associação Brasileira Consegue Autorização Judicial para Cultivo

Em novembro de 2015, a Abrace Esperança, uma associação de pacientes na Paraíba, obteve na Justiça o direito de cultivar cannabis para uso medicinal. Essa foi a primeira autorização judicial para cultivo no Brasil, permitindo que a Abrace fornecesse extratos de cannabis a seus associados. O caso abriu precedentes para outras associações e reforçou a necessidade de uma regulamentação mais ampla para o cultivo e produção de medicamentos à base de cannabis no país.

Esses três acontecimentos consolidaram as bases para a regulamentação progressiva da cannabis medicinal no Brasil, influenciando diretamente as mudanças que ocorreram nos anos seguintes

2016

Março - Primeira Autorização para Uso de Extrato de Cannabis em um Hospital Público

Em março de 2016, o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (USP) recebeu autorização da Anvisa para usar extrato de cannabis em pesquisas clínicas com pacientes. Esse foi um marco importante porque representou o primeiro estudo oficial em uma instituição pública brasileira, reforçando a aceitação científica da cannabis medicinal. Os resultados dessas pesquisas ajudariam a fundamentar novas regulamentações e a ampliar o acesso aos derivados da planta.

Maio - Primeira Regulamentação da Anvisa para Importação de Produtos à Base de Cannabis

Em 10 de maio de 2016, a Anvisa publicou a Resolução RDC 66/2016, estabelecendo as normas oficiais para a importação de produtos à base de cannabis. Antes disso, cada caso era analisado individualmente, e os pacientes precisavam recorrer à Justiça para conseguir a autorização. A regulamentação trouxe mais clareza e agilidade ao processo, permitindo que médicos prescrevessem esses produtos sem necessidade de decisão judicial, desde que seguissem os critérios da Anvisa.

Dezembro - Primeira Empresa Consegue Autorização para Importar e Comercializar um Produto à Base de Cannabis nas farmácias do Brasil

Em dezembro de 2016, a empresa Prati-Donaduzzi obteve a primeira autorização da Anvisa para importar e comercializar um medicamento à base de canabidiol no Brasil. Isso marcou um avanço na disponibilidade de tratamentos com cannabis no país, pois foi o primeiro produto a ser distribuído em farmácias, tornando-se uma opção mais acessível e regulamentada para os pacientes. Esse evento abriu caminho para a chegada de outros produtos derivados da cannabis ao mercado brasileiro.

Os avanços de 2016 consolidaram as regulamentações iniciadas em 2015 e ampliaram o acesso legal à cannabis medicinal no Brasil, garantindo respaldo científico e regulatório ao tratamento com derivados da planta.

2017

Abril - Primeira Permissão para Importação de Extrato de Cannabis como Matéria-Prima para Medicamentos

Em abril de 2017, a Anvisa autorizou pela primeira vez a importação de extrato de cannabis como matéria-prima para a produção de medicamentos no Brasil. Essa decisão representou um avanço significativo, pois permitiu que empresas nacionais começassem a desenvolver produtos à base de cannabis sem depender exclusivamente da importação de medicamentos prontos. Isso ajudou a reduzir custos e ampliar a oferta de tratamentos no país.

Julho - Associação Abrace Obtém Decisão Judicial para Cultivar Cannabis Medicinal

Em julho de 2017, a Associação Abrace Esperança, na Paraíba, conseguiu uma decisão judicial definitiva autorizando o cultivo, a extração e o fornecimento de derivados de cannabis para seus associados. Essa foi a primeira decisão do tipo no Brasil, criando um precedente importante para outras associações de pacientes que buscavam o direito ao autocultivo coletivo como alternativa à importação cara e restritiva.

Novembro - Inclusão do Canabidiol na Tabela de Procedimentos do SUS

Em novembro de 2017, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) aprovou uma recomendação para que o Sistema Único de Saúde (SUS) incluísse o canabidiol na sua tabela de procedimentos. Embora a distribuição ainda não tenha sido amplamente implementada, essa decisão abriu caminho para o debate sobre a necessidade de fornecimento gratuito de medicamentos à base de cannabis para pacientes de baixa renda. O reconhecimento pelo CNS foi um avanço na luta por equidade no acesso à cannabis medicinal.

Os avanços de 2017 foram fundamentais para consolidar o cultivo legal por associações, permitir o desenvolvimento de medicamentos nacionais e reforçar a necessidade de um sistema público que viabilize o tratamento para todos que necessitam.

2018

Junho - Primeira Autorização Judicial para Cultivo Individual de Cannabis no Brasil

Em junho de 2018, a Justiça concedeu a primeira autorização judicial para um paciente cultivar cannabis para uso medicinal no Brasil. Até então, apenas associações como a Abrace haviam conseguido esse direito. A decisão histórica abriu um novo precedente para que pacientes buscassem o direito ao autocultivo, garantindo acesso contínuo ao medicamento sem depender de importações caras ou de decisões administrativas da Anvisa.

Setembro - Criação da Frente Parlamentar pela Cannabis Medicinal

Em setembro de 2018, foi lançada a Frente Parlamentar pela Cannabis Medicinal e Cânhamo Industrial, reunindo deputados e senadores com o objetivo de debater políticas públicas para regulamentar a cannabis no Brasil. A criação desse grupo no Congresso Nacional marcou o início de uma atuação mais organizada para aprovar leis que garantissem o acesso seguro e legal aos produtos à base de cannabis, tanto para uso medicinal quanto para o desenvolvimento de uma indústria nacional.

Dezembro - Anvisa Autoriza a Primeira Pesquisa Nacional com Cannabis Medicinal

Em dezembro de 2018, a Anvisa concedeu autorização para a primeira pesquisa nacional sobre cannabis medicinal, permitindo que instituições brasileiras estudassem os efeitos terapêuticos dos derivados da planta. A autorização foi um marco para a ciência no Brasil, incentivando a produção de conhecimento nacional sobre a cannabis e ajudando a embasar futuras decisões regulatórias com dados científicos coletados no próprio país.

Os avanços de 2018 foram fundamentais para fortalecer a luta pelo autocultivo, ampliar o debate político sobre a cannabis medicinal e consolidar a pesquisa científica no Brasil, preparando o terreno para regulamentações mais amplas nos anos seguintes.

2019

Abril - Primeira Autorização Judicial para uma Empresa Cultivar Cannabis Medicinal no Brasil

Em abril de 2019, a Justiça Federal concedeu a primeira autorização para uma empresa cultivar cannabis para fins medicinais no Brasil. A decisão permitiu que a empresa DNA Soluções em Biotecnologia, de Brasília, cultivasse a planta para pesquisa e produção de medicamentos. Esse foi um avanço significativo, pois até então apenas associações e pacientes individuais haviam obtido autorização para o cultivo.

Outubro - STF Adia Julgamento Sobre Porte de Drogas para Uso Pessoal

Em outubro de 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) adiou novamente o julgamento do Recurso Extraordinário 635659, que discute a constitucionalidade do artigo 28 da Lei de Drogas, o qual criminaliza o porte de substâncias ilícitas para consumo pessoal. A decisão poderia impactar diretamente pacientes que cultivam cannabis medicinal, mas o adiamento manteve a insegurança jurídica sobre o tema.

Dezembro - Anvisa Aprova Regulamentação para Produtos à Base de Cannabis

Em 3 de dezembro de 2019, a Anvisa aprovou a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 327/2019, que criou regras para a fabricação, comercialização e prescrição de produtos à base de cannabis no Brasil. A norma permitiu que empresas registrassem produtos para venda em farmácias, desde que seguissem critérios rigorosos de controle de qualidade. No entanto, a regulamentação não autorizou o cultivo no Brasil, obrigando as empresas a importar a matéria-prima, o que manteve os custos elevados para os pacientes.

Os avanços de 2019 consolidaram a regulamentação da Anvisa, abriram espaço para empresas ingressarem no setor de cannabis medicinal e mantiveram o debate jurídico sobre o direito ao cultivo no Brasil, preparando o cenário para discussões futuras sobre uma regulação mais ampla.

2020

Abril - Primeira Autorização para Venda de Produtos à Base de Cannabis em Farmácias

Em abril de 2020, a Anvisa concedeu a primeira autorização para a comercialização de um produto à base de cannabis em farmácias no Brasil. O medicamento, fabricado pela empresa Prati-Donaduzzi, foi aprovado dentro das normas estabelecidas pela RDC 327/2019, regulamentação criada no ano anterior. Esse fato foi um marco, pois tornou possível a aquisição legal de um produto derivado da cannabis sem a necessidade de importação, facilitando o acesso dos pacientes.

Junho - Primeira Autorização para Cultivo de Cannabis para Pesquisa Científica

Em junho de 2020, a Anvisa concedeu a primeira autorização para cultivo de cannabis para fins de pesquisa científica no Brasil. A permissão foi dada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, permitindo estudos avançados sobre o uso medicinal da planta. Essa decisão representou um avanço para a pesquisa científica no país e abriu caminho para futuras autorizações.

Outubro - Justiça Concede Autorização Coletiva para Cultivo à Associação APEPI

Em outubro de 2020, a Justiça do Rio de Janeiro concedeu à Associação de Apoio à Pesquisa e Pacientes de Cannabis Medicinal (APEPI) o direito de cultivar cannabis e produzir óleo medicinal para seus associados. Essa foi uma das decisões mais importantes para o movimento associativo no Brasil, pois permitiu que mais pacientes tivessem acesso ao tratamento a um custo reduzido, sem depender exclusivamente da importação ou compra em farmácias.

Os avanços de 2020 consolidaram a venda de produtos à base de cannabis em farmácias, impulsionaram a pesquisa científica no Brasil e fortaleceram a atuação das associações, ampliando o acesso ao tratamento para um maior número de pacientes.

2021

Março - Primeira Exportação de Produtos à Base de Cannabis Produzidos no Brasil

Em março de 2021, o Brasil realizou sua primeira exportação de um produto à base de cannabis para outro país. A empresa NuNature, autorizada pela Anvisa, enviou um lote de extratos de cannabis para o Paraguai. Esse foi um marco importante para o setor, pois demonstrou o potencial da indústria nacional de cannabis medicinal e abriu caminho para futuras exportações.

Junho - Primeira Autorização para Cultivo de Cannabis para Pesquisa em uma Instituição Pública

Em junho de 2021, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) recebeu autorização da Anvisa para cultivar cannabis para fins de pesquisa científica. Essa foi a primeira permissão concedida a uma instituição pública, o que representou um avanço significativo para o estudo dos efeitos medicinais da planta no Brasil. A decisão fortaleceu a base científica nacional e permitiu avanços na produção de evidências para futuras regulamentações.

Novembro - Aprovação do Projeto de Lei do Cultivo da Cannabis na Comissão Especial da Câmara

Em novembro de 2021, a Comissão Especial da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 399/2015, que propunha a regulamentação do cultivo da cannabis para fins medicinais e industriais no Brasil. Embora o projeto ainda precisasse passar por novas votações, sua aprovação na comissão foi um grande passo para a criação de um marco regulatório mais amplo, permitindo que empresas, associações e pesquisadores cultivassem cannabis de forma legal no país.

Os avanços de 2021 demonstraram a crescente aceitação da cannabis medicinal no Brasil, com maior participação da indústria nacional, fortalecimento da pesquisa científica e avanços na regulamentação do cultivo.

2022

Março - Primeira Farmácia de Manipulação Autorizada a Produzir Derivados de Cannabis no Brasil

Em março de 2022, a Anvisa concedeu a primeira autorização para uma farmácia de manipulação produzir e comercializar derivados de cannabis no Brasil. Essa decisão permitiu que pacientes obtivessem medicamentos personalizados, conforme prescrição médica, sem depender exclusivamente dos produtos industrializados ou importados. A novidade aumentou o acesso ao tratamento e reduziu custos para os pacientes.

Junho - Primeira Decisão do STJ a Favor do Autocultivo Individual de Cannabis Medicinal

Em junho de 2022, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) tomou uma decisão inédita a favor do autocultivo de cannabis para fins medicinais, garantindo habeas corpus para três pacientes que cultivavam a planta para seu próprio tratamento. Essa decisão representou um marco na jurisprudência brasileira, pois estabeleceu um precedente importante para outros pacientes que buscavam na Justiça o direito de plantar cannabis para uso medicinal sem risco de punição.

Agosto - Crescimento do Mercado de Cannabis Medicinal no Brasil

Em agosto de 2022, a Anvisa divulgou que o mercado de cannabis medicinal no Brasil teve um crescimento de 250% em relação ao ano anterior. O número de pacientes autorizados a importar produtos derivados da cannabis atingiu um novo recorde, e cada vez mais médicos passaram a prescrever esses tratamentos. Esse crescimento refletiu o avanço na aceitação da cannabis medicinal no país, além do impacto positivo das regulamentações aprovadas nos anos anteriores.

Os avanços de 2022 consolidaram o acesso aos tratamentos com cannabis, fortaleceram a segurança jurídica para pacientes que cultivam a planta e demonstraram o crescimento do mercado brasileiro nesse setor.

2023

Novembro - Número de Pacientes em Tratamento com Cannabis Medicinal Atinge Recorde

Em novembro de 2023, o Brasil registrou um aumento significativo no número de pacientes utilizando tratamentos à base de cannabis medicinal, atingindo a marca inédita de 430 mil pessoas. Esse crescimento reflete a maior aceitação e confiança nos benefícios terapêuticos da cannabis para diversas condições de saúde. 

Dezembro - Avanços na Regulamentação e Pesquisa sobre Cannabis Medicinal

Ao longo de 2023, houve avanços significativos na regulamentação e na pesquisa sobre cannabis medicinal no Brasil. Diversos despachos foram realizados com desembargadores e juízes, além de sustentações orais em segunda instância, visando esclarecer ao judiciário que estabelecimentos especializados são alternativas seguras e controladas para fornecimento de produtos manipulados de cannabis. 

Por ter sido um ano de politicamente complicado no Brasil, o assunto teve poucos avanços estruturantes em 2023.

2024

Novembro - STJ Autoriza Cultivo de Cannabis para Fins Medicinais

Em novembro de 2024, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou a importação de sementes e o cultivo de cannabis exclusivamente para fins medicinais, farmacêuticos e industriais. A decisão também estabeleceu um prazo de seis meses para que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamentasse a questão, abrindo caminho para o desenvolvimento da indústria nacional e ampliando o acesso dos pacientes aos tratamentos. 

Novembro - Inclusão do Canabidiol no Sistema Único de Saúde (SUS) em São Paulo

Em 2024, o estado de São Paulo incluiu o canabidiol na lista de medicamentos fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), permitindo que pacientes tivessem acesso gratuito a tratamentos à base de cannabis. Essa medida pioneira serviu como referência para outras regiões do país, ampliando o acesso e reduzindo custos para os pacientes. 

Novembro - Número de Pacientes em Tratamento com Cannabis Medicinal Atinge Novo Recorde

Em 2024, o Brasil atingiu a marca de 672 mil pacientes em tratamento com cannabis medicinal, um aumento de 56% em relação ao ano anterior. Esse crescimento expressivo demonstra a crescente aceitação e confiança nos tratamentos à base de cannabis para diversas condições de saúde. 

Novembro - Mercado de Cannabis Medicinal Movimenta R$ 852 Milhões

O mercado de cannabis medicinal no Brasil movimentou R$ 852 milhões em 2024, representando um crescimento de 22% em relação a 2023. Esse avanço reflete o aumento da demanda e a consolidação do setor no país, com expectativas de atingir R$ 1 bilhão até o final de 2025. 

Esses acontecimentos em 2024 evidenciam o avanço contínuo da cannabis medicinal no Brasil, tanto em termos de regulamentação quanto de acesso e aceitação pela sociedade.

2025

Fevereiro - STJ Mantém Prazo para Anvisa Regulamentar Cultivo de Cannabis Medicinal

Em fevereiro de 2025, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou o pedido da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da União para estender o prazo de regulamentação do cultivo de cannabis para fins medicinais, farmacêuticos e industriais de seis para doze meses. Com essa decisão, a Anvisa deve estabelecer as normas até maio de 2025, conforme determinado anteriormente. 

Fevereiro - Embrapa Anuncia Programa de Pesquisa para Cultivo de Cannabis

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) lançou um programa de pesquisa de 12 anos focado no cultivo de cannabis. O objetivo é realizar o melhoramento genético da planta, adaptá-la às condições climáticas brasileiras e estabelecer polos regionais de produção. Diversas empresas, nacionais e internacionais, já demonstraram interesse em parcerias, visando aplicações que vão desde a medicina até produtos alimentícios e benefícios ambientais. 

Fevereiro - Anvisa Anuncia Liberação da Manipulação de Cannabis Medicinal em Farmácias

A Anvisa anunciou a liberação para que farmácias de manipulação possam produzir e comercializar medicamentos à base de cannabis. Essa medida visa ampliar o acesso dos pacientes a tratamentos, permitindo que farmácias autorizadas manipulem produtos conforme prescrições médicas específicas. A deliberação sobre o texto de consulta pública, que permitirá a participação social, deve ser pautada nas primeiras reuniões da diretoria colegiada da Anvisa, a partir do início de fevereiro de 2025. 

CURIOSIDADES DA CANNABIS MEDICINAL NO BRASIL

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Habeas Corpus – autocultivo

Cidinha Carvalho, de São Paulo, e Margarete Brito, do Rio de Janeiro, foram pioneiras na obtenção de habeas corpus para o cultivo de cannabis medicinal no Brasil, ambos concedidos em 2016.

Cidinha Carvalho e seu marido, Fábio, obtiveram em 2016 um habeas corpus que lhes permitiu cultivar cannabis e extrair o óleo em casa para o tratamento de sua filha, Clárian, que sofre da síndrome de Dravet, uma forma rara e grave de epilepsia.

Margarete Brito e seu marido, Marcos Lins Langenbach, também receberam em 2016 um habeas corpus que autorizou o cultivo de cannabis em sua residência para fins medicinais, visando ao tratamento de sua filha, Sofia, portadora de uma doença rara, CDKL5, que causa crises epiléticas severas.

Cannabis Medicinal na veterinária

A autorização para que médicos veterinários prescrevessem produtos à base de cannabis no Brasil foi oficializada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 30 de outubro de 2024.

Antes dessa data, a prescrição por veterinários não era regulamentada, e profissionais que o faziam corriam risco de penalidades. Com a nova regulamentação, médicos veterinários habilitados pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) podem prescrever esses produtos de forma segura e legal. 

Cannabis medicinal na odontologia

Em abril de 2022, a Anvisa ajustou sua plataforma de autorização para importação de canabidiol, passando a incluir a odontologia no cadastro de prescritores. Essa mudança permitiu que dentistas pudessem prescrever e importar produtos à base de cannabis para tratamentos odontológicos, ampliando as opções terapêuticas disponíveis na área. 

Os Primeiros Dentistas a Prescreverem o Canabidiol

A Dra. Endy Lacet e o Dr. Guilherme Martins, são reconhecidos como os primeiros dentistas no Brasil a utilizar a terapia canabinoide na odontologia, ambos iniciando essa prática em 2015.

Supremo Tribunal Federal e a Cannabis Medicinal

Em agosto de 2023, a Abrace garantiu uma vitória significativa no Supremo Tribunal Federal (STF), assegurando o direito de plantar, colher, manusear, produzir e entregar produtos à base de cannabis para seus associados. Essa decisão consolidou a posição da associação como referência nacional no fornecimento de tratamentos com cannabis medicinal. 

Inauguração do Primeiro Museu da Cannabis do Brasil

Em abril de 2023, a Abrace inaugurou o primeiro Museu da Cannabis do Brasil, localizado em João Pessoa. O espaço tem como objetivo educar e informar o público sobre a história e os benefícios terapêuticos da planta, contribuindo para a desmistificação e conscientização acerca do uso medicinal da cannabis. 

Cannabidiol de Graça – SUS

Atualmente 15 estados Brasileiros já aprovaram leis que autorizam a distribuição gratuita de medicamentos à base de cannabis, sendo eles: Acre, Alagoas, Amapá, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, São Paulo e Tocantis.

É importante registrar que cada Estado possui regulamentação diferenciada para a implementação e distribuição dos medicamentos.

Potencial Econômico

Mercado de Cannabis Medicinal no Brasil Prevê Faturamento de R$ 1 Bilhão.

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Projeções indicam que o mercado de cannabis medicinal no Brasil deve atingir um faturamento de R$ 1 bilhão em 2025. Esse crescimento é impulsionado pela maior conscientização sobre os benefícios terapêuticos da planta e pelo avanço das regulamentações no país. Em 2024, o número de pacientes que utilizam medicamentos à base de cannabis cresceu 56%, atingindo 672 mil pessoas. 

Escreva nos comentários que outros fatos aconteceram nos últimos 10 anos que contribuíram para o avanço do uso da Cannabis Medicinal no Brasil, ajude-nos a deixar esse levantamento mais rico.

Sucesso sempre!
Norberto Fischer

Imagem do colunista Norberto Fischer
Norberto Fischer

Norberto Fischer é pai de Anny Fischer, primeira brasileira autorizada legalmente a importar o extrato da maconha para uso medicinal. Tornou-se articulador político no Brasil, com repercussão internacional, destacando-se no ativismo pelo direito ao acesso, distribuição pelo SUS, custeio dos tratamentos pelos planos de saúde, plantio e produção nacional por empresas, ONGs e autocultivo.