Nova forma de consumir Cannabis medicinal promete efeito mais rápido e potente

Nova forma de consumir Cannabis medicinal promete efeito mais rápido e potente

Pesquisadores em Israel desenvolvem uma nova formulação de cannabis medicinal em pó solúvel que oferece absorção mais rápida e potente de THC e CBD. Estudo clínico mostra resultados promissores para alívio rápido de sintomas como dor, ansiedade e convulsõ

Publicado em 13/07/2025

Imagine poder utilizar medicamentos à base de canabidiol (CBD) e Tetrahidrocanabinol  (THC) pela via oral e obter seus efeitos terapêuticos mais rapidamente, com menor dose e maior segurança. Essa é a proposta de uma formulação desenvolvida por pesquisadores em Israel: um pó solúvel em água contendo canabinoides. Esta formulação demonstrou ser mais eficaz do que os óleos tradicionais.

No estudo clínico, quatorze voluntários saudáveis (3 homens e 11 mulheres) participaram de um teste comparando duas formas de consumo: o óleo sublingual e o novo pó contendo THC/CBD. Cada participante tomou uma única dose de 8 mg de THC e 8 mg de CBD em cada uma das formulações, com um intervalo de 30 dias entre elas. Os pesquisadores coletaram amostras de sangue após a administração dos medicamentos para avaliar como o corpo absorvia os canabinoides e entender qual o tempo necessário para que a concentração máxima fosse atingida, e qual era essa concentração.

Os resultados foram impressionantes! Os canabinoides da formulação em pó foram absorvidos mais rapidamente e em maiores quantidades. Por exemplo, o pico de concentração de THC no sangue foi quase três vezes maior com o pó solubilizado, e atingido em menos de uma hora, bem inferior ao das gotas sublinguais. O mesmo aconteceu com o CBD e seus metabólitos ativos.

Além da eficácia, a nossa apresentação farmacêutica foi bem tolerada e não apresentou efeitos adversos importantes.

É importante entender que, apesar dos bons resultados, o estudo foi realizado com um grupo pequeno de voluntários saudáveis, portanto para que esses dados possam sustentar políticas públicas ou aplicações clínicas mais amplas, é essencial que outros estudos sejam conduzidos, com uma população maior, melhor distribuição de gêneros e idades. Além disso, os resultado de farmacocinética não podem ser extrapolados para eficácia clínica, uma vez que desfechos clínicos não foram avaliados.

Para quem usa Cannabis medicinal e precisa de efeito rápido, como em crises de dor, ansiedade ou convulsões, essa inovação pode representar um avanço significativo. Outro ponto relevante, com maior absorção, doses menores podem ser usadas, o que reduz os custos e o risco de efeitos indesejados.

Esse tipo de formulação ainda não está disponível comercialmente, mas estudos como esse mostram demonstram que o futuro dos produtos à base de Cannabis depende de ciência, precisão e segurança, essenciais para que mais pessoas tenham acesso a terapias eficazes e baseadas em evidências.

Imagem do colunista Priscila Gava Mazzola
Priscila Gava Mazzola

Priscila Gava Mazzola*, é professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual de Campinas (FCF/Unicamp). Formada pela USP/SP, com doutorado em tecnologia-bioquímica farmacêutica e habilidades aprimoradas no MIT. Dra. Priscila também é especialista em medicamentos tópicos e transdérmicos, utilizando em seus trabalhos ativos naturais (inclusive resíduos) e sintéticos. Atualmente explora os poderes terapêuticos da cannabis medicinal, desenvolvendo novos medicamentos para ampliar o arsenal terapêutico nacional.