Qual a relação da boca com a degeneração lombar em idosos?
Entenda como a cannabis pode ser uma aliada
Publicado em 17/03/2024Antes de começar a matéria, gostaria de desejar a todos vocês leitores um próspero, saudável e feliz 2024, afinal essa é minha primeira coluna do ano que se inicia. E já quero começar agitando!
Já escrevi em matérias anteriores que a boca é a maior cavidade do corpo humano em comunicação com o meio externo e, por isso, ela é responsável por inúmeras doenças sistêmicas. Além disso, as taxas de envelhecimento precoce crescem a cada dia, vide estudo realizado pelo Censo 2022 no Brasil.
Temos visto através de artigos e estudos, doenças oriundas das bactérias que habitam a cavidade oral e nosso periodonto, e que através da saliva e deglutição são levadas ao nosso organismo.
Recentemente li um artigo muito interessante, realizado na China, sobre a importância da ação microbiana da periodontite em pacientes idosos, relacionada as falhas estruturais do disco intervertebral.
A periodontite é uma infecção bacteriana dos tecidos, ligamentos e ossos específicos que envolvem e sustentam os dentes, coletivamente conhecidos como periodonto.
O estudo foi realizado em 141 adultos em uma faixa etária de 75 anos e acima, que apresentavam degeneração lombar e por consequência problemas no disco intervertebral.
Segundo o artigo a dor lombar ou lombalgia e uma das principais características das doenças degenerativas lombares, que trazem perda e incapacidade produtiva aos pacientes. E dentro dos mais variados tipos de lombalgia a mais comum é a degeneração do disco intervertebral que pode ser desencadeada por vários fatores tais como:
Envelhecimento, genética, carga mecânica, fumo, obesidade, transporte inadequado de metabólitos, e a inflamação que é um dos fatores mais preocupantes.
Nesse estudo verificaram a presença de uma bactéria chamada Propionibacterium acnes (P. Acnes) na infeção do disco intervertebral e consideram que a mesma tenha sido o gatilho da inflamação. A bactéria P. Acnes é um dos responsáveis pela inflamação da gengivite e periodontite. Esse mesmo patógeno pode desencadear diversas outras doenças na pele, vias aéreas, olhos, válvulas cardíacas, articulações etc, afinal, vivem em locais distintos dentro da cavidade oral e se comunicam com nosso corpo sistemicamente.
A invasão bacteriana que ocorreu nos discos desregulou a resposta inflamatória local e/ou sistêmica, que estimula a secreção de citocinas inflamatórias e induz fenótipos pró-inflamatórios de células imunes. Com isso, houve um aumento da inervação dos discos intervertebrais degenerativos e essas respostas em cascata resultaram na amplificação da dor e na transmissão de sinais de dor nos gânglios da raiz dorsal e no cérebro.
Com isso concluímos o quão importante é a prevenção e o cuidado bucal e o quanto tem que ser enfatizado pelos profissionais da saúde e priorizado pelos pacientes em qualquer faixa etária.
O que me alegra nisso tudo, é que hoje temos ao nosso alcance e de nossos pacientes, a cannabis medicinal que ira atuar na dor, no controle bacteriano e em várias patologias bucais devido suas propriedades, anti-inflamatórias, analgésicas, antimicrobianas, ansiolíticas e neuroprotetoras, para que possamos minimizar e ou evitar uma série de doenças oriundas do periodonto ou não.
Os tratamentos podem ser através dos óleos sublinguais ou cápsulas no uso sistêmico, e nas apresentações tópicas como as pastas dentais, os enxaguantes bucais, sprays, com todos canabinoides e terpenos na composição.
Afinal a saúde começa pela boca!
É cirurgiã-dentista, formada há 31 anos pela UNITAU, pós-graduada em Periodontia, Implante e Pediatria. É dentista do CECMedic (Centro de Excelência Canabinoide) e membro da SBEC (Sociedade Brasileira de Estudos da Cannabis) e professora da Sechat Academy.