Conheça os pilares da primeira frente parlamentar da cannabis no Brasil

Em entrevista exclusiva para o Sechat, o Dep. Sergio Victor (NOVO), conta um pouco mais sobre os caminhos que a frente pretende tomar em relação a cannabis no país

Publicada em 03/11/2021

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Por João R. Negromonte

Nascido no Vale do Paraíba em SP, mais especificamente em Taubaté, Sergio Victor é Deputado Estadual pelo partido NOVO. Formado em Economia e Administração de Empresas pela Bellarmine University, nos Estados Unidos, e Master em Marketing pela ESPM-SP, o parlamentar tem no empreendedorismo o seu alicerce.

"Comecei com uma franquia em São José dos Campos, de uma escola de cursos profissionalizantes na área da beleza, voltada para pessoas com o objetivo de montar seu próprio negócio ou aumentar sua renda. Desde então, vi na prática o poder que a educação e o empreendedorismo têm de mudar a vida das pessoas. Com muita dedicação e persistência, em três anos cresci para seis empresas: três unidades da escola da área de beleza, duas unidades de faculdade e uma barbearia, localizadas na minha região", diz o Sérgio.

Desburocratizar é importante

Enquanto Deputado, sempre busco trabalhar para acabar com as burocracias, que com muita frequência atrapalham até para conseguir um tratamento adequado para nossas necessidades, por exemplo.

Sergio Vitor
Dep. Sergio Victor em visita ao polo de impacto cívico socioambiental (Foto: João R. Negromonte)

Por intermédio de alguns amigos, Sergio conheceu o universo da cannabis medicinal no Brasil e, imediatamente, se envolveu com o tema. Com as provocações recebidas, tirou três semanas para se aprofundar e adquirir mais conhecimento.

"Assistindo todos os documentários e acompanhando várias das pessoas ligadas à pauta, fiquei por dentro de praticamente tudo que está acontecendo nesse meio, por isso, dali em diante foi um caminho sem volta", reforça o Deputado.

Juntamente com Bruno Pegoraro, um dos fundadores do Instituto de Pesquisas Sociais e Econômicas da Cannabis (Ipsec), foi formada a primeira frente parlamentar do Brasil, que tem como principais pilares o diálogo, o engajamento, regulamentação e a fomentação de pesquisas com a cannabis, com objetivo de levar até as pessoas informações de qualidade para que todos possam desmistificar ideias que vão na contra mão da ciência.

Confira a entrevista exclusiva:

Sechat - Com a frente parlamentar atuando, quais as expectativas para o futuro? Você acredita que que o Brasil pode alcançar um status de grande mercado com uma possível regulamentação da cannabis medicinal nos próximos anos? Entretanto, seria um pensamento otimista demais no seu ponto de vista?

Primeiramente a regulamentação da cannabis é um caminho sem volta. Vários outros países já fizeram e o Brasil não vai ficar de fora. O desafio é acelerar esse processo. Quanto mais pessoas debatendo sobre esse tema, antes conseguimos boas oportunidades. A gente sabe que o Brasil tem uma tendência em perder boas oportunidades, então temos que trazer todo time pra campo e acelerar esse processo. Que vai acontecer vai, só não sabemos quando.

Sergio Victor

Sechat - Quais são os principais entraves? O que pode atrasar essa regulamentação?

Pra mim sinceramente é mais falta de conhecimento e preconceito. Então, primeiro temos que deixar bem claro os benefícios do tratamento e depois mostrar que pra gente liberar o acesso, temos que facilitar o plantio, mas que beneficie à todos que precisam. Não podemos criar um monopólio, tem que haver uma democratização. Pra isso, os dados tem que ser claros, a permissão do plantio, não indica que haverá mais tráfico por exemplo.

Sergio Victor

Desmistificando preconceitos

Sechat - Esse preconceito que as pessoas ainda tem em relação a cannabis, no seu entendimento, é por falta de informação, por acesso a ela ou simplesmente por haver um interesse político por trás desse mercado?

Bom, eu acho que um pouco de cada coisa. Com certeza tem quem faça palanque para se promover em cima do tema e, é muito difícil reverter a opinião dessas pessoas. Porém, temos que encontrar quem está ali somente por falta de conhecimento. Sabemos que 78% da população no país aprova o uso medicinal da cannabis, mas poucas realmente fazem o tratamento. Por isso, quanto mais pessoas conhecerem os benefícios que a planta pode trazer, mais fácil será a adesão à causa.

Sergio Victor

Sechat - Ao seu ver, o mercado da cannabis terá espaço para todos empreenderem, ou as grandes indústrias dominarão e monopolizarão a planta?

Quem acompanha meu trabalho na assembleia, sabe que um dos pilares da minha atuação é o combate a burocracia e, combate a burocracia porque eu quero facilitar que o pequeno produtor consiga se formalizar, consiga ter acesso a crédito e consiga comercializar os seus produtos. Se você considerar que até pra queijo artesanal é difícil, eu imagino que com a cannabis não será diferente.

Sergio Victor

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"Não podemos deixar de lembrar, que a frente estará lutando para a democratização do acesso, ou seja, começamos com a parte medicinal, para pacientes e pessoas que precisam desses medicamentos. Mas não nos esqueceremos do cultivo associativo que também é muito importante", reforça Bruno Pegoraro, que estava presente na entrevista.

Por último, perguntamos:

Sechat - Qual o papel da sociedade civil nesse contexto? Como as "pessoas comuns" podem ajudar vocês, parlamentares, a promover essa pauta?

Quem já comprou a pauta e já se mostra a favor, tem que disseminar e compartilhar com àqueles que ainda são contrários. Portanto, temos que tentar trazer mais pessoas pro nosso lado. Os políticos ouvem os eleitores, a maioria, então, quanto mais vozes se posicionarem à favor, mais fácil será o caminho da aprovação. É obvio que no dia a dia é difícil participar da política, eu sei, até porque eu mesmo não fazia isso, mas na medida do possível, principalmente com as redes sociais, se torna mais fácil apoiar e incentivar os movimentos que trabalham nisso.

Sergio Victor

Legislação atual

Atualmente, a Lei Antidrogas proíbe em todo o território nacional o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas, contudo, há exceção para aquelas plantas de uso exclusivamente ritualístico religioso e no caso de fins medicinais e científicos.