Em entrevista, dr. Pedro Pierro avalia uso da Cannabis medicinal

O doutor Pedro Pierro (D) destaca que os medicamentos são caros no Brasil porque o cultivo da Cannabis medicinal não é permitido, dificultando ainda mais às pessoas de renda baixa o acesso aos produtos

Publicada em 01/10/2020

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Enquanto países como Israel e Canadá regulamentam o uso da Cannabis Sativa de forma medicinal, o Brasil ainda patina nesse assunto, embora tenha avançado liberando o uso medicinal da planta em 2019 para uso como remédio e com prescrição médica. Mesmo assim, o tema ainda é discutido no Congresso Nacional. 

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Em entrevista ao programa Sagres em Tom Maior que foi ao ar nesta terça-feira (29), o neurocirurgião e diretor técnico do Sechat - portal dedicado à maconha medicinal e aos negócios da Cannabis - e do Centro de Excelência Canabinoide, Pedro Pierro, analisou o mau uso da Cannabis no país. “Utilizar a Cannabis fumada, não é um tratamento médico”, disse. “Até porque a maioria das plantas que existem hoje são plantas muito ricas em THC, e isso pode causar dependência. Temos vários casos de pessoas que entraram em desordem psiquiátrica, em euforias, surtos, por conta de excesso (deste tipo de uso).”

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O canabidiol, também conhecido por CBD, é um dos princípios ativos da Cannabis Sativa, nome científico da maconha, e compõe até 40% dos extratos da planta, podendo ser usado como medicamento para diversas doenças. 

Medicamento à base de cannabis que já tem registro no Brasil, sendo comercializado desde 2018 em embalagens com três ampolas de 10ml a um custo médio de R$ 2.700. Já que no Brasil não se pode cultivar a Cannabis medicinal, acaba saindo mais caro a compra pelo fato de o produto ser importado, dificultando assim a aquisição por famílias de renda baixa.  

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Estima-se que o preço do produto nacional seria 20% disso. O uso da maconha medicinal pode ser benéfico em algumas funções, como regular processos fisiológicos e cognitivos, reduzir a sensação de dor, melhorar o humor, a memória e mediar os efeitos farmacológicos de medicamentos. Óleos à base de CBD podem ser receitados para doenças como epilepsia, esclerose múltipla, mal de Alzheimer, mal de Parkinson, ansiedade, dor crônica, fibromialgia, depressão, obesidade, glaucoma, inflamações intestinais, artrite e estresse pós-traumático. 

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O neurocirurgião Pedro Pierro define a ação dos canabinoides no organismo, como sinalizadores. “Eles regulam o que entra nas células, sinalizando à célula anterior aquilo que ele está precisando, então quando você utiliza um canabinoide, você não está tratando simplesmente uma doença, você está tratando o doente, você está reforçando o sistema imunológico, que não só os humanos têm, como os mamíferos também”, avalia.

Fonte: Portal Sagres Online