Hempcare: polícia solta empresários após ouvir depoimentos sobre suspeita de fraude

Consórcio alega que empresa não entregou respiradores e não teria devolvido o dinheiro

Publicada em 07/06/2020

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A Polícia Civil da Bahia soltou na noite de sexta-feira (5) as três pessoas que foram presas, entre elas a CEO da Hempcare, Cristiana Taddeo, na Operação Ragnarok que investiga um suposto esquema de fraude na compra de 300 respiradores chineses para o combate ao Covid-19 estados do nordeste. A compra, que foi feita pelo Consórcio Nordeste, no valor de quase R$ 48 milhões, não foi entregue e nem ressarcida, de acordo com as autoridades.

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Além da CEO, também cumpriam prisão temporária de cinco Luiz Henrique Ramos, sócio da Hempcare, e o empresário Paulo de Tarso, CEO da Biogenergy, empresa que seria a responsável pela fabricação de respiradores nacionais. Os três passaram cinco dias na prisão. Porém, após serem ouvidos, a polícia decidiu soltá-los em vez de pedir novamente a prisão temporária, que, após o prazo também de cinco dias, poderia ser transformada em preventiva pelo Ministério Público e pela Justiça.

Entenda o caso

Na última segunda-feira (5), a Polícia Civil cumpriu uma série de mandatos de busca e apreensão em três estados e o pedido de prisão temporária de três pessoas que estariam, segundo as autoridades, envolvidas num esquema de fraude na compra de 300 respiradores chineses para abastecer hospitais públicos dos estados do nordeste.

Em coletiva de imprensa, o secretário de segurança, Maurício Barbosa, o Consórcio Nordeste procurou a Polícia Civil após suspeitar que as ações da Hempcare não se enquadravam apenas na quebra de contrato. O consórcio alegava que a empresa descumpriu prazos, usava diversas justificativas para o atraso e se recusava a devolver o dinheiro, alegando que o valor havia sido destino à compra de respiradores nacionais.

Porém, o Consórcio não teria autorizado a compra de equipamentos nacionais e, posteriormente, descobriram que os respiradores nacionais oferecidos em troca dos chineses não tinham certificação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e nem do Ministério da Saúde.

O secretário afirmou que uma questão em específico colaborou ainda mais para que o esquema fosse visto como fraudulento. Os respiradores nacionais oferecidos pela empresa em troca dos chineses seriam fabricados pela empresa Biogeoenergy (também alvo da investigação), que é parceira da Hempcare.

Barbosa afirma que foi constatado que a Hempcare já havia entrado em contato com o Governo Federal e governadores de outros estados para vender os respiradores sem as devidas licenças. O que, para o secretário, poderia aumentar o esquema de fraude e que ninguém está autorizado a falar em nome da empresa para prometer produtos.