O plenário do Senado aprovou, nesta quarta-feira (10), a indicação do contra-almirante da Marinha Antonio Barra Torres para ocupar uma das cinco diretorias da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Médico de formação, ele assumirá um mandato de três anos. Foram 61 votos favoráveis, três contrários e duas abstenções.

O novo diretor foi sabatinado na manhã passada na Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Ele afirmou que o principal desafio da agência é dar celeridade às atividades de regulação e defendeu o aprofundamento de estudos para embasar a liberação do uso medicinal do canabidiol, substância extraída da Cannabis sativa, a planta da maconha, e de diversas aplicações medicinais.

Na sabatina do contra-almirante, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) questionou qual o posicionamento do militar sobre o uso medicinal da cannabis e distinguiu o que seria o cultivo caseiro do produto sintetizado. Barra Torres respondeu que considera a questão muito importante para a Anvisa. Disse que já ouviu diversos depoimentos de como o canabidiol é efetivo para diferentes tratamentos, como na redução de convulsões em pacientes com epilepsia refratária, dores neuropáticas e câncer.

"Os relatos ao redor do mundo demonstram uma ação efetiva do canabidiol em alguns casos. O que deve ser discutido pela Anvisa é o emprego médico e não o uso recreativo", sustentou.

O contra-almirante, no entanto, deixou de lado o THC por não reconhecer suas propriedades medicinais. Ele também não entende que o plantio caseiro da planta possa sintetizar os medicamentos com segurança. O militar acredita que são necessários mais estudos para permitir o avanço do tema.

Torres é formado em medicina pela Fundação Técnico-Educacional Souza Marques. Ele ingressou na Marinha em 1987 e chegou ao posto de contra-almirante, o terceiro mais alto da corporação, em 2015. Como civil, foi instrutor na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (RJ). Como militar, foi diretor do Centro de Perícias Médicas da Marinha e do Centro Médico Assistencial da Marinha.

Com informações da Agência Senado