Minha Filha de 14 anos é maconheira

Segundo Norberto Fischer: "Tudo é relativo e nossas percepções dependem do que vivenciamos no dia a dia". Portanto, antes de julgar o título, é preciso ler o artigo completo e entender o caso da filha dele, Anny Fischer.

Publicada em 04/07/2022

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Por Norberto Fischer

Minha filha é maconheira desde novembro de 2013 e, até hoje, quem arruma o “produto” é a mãe, Kati.

Anny, a mãe Katiele Fischer e a irmã (Créditos da imagem: Arquivo)

Soa até engraçado, mas é sério!

Tudo na vida é relativo, os conceitos mudam, os valores se transformam, verdades são derrubadas, mentiras viram verdades, conquistas viram derrotas e derrotas viram vitórias inquestionáveis, ou seja: tudo é relativo e nossas percepções dependem do que vivenciamos no dia a dia.

Durante toda minha vida fui ensinado pela Escola, Sociedade, Igreja, Família e Literatura, que maconha faz mal, que não devemos nem chegar perto, e “maconheiro” é uma palavra que traz uma carga negativa de significados e comportamentos.

Hoje, tenho orgulho de falar que a minha filha usa a maconha medicinal.

Para quem não conhece nosso caso, minha Filha Anny possui uma síndrome rara, a CDKL5, que entre as diversas características, apresenta epilepsia de difícil controle.

https://www.youtube.com/watch?v=c-jhJY6Q3ro

Faz OITO anos que ela usa a maconha de forma medicinal e, graças aos efeitos anticonvulsivantes do Canabidiol, conseguimos um bom controle das crises convulsivas, reduzindo o risco de morte e garantindo uma melhor qualidade de vida para ela e, consequentemente, para toda a família.

É um “caso de família”, pois das avós às titias, irmãs, primas, todas amam essa maconheirazinha chamada Anny, apoiam o uso da maconha medicinal e estão de olho no que vem acontecendo na Anvisa e no Governo Federal.

Uma referência em destaque às Mães de crianças especiais!

Elas são formadoras de opinião, educam, cuidam e fazem qualquer coisa por amor aos seus filhos, de traficar drogas até produzir em casa, elas farão o que for necessário.

Por isso precisamos entender o que está acontecendo antes de opinar. Aprender a respeitar, valorizar e apoiar as famílias que hoje lutam pelo direito de utilizar a maconha medicinal e termos o cultivo regulamentado no Brasil.

Devemos sempre repensar nossos valores, paradigmas, conceitos e pré-conceitos, pois o que era apenas uma droga que poderia acabar com a vida dos nossos filhos, hoje é aceita como remédio e importante alternativa, quando nada mais funciona.

#PenseNisso

As opiniões veiculadas nesse artigo são pessoais e de responsabilidade de seus autores.

Norberto Fischer é pai de Anny Fischer, primeira brasileira autorizada, via judicial em abril de 2014, a importar o extrato da maconha para uso medicinal. Ele tornou-se um articulador político no Brasil, com repercussão internacional, se destacando no ativismo pelo direito ao acesso ao tratamento com cannabis, inclusão dos produtos no SUS, custeio dos tratamentos por intermédio dos planos de saúde, plantio e produção nacional por ONGs e empresas especializadas, além do autocultivo em situações específicas. Por essa atuação humanitária, ele recebeu o título de cidadão honorário do Distrito Federal.