Cânhamo: A Commodity do Futuro — Pontos essenciais do relatório
Relatório do Instituto Ficus destaca como o cânhamo industrial pode transformar a economia brasileira, com benefícios socioeconômicos e ambientais
Publicada em 23/12/2024
Bruno Pegoraro, presidente do Instituto Ficus. Imagem: Divulgação
O presidente do Instituto Ficus, Bruno Pegoraro, esclareceu questões fundamentais sobre o recém-lançado relatório "Cânhamo: a Commodity do Futuro". O documento destaca o enorme potencial do cânhamo industrial para transformar setores econômicos e ambientais no Brasil. Pegoraro abordou desde as características únicas do cânhamo até os desafios regulatórios e as oportunidades estratégicas que podem posicionar o Brasil como um líder global nessa emergente commodity sustentável.
Descubra, a seguir, os principais aspectos abordados no relatório e entenda por que este é o momento ideal para o Brasil investir no cânhamo industrial.
Para começar, o que é cânhamo industrial?
Cânhamo industrial é uma definição legal, usada para se referir a variedades de Cannabis sativa com baixos teores de THC. O termo não é uma classificação botânica nem se refere a uma espécie de planta específica.
A cannabis também é a planta da maconha. Não são a mesma coisa?
Não, porque existem muitas variedades de Cannabis. Algumas variedades produzem altos teores de THC, componente psicoativo da planta e podem ser usadas para produzir a droga. O cânhamo industrial é o oposto: são variedades que têm menos de 0,3% de THC, incapazes de produzir qualquer efeito entorpecente.
E é possível garantir o plantio de cânhamo com a segurança de que não é maconha?
Sim, como já se faz em mais de 60 países ao redor do mundo. Cada governo só autoriza variedades de genéticas específicas, e existem tecnologias e procedimentos de fiscalização modernos que permitem evitar separar bem o joio do trigo, o cânhamo da maconha.
Por que é importante falar de cânhamo?
O cânhamo foi usado pela humanidade por milênios para produção de cordas, têxteis e alimentos e caiu em desuso com o crescimento do algodão e das fibras sintéticas, no começo do século 20. Hoje, com a volta do interesse por fibras naturais e sustentáveis e a descoberta de novas propriedades nutricionais e medicinais, a demanda está sendo retomada muito rapidamente. O cânhamo é uma commodity emergente. O mercado já movimenta algo entre 5 e 7 bilhões de dólares por ano, e esse valor deve chegar na casa de 20 bilhões na próxima década. Com toda sua capacidade agrícola, o Brasil não pode ficar de fora desse mercado, sob o risco de perder uma grande oportunidade de geração de renda e emprego para o país.
Por que agora?
O momento é especialmente importante para falar sobre cânhamo porque em novembro o STJ obrigou a Anvisa a realizar a regulamentação do cultivo para fins medicinais, com o prazo limite de seis meses. Então é fundamental discutir muito bem essa pauta, para que tenhamos uma regulamentação moderna e eficiente. Além disso, o mercado está crescendo, mas ainda está só começando. Então é um timing perfeito para o Brasil regular e garantir uma posição competitiva no mercado global.
O que é o relatório?
O relatório é um instrumento de planejamento estratégico, usado para analisar possíveis desenvolvimentos do cânhamo no Brasil e permitir reflexões sobre as medidas que o país precisa tomar para explorar o potencial desse novo mercado agrícola.
Qual o objetivo do relatório?
O objetivo é apoiar a tomada de decisão das nossas autoridades, seja no poder executivo, no legislativo ou no Judiciário, a partir de evidências e da experiência de especialistas. Promover debate, reflexão e ação sobre o tema, para que tenhamos uma regulamentação moderna e eficiente.
Como ele foi feito?
O relatório foi feito a partir de uma pesquisa documental, seguida de entrevistas e consultas com especialistas, incluindo alguns pesquisadores da Embrapa, que apoiou a produção do documento. A partir daí, foi feita uma seleção dos principais fatores que podem afetar o desenvolvimento do cânhamo, uma projeção de cenários possíveis para o desenvolvimento do cânhamo e afinal uma lista de recomendações para que o Brasil ocupe uma posição de liderança no mercado global, maximizando os benefícios sociais, ambientais e econômicos da commodity.
Que cenários ele projeta para o cânhamo no Brasil?
Desenvolvemos quatro cenários principais a partir da combinação de duas variáveis-chave: demanda interna e apoio governamental. O que acontece se tivermos os dois, nenhum dos dois e combinações deles? Cada cenário pode levar a indústria de cânhamo em diferentes direções, e cada uma pode privilegiar mais ou menos determinados setores ou outros. Podemos ter, por exemplo, um mercado mais focado em exportação, ou no mercado interno, ou beneficiar privilegiar grandes ou pequenos produtores. São esses desdobramentos que precisamos prever antes de definir nossa política regulatória.
Para construção do cenário, foram escolhidas duas variáveis chave: demanda interna e apoio governamental. Por quê?
Porque na nossa avaliação eram as que tinham maior potencial de impacto sobre o desenvolvimento do mercado e ao mesmo tempo alto grau de incerteza. No lado da demanda, temos uma grande população e um grande mercado consumidor, mas é difícil prever a adesão aos produtos de cânhamo, seja por questões de preço ou culturais. No lado do governo, o apoio é fundamental, porque estamos falando de uma indústria que nasce do zero, mas isso também é incerto.
Quais as principais recomendações do relatório?
A mais urgente e imediata é a criação de um grupo de trabalho interministerial dedicado exclusivamente à pensar a regulamentação e promover sua implementação. Também colocamos entre as mais importantes o investimento em pesquisa agronômica e ambiental, e subsídios ao desenvolvimento da cadeia produtiva e ao pequeno produtor, como forma de maximizar o potencial de sustentabilidade social e ambiental do cânhamo.
Quer acessar o relatório completo e conhecer os dados e projeções que podem transformar o cânhamo em uma das principais oportunidades agrícolas do Brasil?
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