Cânhamo na agricultura regenerativa: uma resposta verde à crise climática?
O potencial do cânhamo como ferramenta de sequestro de carbono e pilar da agricultura regenerativa ganha destaque
Publicada em 18/09/2025

Sem cortes drásticos e imediatos nas emissões, limitar o aquecimento global a 1,5 °C estará fora de alcance. Imagem: Canva Pro
A crise climática avança em ritmo alarmante. Um relatório recente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU alerta que, sem cortes drásticos e imediatos nas emissões, limitar o aquecimento global a 1,5 °C estará fora de alcance.
Dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM) indicam que a última década foi a mais quente já registrada, intensificando eventos extremos como secas e inundações. Nesse cenário, encontrar soluções inovadoras e sustentáveis é urgente.
A agricultura regenerativa surge como um sistema holístico capaz de reverter essa tendência, buscando reabilitar o ecossistema em vez de esgotá-lo. Este modelo agrícola se destaca pela capacidade de reduzir emissões e capturar carbono da atmosfera.
Durante a fotossíntese, as plantas absorvem dióxido de carbono, transformando-o em biomassa e enviando o excesso para o solo, onde nutre microrganismos e enriquece a terra.
Cânhamo: o protagonista da regeneração
O cultivo regenerativo de cânhamo oferece uma esperança concreta em meio aos desafios atuais. Desde a aprovação da Lei Agrícola de 2018 nos Estados Unidos, houve um aumento massivo no plantio, e um grupo crescente de agricultores adota os princípios da agricultura regenerativa, para a qual o cânhamo é especialmente adequado.
Resistente a pragas, o cânhamo dispensa o uso de pesticidas nocivos, tornando-se um refúgio para polinizadores. A cultura se tornou uma peça-chave no movimento regenerativo por diversas razões. O cânhamo também se destaca por diversas propriedade:
Raízes profundas: Suas raízes penetram fundo no solo, o que ajuda a mantê-lo coeso, reduz a erosão e o aera, preparando o terreno para culturas futuras;
Biomassa rica: Parte da biomassa é colhida para produtos, como o CBD, e o restante retorna ao solo, decompondo-se e devolvendo nutrientes à terra;
Crescimento rápido: O cânhamo cresce rapidamente, funcionando como uma excelente cultura de cobertura que bloqueia ervas daninhas. Cientistas estimam que, para cada tonelada de cânhamo cultivada, 1,63 tonelada de CO₂ é removida da atmosfera, superando árvores em eficiência no sequestro de carbono;
Biorremediação: A planta pode crescer em solo contaminado, absorvendo metais pesados e toxinas, um processo conhecido como fitorremediação;
Baixo consumo de água: O cânhamo é uma planta resistente que requer significativamente menos água do que a maioria das culturas comerciais, um fator crucial, já que a agricultura consome até 70% da água doce do planeta;
Aplicações diversas: Com mais de 50 mil usos conhecidos, todas as partes da planta são aproveitáveis, desde medicamentos e alimentos até biocombustíveis, materiais de construção e substitutos para o plástico;
O cânhamo, cultivado de forma regenerativa, oferece à humanidade a possibilidade de um futuro mais verde. Se há uma década a legalização parecia um sonho distante, hoje seu potencial para mitigar a crise climática é uma realidade tangível.