Dermatite Atópica: Conheça a história do Shih Tzu que teve melhora na qualidade de vida com uso do óleo de cannabis
Depois de uma década tentando encontrar um tratamento digno para a doença, a tutora do cachorro encontrou a salvação na maconha
Publicada em 13/12/2023
“Então isso é qualidade de sono? Gostei!”. Este deve ter sido o pensamento do Shih Tzu Steve que conseguiu pela primeira vez, em mais de 10 anos, dormir uma noite inteira de sono. Segundo sua tutora, Paola Gomes, o cachorro, morador de Santa Maria, Rio Grande do Sul, desde os seus seis meses de vida convive com a dermatite atópica, uma infecção ou inflamação na pele, causadora de coceira, vermelhidão, perda de pelo e feridas.
Por mais de uma década, Paola tentou achar uma solução para tratar os sintomas da doença. Trocou a marca da ração, os produtos de limpeza, tentou usar corticoides, todas tentativas sem o resultado esperado, até que, cerca de dois anos atrás, quando o Shih Tzu tinha 11 anos de idade, sua tutora conheceu o óleo de maconha.
“Antes tudo que o Steve fazia era motivo para se coçar e se lamber, não conseguia brincar, dormir, comer, sem que a dermatite atrapalhasse. Agora, ele é mais ativo, faz tudo normalmente. A qualidade de vida melhorou muito. Passei um tempo sem saber como tratar o Stive, até que achei o óleo. Queria ter encontrado essa alternativa antes”, relata Paola.
Junto a diminuição considerável das coceiras, a tutora comemora a melhora no pelo do cachorro, que deixou de ser ressecado, avermelhado e quebradiço. Manifestações causadas pelos remédios convencionais usados para tratar a dermatite atopica, os quais foram todos substituídos pelas cinco gotas diárias do óleo de cannabis.
Dermatite e cannabis
Maior órgão do corpo, tanto do homem quanto do cachorro, a pele é a principal afetada pela dermatite atópica, o simples contato com poeira, pólen, ácaro ou picadas de pulgas podem gerar complicações para o cachorro. Segundo a médica veterinária e doutoranda da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Carollina Mariga, a cannabis tem atuação essencial no tratamento da pele.
“O óleo é capaz de causar uma melhora na inflamação presente no organismo, gerando uma diminuição na coceira, nas feridas e nos demais sintomas da dermatite. Além disso, a cannabis ainda pode atuar no tratamento da ansiedade e do estresse, dois motivadores da doença”, relata a médica veterinária.
No caso do Steve, o óleo de maconha teve uma atuação incrível na pele.
“Antes a pele dele nunca era ‘limpa’, ‘lisa’ sempre tinha várias feridas. Isto agora passou, não tem mais feridas. No máximo uma casquinha ou outra, que são muito irrelevantes. Além disso, nos lugares onde ele tinha perdido o seu pelo, agora tem uma camada de pelugem”, segundo Paola.
Pesquisas com a planta
Em agosto de 2022, Paola levou o Stive ao Hospital Veterinário Universitário (HVU), localizado na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) para participar da pesquisa de mestrado da Carollina, sobre o uso de cannabis para tratar a dermatite atópica canina. Sendo considerado um “símbolo” do impacto da maconha na vida dos cachorros portadores da doença, Stive passou por todos os processo do estudo e atualmente continua se consultando com a médica veterinária.
Além dele, outros 14 animais participaram do estudo duplo cego - metade recebe o medicamento e a outra parte recebe outra substância, para comparação. Agora, durante o seu doutorado, Carollina continua estudando e buscando entender a atuação da cannabis no tratamento da dermatite.
“A complexidade da dermatite atopica e o seu difícil controle são o ‘X’ da questão. Acredito que as mais de 550 substâncias presentes na cannabis são essenciais no tratamento da doença. Os fitocanabinoides, em especial o canabidiol (CBD), possuem uma ação anti-inflamatória, os ácidos graxos ajudam a repor a barreira cutânea da pele, fatores que possibilitam a homeostase (equilíbrio) no sistema do cachorro.”, relata a médica veterinária.