Descubra a alternativa brasileira para o CBD sem efeitos psicoativos

Descoberta por pesquisadores da UFRJ, a planta nativa Trema Micrantha Blume produz canabidiol (CBD), mas não possui, entre seus compostos, o tetrahidrocanabinol (THC), princípio ativo presente na cannabis

Publicada em 13/06/2023

Descubra a alternativa brasileira para o CBD sem efeitos psicoativos

Por redação Sechat

A utilização do canabidiol (CBD) para fins medicinais pode ser expandida no Brasil graças à descoberta do composto na Trema Micrantha Blume, uma espécie nativa brasileira. Diferente da Cannabis sativa, que contém o tetrahidrocanabinol (THC), e possui efeito psicoativo, a Trema Micrantha Blume não possui esse composto e, portanto, pode ser cultivada sem restrições jurídicas. 

Isso significa que pode ser uma fonte mais acessível e econômica para a obtenção do canabidiol, visto que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) impõe uma restrição de 0,2% de THC na fórmula do CBD comercializado. 

A pesquisa, coordenada por Rodrigo Soares Moura Neto, do Instituto de Biologia (IB) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), está mapeando métodos eficazes para análise e extração do canabidiol da planta e contou com recursos de R$ 500 mil da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj). 

A análise in vitro será conduzida em seis meses para determinar se o componente da planta é igualmente eficaz ao canabidiol extraído da Cannabis Sativa. Com isso, a Trema Micrantha Blume pode contribuir significativamente para ampliar o uso do CBD em pacientes que necessitam desse tratamento.

Medicina natural de A a Z

Para o médico psiquiatra e prescritor da terapia canabinoide, Dr. Wilson Lessa: “A dificuldade de se pesquisar a cannabis e seus compostos dificulta a percepção de substâncias canabinoides em outras plantas. Uma vez que a cada dia surgem novos estudos sobre os potenciais terapêuticos desses compostos e a opinião pública se familiariza com esses efeitos na qualidade de vida das pessoas, o avanço é inevitável. Estamos observando apenas a ponta do iceberg de uma cordilheira submersa”.

Recentemente, cientistas israelenses descobriram também a existência de compostos químicos (canabinoides) semelhantes aos da cannabis, popularmente conhecida como maconha, em uma planta usada em rituais religiosos na África do Sul.

Parente dos girassóis, das margaridas e dos alfaces, a Helichrysum Umbraculigerum produz canabigerol (CBG) e outras cinco substâncias. A descoberta, segundo os cientistas, reforça o potencial terapêutico do vegetal.

Segundo os pesquisadores há, no entanto, uma diferença significativa entre a Helichrysum Umbraculigerum e a cannabis. Na planta sul-africana, os compostos químicos estão espalhados pelas folhas, enquanto os da cannabis ficam concentrados nas flores.

“A Cannabis é um baú do tesouro farmacológico”, dizia Raphael Mechoulam, cientista responsável por isolar os compostos da maconha na década de 60. 

“Os fitocanabinoides são jóias que podem ser encontradas aqui e acolá na natureza. Na cannabis, eles estão presentes em variedade e quantidade nesse baú. Atualmente, já se fala em ao menos duzentos fitocanabinoides encontrados na planta”, ressalta Lessa que conclui:

“Porque garimpar jóias isoladas, quando sabemos onde está o baú do tesouro?”