Uma pesquisa inovadora conduzida pelo Centro Avançado de Medicina Psicodélica (CAMP) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) revelou resultados promissores sobre o uso de DMT vaporizada no tratamento de depressão resistente ao tratamento. O estudo piloto aberto, publicado em agosto, mostrou que doses vaporizadas deste composto psicodélico podem reduzir significativamente os sintomas depressivos em apenas 24 horas.

O que é o DMT?

A Dimetiltriptamina, conhecida como DMT, é um composto psicodélico encontrado em várias plantas e em menor quantidade no organismo humano. Comumente utilizada em contextos de Ayahuasca, uma bebida tradicional amazônica, a DMT é conhecida por induzir experiências intensas de percepção alterada e espiritualidade. Em sua forma vaporizada, o composto permite uma absorção mais rápida e direta no organismo, potencializando seus efeitos terapêuticos.

Metodologia do estudo

O estudo realizado pelo CAMP envolveu seis pacientes com depressão resistente ao tratamento, ou seja, aqueles cujos sintomas não responderam a antidepressivos ou psicoterapia. Os participantes passaram por uma sessão única de administração de DMT vaporizada, com doses escalonadas de 15 mg e 60 mg. A severidade da depressão foi avaliada antes do tratamento e durante um mês após a administração, utilizando a Escala de Depressão de Montgomery-Åsberg (MADRS) e o Questionário de Saúde do Paciente-9 (PHQ-9).

Os resultados foram notáveis. Segundo observaram os pesquisadores, aproximadamente 83,33% dos pacientes apresentaram uma resposta positiva ao tratamento, e 66,67% alcançaram uma remissão significativa dos sintomas. A redução dos sintomas foi observada já no primeiro dia após a administração, uma resposta que geralmente leva semanas com antidepressivos convencionais. Além disso, o estudo destacou a rápida diminuição do risco de suicídio entre os participantes, com uma redução notável do risco severo no dia seguinte ao tratamento.

A pesquisa também confirmou que a administração de DMT vaporizada é segura do ponto de vista fisiológico, sem provocar alterações adversas significativas na pressão arterial, frequência cardíaca ou função renal e hepática. A rápida ação da DMT representa um avanço significativo no campo da psiquiatria, oferecendo uma nova esperança para pacientes com depressão resistente ao tratamento.

O psiquiatra Marcelo Falchi, diretor médico do CAMP e autor principal do estudo, destacou a importância desses achados: "O que mais impressiona na DMT é o efeito anti-suicida notável que ela apresenta de forma muito rápida. Observamos uma redução significativa no risco de suicídio já no dia seguinte ao tratamento."

Embora os resultados iniciais sejam encorajadores, o estudo também aponta para necessidade de mais pesquisas com uma amostra maior e uma análise mais detalhada dos efeitos a longo prazo. A continuidade desses estudos poderá consolidar a DMT como uma alternativa viável e eficaz no tratamento da depressão resistente, oferecendo novas possibilidades para aqueles que não encontram alívio nos tratamentos tradicionais.