Estudo desafia associação entre uso de cannabis e queda no QI
Pesquisa dinamarquês acompanhou 5.162 homens, avaliando o impacto da cannabis na função cognitiva desde os 22 anos até os 62 anos; consumo frequente e prolongado da substancia não esteve relacionado a um declínio cognitivo maior que o não usuários
Publicada em 21/11/2024
Imagem: Canva Pro
Uma pesquisa dinamarquês publicado no periódico Brain and Behavior questionou a relação tradicional entre o uso de cannabis e a redução do quociente de inteligência (QI). O estudo acompanhou 5.162 homens, avaliando o impacto do consumo da substância na função cognitiva desde os 22 anos até os 62 anos.
Os usuários de cannabis tiveram um declínio cognitivo menor em comparação aos não usuários. Não usuário de maconha tiveram uma redução média de 6,2 pontos no QI ao longo do período, enquanto usuários registraram um declínio médio 1,3 pontos menor.
Além disso, os pesquisadores examinaram fatores como a idade de início e a frequência de consumo. Mais da metade (51,1%) começou a usar cannabis antes dos 18 anos, enquanto 43,5% iniciaram entre 18 e 25 anos, e apenas 5,4% após essa idade. Essas variáveis não demonstraram associação significativa com resultados cognitivos negativos.
Os autores do estudo apontaram que o consumo frequente e prolongado de cannabis não esteve relacionado a um declínio cognitivo maior em comparação ao consumo não frequente. No entanto, destacaram que a diferença no declínio cognitivo entre usuários e não usuários foi modesta, representando cerca de 7% de um desvio padrão, o que pode não ter relevância clínica significativa.
“São necessários mais estudos para entender se os efeitos da cannabis são inexistentes no declínio cognitivo ou se seus impactos desaparecem ao longo do tempo”, afirmaram os pesquisadores.
Outro estudo, publicado no Journal of the American Medical Association , também não encontrou evidências de efeitos negativos significativos do uso de cannabis medicinal na morfologia cerebral ou no desempenho cognitivo em adultos. Esse resultado reforça a necessidade de ampliar as investigações sobre os efeitos de longo prazo do consumo da substância.