Menino com autismo diz “Papai” pela primeira vez após tratamento com cannabis medicinal

Descubra a emocionante história de Thales, um menino com autismo que disse "papai" pela primeira vez após o tratamento com cannabis medicinal. Conheça a jornada de sua família, os benefícios da planta e o impacto social da cannabis no TEA

Publicada em 26/06/2025

“Papai”: a primeira palavra de Thales e a esperança que veio com a cannabis medicinal

A gota que fez Thales falar | Foto: Arquivo Pessoal

Thiago Rodrigues nunca imaginou que a cozinha, palco de tantas rotinas, se transformaria em um altar de emoções. Foi ali, naquele espaço familiar, que o universo dele e de sua companheira se expandiu para além do imaginável. Aos seis anos, o filho deles, Thales, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nível 2 de suporte, pronunciou sua primeira palavra: “papai”.

 

WhatsApp Image 2025-05-30 at 09.38.02.jpeg
Thales e os pais | Foto: Arquivo Pessoal

Não foi um balbuciar qualquer, mas um grito carregado de significado, que ecoou como um divisor de águas na vida dessa família. "Ele já tentava e a gente também tentava muito fazer ele falar e saía algumas vogais, algumas coisinhas…ele falava 'ah ah, ah ah', como se fosse papai e mamãe, sabe? Só que na idade que ele estava, já era para ele estar bem mais avançado", conta Thiago, com a voz embargada.


E, nesse dia especial, a palavra tão esperada veio logo após a introdução de uma gota de óleo de THC Delta 8 - produto importado. 


Autismo X Cannabis: primeiros sinais e o caminho até o diagnóstico

 


A jornada de Thales e sua família começou cedo, com a percepção de que algo era diferente. "Houve uma negação da minha parte e da própria mãe também. Ele não olhava no olho, não atendia a chamados, queria fazer tudo sozinho e nunca recorria a ninguém pra pedir ajuda. Mesmo sem andar, ele engatinhava e se colocava até em perigo", relembra o pai.

 

IMAGEM PADRÃO PORTAL SECHAT JPG 1200 X 675 (9).png
“Vou ser eternamente grato à cannabis", disse Thiago após ver a evolução do filho | Foto: Arquivo Pessoal


O primeiro diagnóstico médico descartou o autismo e atribuiu as dificuldades de Thales a um “problema de fala”. Mas os pais já estavam quase certos de que se tratava de algo neurológico. “Ele andava na ponta do pé, fixava-se em padrões e categorias”, lembra Thiago, citando o desinteresse do filho por histórias e sua preferência por imagens segmentadas, como as de insetos, por exemplo.


A insistência os levou a uma psicóloga especialista em ABA e Denver, que confirmou a necessidade de intervenção. O diagnóstico oficial de TEA veio logo em seguida, abrindo portas para as terapias e para a busca por um tratamento eficaz.


Antes da cannabis: medo, choro e silêncio


O cotidiano da família antes do uso da cannabis medicinal era cercado por medo e impotência. “Eu e a mãe choramos muito. Deu muito medo do futuro…e a gente ainda tem esse medo”, revela Thiago.


A dificuldade de comunicação de Thales era o maior desafio. A introdução do óleo de CBD Full Spectrum, recomendado pelo Dr. Rafael Ferreira, médico de família e comunidade, trouxe as primeiras melhoras visíveis. “Ele parou de andar na ponta do pé, parou de bater a cabeça na parede”, celebra Thiago. Mas a fala, o maior desejo, ainda parecia distante.

f79c8ca7-4e29-4c18-9b20-4548e5ced2c0.jpg
Dr. Rafael com o deputado estadual Eduardo Supicy, que também faz uso da cannabis medicinal para tratar o Parkinson | Foto: Arquivo Pessoal

A grande virada veio mesmo com a introdução do THC Delta 8, como citamos acima. O Dr. Rafael Ferreira explica: "o que mais me chamou atenção foi a curva de resposta à medicação. Ele já tinha uma melhora importante com o primeiro óleo, aliado a um contexto familiar e terapêutico adequado. Mas em determinado ponto, parecia que tínhamos atingido um platô”.


Foi então que optaram por incluir o THC, com base em estudos sobre seu potencial no tratamento do autismo. “De forma surpreendente, ele teve um salto no desenvolvimento cognitivo. De completamente não verbal, passou a estar cada vez mais articulado”, diz o médico.


A transformação foi imediata. Thales não só disse “papai”, como também conseguiu manter o foco por 20 minutos em uma única atividade, o que era algo impensável até então. “Nunca imaginei que a cannabis seria a salvação do futuro do meu filho”, afirma Thiago.


Conquistas de um menino e orgulho de um pai

 

thales_04_vertical.png
Após tratar o nivel 2 de autismo com a cannabis, Thales se viu gigante como o mar de possibilidades para crescer com mais qualidade de vida | Foto: Arquivo Pessoal


Hoje, Thales toma banho sozinho, olha para os dois lados ao atravessar a rua, tem facilidade com matemática e está aprendendo a ler e escrever. Na escola, se destaca pelo raciocínio lógico e pelas perguntas fora do padrão. “Ele é nonsense, e eu adoro isso. Aprendo muito com ele”, diz Thiago, com um sorriso na voz.


Agora, os maiores temores da família não giram mais em torno das habilidades de Thales, mas da forma como a sociedade o receberá. “Um possível bullying na escola pode traumatizá-lo, e ele talvez nem consiga expressar isso em terapia”, preocupa-se o pai.


Mas o futuro parece promissor. “Hoje a gente vê nele um conjunto de habilidades que indicam independência. Se não fosse a cannabis medicinal, talvez ele não tivesse esse futuro”, afirma Thiago. “Vou ser eternamente grato à cannabis".


Cannabis e TEA: um caminho que precisa ser conhecido


O autismo no Brasil é uma realidade que exige atenção. Estima-se que existam até 4 milhões de pessoas com TEA no país, o que reforça a urgência por tratamentos eficazes e acessíveis.


 

1eccc71e-dab6-4bf4-acea-01cacd05e8bf.jpg
O menino Thales é ágil em matemática e em raciocínio lógico | Foto: Arquivo Pessoal

A história de Thales mostra o potencial da cannabis medicinal no tratamento do autismo. O THC, em doses corretas e com acompanhamento médico, tem se mostrado um aliado valioso. O Dr. Rafael Ferreira ressalta a importância da personalização da posologia com base em estudos, como os israelenses que definem as proporções ideais entre CBD e THC segundo o peso do paciente.


Thales, por exemplo, nunca precisou recorrer a medicações alopáticas como a risperidona, comumente usada em crianças com TEA. “A cannabis sempre colocou ele em equilíbrio”, diz o pai.


Dose na medida certa


A cautela com a dosagem é ponto-chave. “Se quando eu vou pingar as gotinhas cai uma a mais e a mãe não sabe, ela percebe na hora. Então a gente vê que realmente existe uma dose de ouro que precisa ser respeitada”, afirma Thiago.

 

 

 

 

0585f829-fd86-4e23-9460-884b6107ff8f.jpg
A família é aliada à luta da melhora de Thales | Foto: Arquivo Pessoal


Ele destaca também a importância de não se acomodar com os primeiros resultados. “Foi só a cannabis que fez ele melhorar? Não. Foi o conjunto: eu e a mãe, a família, a escola, o diálogo com a escola, a terapia… agora a gente incluiu o esporte também na rotina dele”. 


Autismo x Cannabis: o que aprendi com meu filho


A jornada ao lado de Thales trouxe a Thiago uma lição que vai muito além do autismo. Ser pai de um filho autista o ensinou a mudar sua perspectiva de mundo. “Tem coisas muito maiores do que as nossas vontades. Hoje, todas as decisões que tomamos precisam considerar como isso vai impactar a vida do Thales. Desde a forma como eu dirijo, como me porto no trabalho ou até como me divirto... tudo mudou. A gente precisa estar aqui, presente, por muito tempo ainda. Tudo é por ele, e com a esperança de que ele ajude a transformar a sociedade em um lugar melhor”, finaliza.


A história de Thales é um hino à esperança, à persistência e ao poder transformador do amor. Um convite para que a sociedade brasileira olhe para o autismo com mais empatia e para a cannabis medicinal como uma ferramenta de acesso a uma vida plena. A palavra "papai", que um dia morou no silêncio, hoje é um farol de possibilidades, iluminando o caminho para um futuro mais inclusivo e promissor.

Veja o vídeo em que o que o médico do Thales, Dr. Rafael Ferreira, disse sobre a cannabis medicinal para tratamento do Espectro Autista.