Uece conduz pesquisa inédita sobre uso de canabidiol em pessoas com autismo com financiamento do Ministério da Saúde

Estudo promete mapear eficácia e segurança do CBD no tratamento de doenças neurológicas

Publicada em 06/08/2024

capa

Canabidiol é um compostos derivado da planta cannabis | Imagem; Vecteezy

A Universidade Estadual do Ceará (Uece) foi selecionada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para realizar uma pesquisa inovadora sobre o uso do canabidiol (CBD) em crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O projeto, financiado pelo Ministério da Saúde através do Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit/SECTICS/MS), tem como objetivo mapear as evidências científicas sobre a eficácia, tolerabilidade e segurança do CBD como tratamento para o TEA.

Com o aumento significativo dos diagnósticos de TEA globalmente, a busca por tratamentos alternativos tem crescido entre pais, cuidadores e profissionais de saúde. A pesquisa da Uece visa fornecer uma análise abrangente e imparcial sobre a eficácia do CBD, contribuindo para a formação de políticas públicas baseadas em evidências.

De acordo com o coordenador do projeto, professor Gislei Frota do Instituto de Ciências Biomédicas da Uece (ISCB), a metodologia empregada será uma revisão sistemática com metanálise, que envolve a seleção criteriosa de estudos relevantes realizados ao redor do mundo. "Nosso objetivo é avaliar os melhores estudos clínicos disponíveis para determinar a real eficácia do CBD no tratamento do TEA", explica Frota.

 

UECE.jpg
Na foto, os pesquisadores da Uece responsáveis pela pesquisa, professores Valter Filho, Cidianna Nascimento, Gislei Frota, Carla Brandão e Paulo Sávio Magalhães | Imagem: Reprodução
 

 

O projeto já está em andamento e os resultados preliminares são esperados para dezembro de 2024. Além da pesquisa científica, estão previstas atividades de conscientização e divulgação em duas fases. A primeira fase, de julho a dezembro de 2024, incluirá palestras em escolas e postos de saúde no Ceará, abordando a importância de se basear em evidências científicas para o uso do canabidiol. A segunda fase, de janeiro a julho de 2025, será dedicada à divulgação dos resultados da pesquisa.

"Fomos selecionados como a terceira proposta mais bem avaliada do Brasil. Somente nós, em todo o país, desenvolveremos tal pesquisa. Nosso trabalho é único e de grande relevância para o Ministério da Saúde", destaca Frota. Ele acrescenta que os resultados da investigação poderão orientar a criação de políticas públicas para a aplicação do CBD no tratamento do TEA através do Sistema Único de Saúde (SUS).

Os recursos do Ministério da Saúde serão investidos em softwares, programas estatísticos, assistência técnica e consultorias, entre outros. A equipe de pesquisa inclui os pesquisadores Gislei Frota Aragão, Carla Barbosa Brandão, Valter Cordeiro Barbosa Filho, Paulo Sávio Fontenele Magalhães e Cidianna Emanuelly Melo do Nascimento, todos da Uece, além de Kelly Rose Tavares Neves da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Paralelamente, está sendo conduzida uma pesquisa sobre o perfil dos pacientes com TEA que já utilizam canabidiol, mesmo sem evidências científicas robustas. Esta investigação visa entender como esses pacientes percebem o CBD como agente terapêutico, seus padrões de uso e os efeitos percebidos, com resultados também esperados para dezembro de 2024.

Com essa pesquisa, a Uece se posiciona na vanguarda dos estudos sobre canabidiol, contribuindo significativamente para o avanço do conhecimento científico e para a potencial implementação de tratamentos mais eficazes e seguros para o TEA.

 

Conteúdo originalmente publicada em ceara.gov