Uso de cannabis na gestação não aumenta o risco de autismo, aponta estudo
Pesquisa desmistifica relação entre exposição pré-natal aos derivados da planta e o diagnóstico de autismo
Publicada em 04/11/2024
Imagem: Vecteezy
Não é de hoje que um aumento repentino do uso de cannabis durante a gestação nos Estados Unidos tem levantado preocupações sobre possíveis efeitos na saúde das crianças. Até o momento, algumas pesquisas sugeriam que a exposição pré-natal à cannabis poderia elevar a probabilidade de desenvolvimento de autismo nos filhos. No entanto, um estudo recente e robusto, realizado por pesquisadores da Kaiser Permanente e da Universidade da Califórnia em São Francisco, desmente essa hipótese. A pesquisa, uma das maiores já conduzidas sobre o tema, avaliou 178.948 gestações e concluiu que o consumo de cannabis no início da gravidez não se relaciona com um aumento nos diagnósticos de autismo.
O autismo é um transtorno de desenvolvimento que afeta a forma como indivíduos se comunicam, interagem e experimentam o mundo. Embora seja classificado como um transtorno, muitos dos chamados "sintomas" do autismo são, na verdade, diferenças na percepção e comportamento que podem se chocar com as expectativas da sociedade. Esse estudo recente vem para reforçar que as causas do autismo são predominantemente genéticas, e que o uso de cannabis na gestação não desempenha um papel significativo no aumento do risco.
O estudo utilizou dados detalhados do sistema de saúde da Kaiser Permanente, que realiza triagens universais para o uso de cannabis em gestantes, tanto por autorrelato quanto por exames de urina, e avalia rotineiramente crianças quanto ao autismo. Os pesquisadores também consideraram fatores sociodemográficos e condições de saúde das mães, e observaram que, quando esses fatores foram ajustados, a relação inicial entre uso de cannabis e autismo desapareceu.
A pesquisa ainda aponta que mães que usam cannabis durante a gestação podem ter uma predisposição genética que as leva tanto a fazer uso da substância quanto a ter filhos com autismo. Contudo, o estudo recomenda cautela quanto ao uso de cannabis durante a gravidez, uma vez que seus efeitos em outros aspectos do desenvolvimento infantil ainda não são completamente compreendidos.