O esporte abraçou a cannabis, e vice-versa!

"Discordo de quem fala que nosso mercado é atrasado, que nossas políticas são antiquadas, e que vivemos uma inércia cultural. Com a cannabis no esporte, o Brasil é pioneiro no mundo, inclusive mais avançado em alguns aspectos que o próprio Estados Un

Publicada em 08/12/2021

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Por Fernando Paternostro*

A generalização do estigma da cannabis trouxe gerações de pessoas que não se importaram em questionar o porquê desse estigma. São aquelas velhas características do “maconheiro" de antigamente, aquele cara largado, que não quer nada com nada, preguiçoso, que só quer saber de fumar e ficar largado no sofá. Essa é a imagem que foi vendida durante muito tempo sobre o uso adulto de cannabis, procurando afastar as pessoas da planta e ridicularizar aquelas que fazem uso. E foi então que chegou o esporte, com todo o seu discurso de saúde, bem-estar e qualidade de vida; e abraçou a Cannabis!

E então ficou muito difícil aplicar esse estigma a um atleta, por exemplo. Aquele cara disciplinado, regrado, focado, e que principalmente conhece seu corpo como ninguém. O atleta de alta performance está disposto a levar seu corpo ao limite mais extremo, onde apenas a mente consegue segurar o desconforto e que posteriormente foca na recuperação desse desgaste como principal estratégia de crescimento de sua performance. Sim, descansar é tão (ou às vezes até mais) importante do que treinar e competir. E foi aí que a cannabis entrou, como uma luva, nos problemas mais corriqueiros dos atletas.

Inflamações, dores crônicas, insônia e recuperação muscular são alguns exemplos de problemas corriqueiros de atletas que lutam com medicamentos, efeitos colaterais e até mesmo doping para poder performar o maior tempo possível. Num mundo onde os atletas não são reconhecidos devidamente, com apoio financeiro quase inexistente, e uma infinidade de obstáculos para apenas conseguirem chegar no treino; a Cannabis deu um espaço interno gigantesco para essa comunidade.

Tudo é ainda muito novo dentro da cannabis no esporte. Não existem estudos clínicos que comprovem a eficácia direta na performance esportiva, mas existem inúmeras confirmações de outros estudos que ajudam a entender de que forma o tratamento com canabidiol pode auxiliar esses atletas no seu dia a dia.

E não para por aí: não são somente os atletas de alta performance que se beneficiam deste tratamento, aquela pessoa que é ativa fisicamente, de forma amadora, também pode se beneficiar, e muito. Isso porque, de maneira geral, o tratamento com cannabis promove uma homeostase do corpo que beneficia de forma única o organismo. Diminui a ansiedade, o que melhora o apetite, aumenta a recuperação muscular, o que melhora o treino, melhora a qualidade do sono, o que promove uma recuperação geral do organismo e, foi então que o mercado da cannabis viu no esporte, uma oportunidade única de abraçar esse nicho e usar de todo o seu mérito para mostrar os benefícios do tratamento com pessoas que já são fora da curva. E nessa hora, a cannabis abraçou o esporte!

E nesse primeiro ano de existência, desde o momento que comecei a falar sobre isso no perfil do Atleta Cannabis no Instagram, pude ver como o mercado cresceu de forma acelerada. No começo, quando conversava com os laboratórios, podia sentir a cautela e o medo de se envolver com esse assunto. Todos queriam saber o que estávamos fazendo, mas sem ter seu nome associado diretamente. Depois de alguns meses, alguns laboratórios se aproximaram e começamos aos poucos a traçar esse caminho juntos. Foram muitas e muitas horas de reunião com todos do mercado, mostrando como isso já é uma realidade nos Estados Unidos e que, mesmo lá, isso ainda está começando.

Por isso, discordo de quem fala que nosso mercado é atrasado, que nossas políticas são antiquadas, e que vivemos uma inércia cultural. Com a cannabis no esporte, o Brasil é pioneiro no mundo, inclusive mais avançado em alguns aspectos que o próprio Estados Unidos, a começar pela comunidade!

Hoje temos no Brasil um grupo muito grande de pessoas que já sabem dos benefícios do tratamento com canabidiol no esporte, e que ajudam a levar mais conhecimento sobre isso apenas praticando esporte e fazendo o tratamento com cannabis.

Hoje sou procurado por laboratórios que vão lançar produtos específicos no esporte, para saber a minha opinião. Consegui ao longo deste ano construir uma autoridade, porque foquei principalmente em ter o apoio da classe médica, de fisioterapeutas, nutricionistas e clínicas especializadas em esporte. Conversei com atletas olímpicos, campeões mundiais, atletas profissionais, treinadores, e escutei o feedback deles sobre como o tratamento foi benéfico. E para minha surpresa (ou não!), essa aceitação foi incrivelmente rápida.

O que, inevitavelmente, me fez concluir: depois desse primeiro ano, e após algumas decepções com parceiros, ex-sócios, fornecedores e oportunistas, posso afirmar que o mercado da cannabis no esporte se solidificou! Com calma, paciência e tranquilidade acabamos encontrando nosso espaço, e hoje vejo pessoas que nos criticavam abrindo seus corações para entender que o tratamento com cannabis já ajudou e vai continuar ajudando... pessoas. E é isso que importa: que nos ajudemos como humanidade a romper as barreiras que nos deixam presos e então permitir que possamos desenvolver todo o nosso potencial ajudando uns aos outros e ao planeta terra a crescer e prosperar de forma equilibrada, com amor e compreensão.

Um Feliz Ano Novo a todos, e uma virada para um 2022 de muito crescimento interno e externo!

As opiniões veiculadas nesse artigo são pessoais e não correspondem, necessariamente, à posição do Sechat.

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