O que esperar do segundo semestre no setor de Cannabis

Medical Marijuana diz que vai abrir nova farmacêutica no Brasil, enquanto Canopy Growth fecha escritório do México.

Publicada em 09/07/2020

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Valéria França

Desde que a Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) regulou o comércio de produtos à base de Cannabis medicinal, muitas empresas disseram que estariam nas prateleiras das farmácias ainda no primeiro semestre. Só uma, justamente a que não revelou nada com antecedência, a Prati-Donaduzzi, conseguiu o registro de um canabidiol.

Na última sexta-feira (3), a americana Medical Marijuana Inc. anunciou que irá abrir no Brasil uma nova empresa, uma farmacêutica, para registrar o primeiro medicamento de Cannabis na Anvisa em outubro. De acordo com as regras da agência, apenas empresas farmacêuticas podem fazer isso. Nos EUA, o óleo de Cannabis não é um medicamento, mas um suplemento alimentar e as indústrias ficam livres das rígidas regras impostas aqui pela Avisa.

Lá, a Cannabis medicinal pode ser vendido em qualquer comércio, até mesmo em um posto de gasolina. Aqui, o comércio acontece apenas em farmácias e com receitas controladas.

Ações na bolsa

Caroline Heinz, CEO da HempMeds, uma das empresas do grupo Medical Marijuana disse em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S.Paulo, que a nova farmacêutica irá abrir as ações na Bolsa de Valor brasileira e lançará um novo produto no país. A assessoria de comunicação confirmou a informação. A empresa faz segredo sobre o nome do laboratório.

Para o setor, seria um marco, uma vez que o mercado não tem nenhuma empresa de Cannabis na bolsa. A maioria das companhias nacionais que compõem este nicho é pequena e está dando os primeiros passos, quando comparada às americanas e canadenses.

Futurologia

O movimento da Medical vai no sentido contrário ao das grandes empresas internacionais. A maior do mercado, a global Canopy Growth, por exemplo, vem diminuindo a estrutura desde 2019. Nesta semana, ela fechou o escritório físico no México.

Globalmente, a elevação das ações neste ano (15%) de pandemia ainda não compensou a queda acumulada dos últimos dois anos (54%). Vale lembrar que a Canopy é avaliada em US$ 6 bilhões na bolsa americana.

Quanto ao mercado nacional, até a última sexta (3), não havia nenhum pedido de registro de medicamento na Anvisa. Também não se encontra especialista que arrisque dizer como será este segundo semestre. A torcida é que seja um período de muito crescimento e não apenas de muita "fumaça" como nos primeiros seis meses do ano.