Para empresário brasileiro, cannabis é o novo no nicho gigantesco do bem-estar

Fernando Paternostro deu início a um projeto ambicioso que pretende fazer uma releitura da potencialidade da cannabis, agora com foco na qualidade de vida das pessoas

Publicada em 28/01/2021

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Charles Vilela

O tema do uso medicinal da cannabis tem ganhado relevância como nunca na última década. Mais recentemente, a rapidez da comunicação por meio das redes sociais têm ampliado o alcance desse tipo de informação. Assim, numa simples busca num site de referência sobre o tema, como o Sechat, ou até mesmo no Google, podemos encontrar diversas informações confiáveis, de fontes espalhadas pelo mundo, que vão de pesquisas, artigos científicos ou depoimentos incríveis. 

Além disso, a potencialidade da cannabis passou a ser observada em áreas como a gastronomia, construção civil, produção de têxteis e medicina veterinária, apenas para citar algumas. Mas, claro, a área mais relevante e de maior impacto é a medicinal, e mais especificamente para o tratamento de doenças. Isso porque esse segmento da cannabis tem o poder de modificar para melhor a vida das pessoas, oportunizando, em muitos casos, mais qualidade e bem-estar. 

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Ainda assim, a área medicinal é subaproveitada devido a fatores como o preconceito com o tema e a dificuldade de regulação do setor pelo mundo, o que acarreta em insegurança para investimentos e em pesquisas insuficientes. 

Agora, se o mercado da cannabis para fins medicinais já é imenso e tem uma potencialidade incrível de crescimento, imagine se esse viés extrapolar o dissabor das doenças e alcançar o bem-estar. Assim, o mercado consumidor deixaria de ser apenas uma parcela da população com problemas de saúde - alguns deles extremamente graves - e poderia se falar num campo geral e global, formado por toda a população. E o esporte pode ser a porta de entrada nesse novo e gigantesco mundo da cannabis focada além do medicinal, mas, agora, também no bem-estar. 

Paternostro sugere uma releitura da potencialidade da cannabis, agora com foco no bem-estar

O empresário e atleta amador Fernando Paternostro enxergou isso e deu início a um projeto ambicioso que pretende fazer uma releitura da potencialidade da cannabis agora com foco na qualidade de vida das pessoas. “Acredito que precisamos explicar muito para as pessoas, trazer esse conhecimento (sobre o uso da cannabis no esporte e no bem-estar)”, diz. "O (projeto) Atleta Cannabis foi a maneira de criarmos uma rede de pessoas que estão dispostas a acreditar nessa ideia. É difícil explicar, ser o primeiro e ser inovador nesse sentido. Mas estamos criando vários projetos para trazer mais conhecimento (sobre o tema).”

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Através do perfil numa rede social, que existe há menos de quatro meses, Paternostro já orientou algumas dezenas de atletas, alguns deles da modalidade paraolímpica. As histórias são parecidas: para reduzir a dor e o desconforto que acaba afetando no rendimento, a maior parte deles recorre aos opioides, que causam efeitos colaterais indesejáveis. “(Eles ficam) bem satisfeitos (ao conhecerem mais sobre a cannabis medicinal) e todos tomariam, mas falam que (o tratamento) é muito caro”, disse. 

Projeto-piloto começa com o maratonista Daniel Chaves

Grande case: o maratonista Daniel Chaves, que neste ano irá representar o Brasil na Olimpíada de Tóquio será o primeiro dos 24 atletas que serão monitorados pelo trabalho inédito no Brasil (Foto: Arquivo pessoal)

O primeiro atleta a participar do projeto é o maratonista Daniel Chaves, que neste ano irá representar o Brasil na Olimpíada de Tóquio. “Vamos realizar baterias testes com ele antes de começar o treino, e faremos parciais para medir a performance durante 12 meses”, planeja. “Isso é totalmente inovador. Não tem ninguém fazendo isso.” No dia 18, foi realizada a coleta de material para teste genético, uma das primeiras etapas do longo protocolo que a partir de agora será seguido. 

O objetivo inicial do projeto é a criação de um grupo de atletas que se tratam com cannabis, que terá o acompanhamento técnico necessário, com monitoramento periódico para a medição dos resultados. Primeiramente, serão 24 atletas que terão o desempenho avaliado durante seis meses por meio de estudo controlado. O custo com esse acompanhamento está sendo viabilizado por meio de parcerias com empresas fornecedoras de CBD (Canabidiol), clínicas, planos de saúde, entre outros incentivadores. “Queremos que essa experiência se torne um case para outros atletas e treinadores”, diz. 

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Nas pesquisas que realizou, Paternostro diz não ter encontrado conteúdo de estudo sobre cannabis e esporte que fizesse um protocolo com acompanhamento médico a partir do atleta, mostrando o antes, o durante e o depois do treino. “É um assunto leve, que as pessoas gostam de falar, que foge das patologias e das doenças severas”, avalia. “Quero fazer a provocação da qualidade de vida, do bem-estar, do esporte, quero que a gente discuta sobre isso também.” 

Experiência pessoal de Paternostro com CBD foi o start  

As lesões no triatlo levaram Fernando Paternostro, que é atleta amador e desde criança pratica esportes, a usar óleos de cannabis com CBD e THC (Foto: Arquivo pessoal)

A ligação do empresário com o universo da cannabis vem de 2017. “Estive nos Estados Unidos durante dois anos para mapear o mercado de cannabis, conhecendo todo o ecossistema”, conta. Na oportunidade, ele visitou todos os estados onde a cannabis é legal, conhecendo empresas de genética, bebidas, e micronutrientes. Além disso, conheceu experiências na Colômbia e no Canadá. Logo depois, na volta ao Brasil, ajudou a estruturar um fundo de investimento em São Paulo e atuou no início de empresas como a GreenCare. 

Ele é atleta amador e desde criança pratica esportes, entre eles basquete, corrida de aventura, e, mais recentemente, o triatlo, que exige um volume de treino muito maior do que ele estava acostumado. “Passei a ter muitas lesões relacionadas à corrida, como fascite plantar, canelite e tendinite nos braços”, enumera. 

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Há cerca de quatro meses, ele iniciou o tratamento com dois óleos à base de cannabis, sendo sendo um misto (com CBD e THC) e outro somente com CBD. Começou tomando quatro gotas pela manhã e quatro à noite. Na sequência, o tratamento foi modulado para dez gotas no início e ao final do dia, quando o efeito começou a aparecer. “Não posso dizer que (as dores) sumiram (a partir do tratamento com CBD), mas melhorou 80%. Estava tomando muito anti-inflamatório e tendo dificuldade de alta performance para longa distância por causa das inflamações. Agora, voltei a correr ao que estava acostumado, sem sofrimento. Pela manhã, sentia muita dor para caminhar. Isso foi o que percebi de melhora imediata, além de qualidade de sono e redução do estresse no trabalho.”

Serviço: 

  • Contatos com o projeto Atleta Cannabis podem ser realizados pelo perfil do projeto no Instagram (@atleta.cannabis)

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