Preconceito: 1º obstáculo a ser superado pela maioria dos paciente que faz uso do CBD para tratamento medicinal

Diante desse cenário, fica a pergunta: mas porque a cannabis sofre tanto preconceito?

Publicada em 27/01/2023

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Muita coisa já mudou, mas a cannabis medicinal ainda precisa romper as cortinas do preconceito para ser mais aceita e acessível para pacientes em tratamento de doenças raras. Quando se fala em planta, maconha, erva, os olhos de grande parte da sociedade se voltam para a proibição, tráfico de drogas e criminalidade. Quando isso acontece, todas as propriedades medicinais da cannabis sativa são deixadas de lado. Algo que pode ser considerado um grande desperdício do ponto de vista dos benefícios medicinais por meio do uso do CBD e THC. 

Quem diz isso? Os estudos científicos já comprovaram a eficiência das substâncias da cannabis para o tratamento de patologías, como epilepsia, esquizofrenia, Parkinson, Alzheimer, isquemias, diabetes, náuseas, câncer, como analgésico e imunossupressor, em distúrbios de ansiedade e do sono.

Mas porque a cannabis sofre tanto preconceito?

Sabemos que a planta contém canabinoides como o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD), substâncias extraídas da planta.  Pode estar aí a explicação para a rejeição parcial da sociedade civil e dos médicos em relação aos tratamentos alternativos com a erva.

Como se diz: a diferença entre o veneno e o remédio está na dosagem

É exatamente isso. Os canabinoides na dosagem certa promovem uma série de benefícios para a saúde e podem ajudar a melhorar a qualidade de vida, aliviar as dores, inclusive, em quadros terminais de câncer, por exemplo.

A pesquisadora Claudete Oliveira aponta dois motivos principais para a “demonização” da cannabis: a falta de divulgação dos trabalhos das associações que desenvolvem trabalhos científicos comprometidos com o avanço do setor medicinal e a falta de divulgação dos resultados alcançados por pacientes que optaram pelo tratamento à base de cannabis nos meios de comunicação de massa.

“Quem são esses pacientes? Quais os benefícios que a planta produz. Precisa mostrar que o trabalho das associações é sério”, provocou Claudete  que também está como coordenadora técnica de beneficiamento da APEPI – Associação de apoio a pacientes e pesquisa em cannabis medicinal.

Claudete contou que mora no bairro Guaratiba, na zona oeste do Rio de Janeiro, local onde  grande parte da vizinhança é militar ou evangélica, dois públicos ainda resistentes ao tratamento alternativo. Ela disse que já percebeu que o preconceito gerado por falta do desconhecimento é quebrado quando os vizinhos descobrem que ela mesma trabalha com cannabis medicinal.

“A gente precisa respeitar essas pessoas. Respeitar o Brasil que é um país extremamente religioso. É um país com  suas características com relação a pobreza e a miséria. A pobreza e a miséria estão muito vinculadas ao tráfico de drogas. Então, as famílias têm medo. A gente precisa respeitar esses medos. Não adianta entrar com o pé na porta e falar em maconha recreativa”, pontuou.

Recentemente, a pesquisadora participou de uma série de entrevistas em uma emissora de televisão no Paraná. Segundo ela, o jornalista, evangélico, estava com pré-conceitos em relação à cannabis medicinal. Porém, as coisas mudaram quando foram exibidos depoimentos de profissionais da saúde e mães sobre os resultados dos tratamentos com medicamentos à base de cannabis.

Na opinião dela, quando a informação é levada à sério, a cabeça das pessoas se abrem.“Nós não estamos aqui para legalizar as drogas no Brasil”, defendeu.