Qual leite não lácteo é melhor para o meio ambiente?

Apesar de pesquisas mostrarem que as diferenças nas emissões de gases de efeito estufa sejam mínimas entre um produto vegetal e outro, outros fatores como cultivo, produção e distribuição podem fazer a diferença no quesito sustentabilidade

Publicada em 18/07/2022

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Por João R. Negromonte

Atualmente, para muitas pessoas, a alimentação baseada em vegetais começa com a substituição do leite de vaca comum por aqueles derivados de plantas. De acordo com a Plant Based Foods Association, blogue especializado em padrões tecnológicos e processamento industrial para aproximar os vegetais do sabor e da textura do alimento de base animal, mostrou que 39% das famílias norte-americanas compraram leites vegetais em 2020. 

No geral, isso é uma boa notícia em termos de impacto climático, porque não importa o ingrediente principal, os leites vegetais têm uma emissão de carbono muito menor em comparação com o lácteo.

Embora a pesquisa atual sugira que a diferença nas emissões de gases de efeito estufa de um leite vegetal para outro não seja significativa, fatores relacionados a como e onde os ingredientes foram cultivados, processados ​​e transportados - como água e uso de produtos químicos - afetam o meio ambiente de outras maneiras.

Em geral, a escolha de orgânicos minimiza a pegada de carbono de um alimento, além de reduzir outros impactos ambientais da agricultura. Contudo, essa opção nem sempre está disponível.

Outras causas podem contribuir para a variação desses produtos, como a obtenção dos ingredientes, tratamento das plantas e as embalagens de cada marca. Por isso, se torna difícil a distinção de cada um deles. Entretanto, trouxemos aqui uma comparação que pode ajudar na hora de escolher a melhor opção e mais sustentável entre os leites vegetais, confira as dicas. 

LEITE DE AMÊNDOAS

Apesar de ser uma das opções mais procuradas pelos consumidores, o cultivo de amêndoas usa mais água em comparação com o ingrediente principal em outros leites vegetais. Além disso, a produção dessa cultura leva muitos pesticidas e o processo de fabricação e embalamento do produto final gasta energia (e mais água) para serem feitos. Em outras palavras, faz mais sentido comer amêndoas do que “ordenhá-las”.

LEITE DE CAJU 

O leite de caju é semelhante à amêndoa, porém exigem menos água para ser processado, contudo, ainda consomem o suficiente para causar impacto ao meio ambiente. A sustentabilidade se estende à forma como as pessoas são tratadas. Sabendo que grande parte do processamento das castanhas envolve uma etapa de descasque, muitas vezes perigosa por sua composição mais ácida e feita a mão, grande quantidade dos cultivadores de caju sofrem com a falta de mão de obra, que podem ser atreladas ao trabalho forçado. Por isso, ao beber desta opção, procure empresas que forneçam informações sobre seu suprimento.  

LEITE DE SOJA

A soja tem uma má reputação por depender de muita terra para cultivá-la, normalmente em sistemas que podem levar ao desmatamento, esgotamento do solo e poluição da água. Mas quando cultivada bem e não super processada, pode realmente contribuir para um solo saudável – fixando nitrogênio (um importante nutriente vegetal). As culturas de soja também precisam de menos água do que as culturas de nozes, e mais nutrientes dos grãos acabam no leite, resultando em uma bebida mais nutritiva. Por isso, o leite de soja pode ser uma opção viável, porém, é sempre bom estar atento aos meios de produção.

LEITE DE AVEIA

Como a soja, o leite de aveia geralmente retém mais nutrientes, incluindo fibras, em comparação com o leite de amêndoa. No campo, a aveia requer menos água comparada com outras plantas transformadas em leite. No entanto, alguns agricultores convencionais pulverizam glifosato (também conhecido como Roundup) logo antes da colheita, o que pode contaminar os ecossistemas e a própria colheita e, atualmente, a aveia orgânica é difícil de encontrar. 

LEITE DE CÂNHAMO: HERÓI AMBIENTAL

Mais novo no mercado, o leite de cânhamo ainda não está disponível no Brasil, entretanto, as sementes são supernutritivas e a colheita em si é um herói ambiental! A espécie de cannabis com baixo teor de THC pode ser cultivada sem pesticidas facilmente, é resistente a condições climáticas extremas e tem raízes longas que ajudam a construir um solo saudável. A melhor parte? É incrivelmente bom em retirar carbono da atmosfera – ainda melhor do que as florestas – e restaura solos degradados pela mineração, o que ajuda a mitigar as mudanças climáticas. A única questão é que, devido às restrições legais à produção de cannabis, o cultivo de cânhamo ainda pode ser complicado, por isso muitas empresas precisam obter sementes de todo o mundo. Contudo, na América Latina, países como o Paraguai já apostam na produção do cânhamo para a indústria alimentícia, o que pode servir de exemplo para países vizinhos, como o Brasil.