Saiba quanto o turismo canábico movimenta nos EUA e na América Latina

Cada vez mais turistas procuram passeios que vão desde fazendas de cannabis até hotéis que incluem componentes da planta em sua gastronomia. Mas e o cenário por aqui?

Publicada em 31/05/2022

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Por João R. Negromonte

Conforme a legalização da cannabis se dissemina pelos EUA, a planta acaba se tornando menos estigmatizada. Hoje, segundo pesquisa realizada em maio pela Harris, dois terços dos adultos americanos (68%) apoiam o uso adulto, aplicação esta que vem movimentando a economia do setor há algum tempo. 

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De acordo com dados da Forbes, metade dos millennials, isto é, 50% da geração Y, caracterizada por pessoas nascidas depois da década de 80, dizem que o acesso à cannabis para uso adulto de forma legal, faz a diferença na hora de escolher um destino de férias e, quatro em cada dez pessoas deste grupo (43%), dizem que escolheram especificamente um destino porque a cannabis era legalizada neste lugar.  

Victor Pinho, co-fundador da Emerald Farm Tours, empresa especializada em turismo canábico localizada em São Francisco, EUA, revela, em entrevista à Forbes que: “Eles são turistas e estão fazendo compras – eles estão aqui para gastar dinheiro na meca da maconha”, diz ele, destacando que seus clientes típicos gastam de US$ 300 (R$ 1.419) a US$ 400 (R$ 1.892) no dispensário durante uma visita, cerca de três vezes mais do que os locais.

Outro estudo feito pela empresa de pesquisa de mercado MMGY Travel Intelligence Insights, antes da pandemia de 2020, descobriu que quase 18% dos viajantes de lazer norte-americanos estão interessados em experiências relacionadas à cannabis. Esse número cresce para 62% quando a amostra da pesquisa é reduzida a adultos consumidores de cannabis com mais de 21 anos e renda familiar anual superior a US$ 50 mil.

A indústria do turismo canábico ainda é muito jovem e, torna-se difícil determinar o tamanho que este mercado pode atingir. Contudo, olhando para o setor do excursionismo norte-americano até agora, que movimentou US$ 1,2 trilhão, os dados da cannabis se mostram promissores. 

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Cenário Latino Americano

Devido às legislações de alguns países como o Brasil, onde a comercialização de cannabis ainda  não é permitida, ainda temos uma baixa procura por este tipo de demanda. No entanto, empresas como a WeedTour, criada em 2017, oferece tours e visitas a clubes canábicos, cursos e pacotes para as maiores exposições da América Latina como Expocannabis Uruguai, Expocannabis Argentina e ExpoWeed Chile, onde, diferentemente do Brasil, as leis permitem que este tipo de evento dedicado ao uso adulto aconteça.

Segundo Jonas Rafael Rossatto, diretor da WeedTour: "O turismo canábico na América Latina ainda é bem embrionário por conta de alguns fatores: como a crise latino-americana que surgiu em 2018 e fez com que pessoas deixassem de viajar e a pandemia que deixou o setor do turismo completamente parado. Mas a expectativa é bem positiva." 

Para Rossatto, mesmo com todas as questões burocráticas que envolvem o tema no Brasil, as perspectivas de crescimento deste mercado na América do Sul são promissoras.

"Nós trabalhamos com turismo canábico o ano inteiro. Mesmo com toda a limitação de alguns países em relação a venda pre-rolls (cigarros de maconha enrolados), buquês de cannabis, óleos e etc, na América do Sul, EUA e Europa, os turistas procuram cada vez mais este serviço. É razoável imaginar que muito em breve a cannabis tenha o mesmo protagonismo, ou mais, que o das vinícolas e possa gerar um lucro maior para os produtores do que apenas para o setor de transporte, hotelaria e alimentício. Isso em números, poderia vir a movimentar mais de US$ 4,5 milhões para os produtores com o setor aquecido."

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