Veterinário argentino desenvolve terapias com Cannabis Medicinal para animais

Gastón Nielsen, que é membro fundador do grupo de Veterinários Dedicados às Terapias com Cannabis de Rosário (Vedtcra), aponta para a importância do uso clínico da maconha medicinal em animais

Publicada em 12/01/2021

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Curadoria e edição de Sechat Conteúdo, com informações de Industria Cannabis (Ingrid Sept Lasser)

Gastón Nielsen é um veterinário que se dedica à aplicação clínica da Cannabis Medicinal em seus pacientes, especificamente cães e gatos. Nielsen, juntamente com outros veterinários da cidade de Rosário e arredores, na Argentina, fundou o grupo de Veterinários Dedicados às Terapias com Cannabis de Rosário (Vedtcra). Os profissionais possuem o objetivo de organizar a questão legalmente. O grupo pertence à área veterinária da Aupac (Associação de Usuários e Profissionais pela Abordagem da Cannabis).

O veterinário faz sua primeira abordagem de Cannabis Medicinal com o diagnóstico de Parkinson de seu sogro. Mas foi por meio de um cliente que é membro fundador da Aupac, iniciou a terapia com cannabis desse parente, com ótimos resultados. A partir desse momento, Gáston e sua esposa (também veterinária), começaram a desenvolver tratamentos com cannabis em animais. “A Aupac nos forneceu os primeiros óleos e depois nos aconselhou sobre a formulação. Entre algumas formulações que fiz e a proteção do Aupac, que nos deu suporte, começamos a usá-lo em cães e gatos”, disse Nielsen à Industria Cannabis.

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Os efeitos da Cannabis Medicinal nos animais, segundo Nielsen

Em relação aos tratamentos que realiza, o veterinário comentou que considera o uso de cannabis para a clínica diária. Ou seja, ele não a utiliza apenas para convulsões ou casos muito específicos. “Tenho como mais um tipo de tratamento, embora siga a tendência dos tratamentos empíricos mais clássicos. Tenho também como um tratamento especial para pacientes idosos e como paliativo da dor”. Entre as patologias em que Nielsen aplicou doses de Cannabis Medicinal estão dores osteoarticulares em cães, convulsões refratárias que geralmente não respondem aos tratamentos anticonvulsivantes tradicionais, doenças autoimunes, retenção de urina após castrações e acompanhamento de quimioterapia. De acordo com suas experiências, a cannabis "oferece qualidade de vida até o fim da vida do animal.”

Da mesma forma, o profissional de Rosário afirmou que "particularmente, os pacientes com linfoma que consomem cannabis têm uma sobrevida mais longa do que aqueles que não a consomem". Ele esclareceu que falta investigar qual é o benefício particular que ela desenvolve.

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A importância da troca de experiência com outros profissionais

Em relação à pesquisa acadêmica, dada a falta de artigos ou estudos detalhados devido à patologia e às características dos animais, ele afirma que o mais importante é a troca de experiências. “Usamos muita medicina humana. Levado para a clínica, no país são poucos os veterinários que trabalham com cannabis”, disse Nielsen. Da mesma forma, o veterinário indicou que ainda faltam material de leitura, material de estudo e, nesse sentido, os congressos tornam-se essenciais.

Ele ainda afirmou que aprende muito com a experiência de outros colegas e vice-versa. Por isso, congressos como o Vetcann são muito bons porque há intercâmbio de informações. “Assim como o foco no uso clínico da cannabis em pacientes veterinários é muito importante, o trabalho realizado requer o tecido de redes que articulem e unam profissionais para buscar o enriquecimento de experiências. Além da importância do suporte organizacional.”

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Foi assim que surgiu o Vedtcra

“Por isso, entre o final do ano passado e o início deste ano, entramos em contato para formar esse grupo, para trocar conhecimentos sobre o uso clínico. Temos uma conexão muito boa com a Vetcann, que trabalha na Colômbia há 20 anos”, disse Nielsen. O grupo atua em diferentes etapas do processo de tratamentos medicinais, entre elas, a formulação dos óleos com as proporções de canabinoides indicadas para o abastecimento dos animais. As formulações são feitas por proporção; geralmente em uma proporção de 1: 2 (THC:CBD).

“Sempre se buscam concentrações em que o CBD supera, mas não que só o CBD seja encontrado na composição, segundo nossa experiência”, alertou o veterinário Rosário. Em relação à situação jurídica, Nielsen destacou que a Cannabis Medicinal veterinária ainda não está incluída em nenhum regulamento atual ou proposto. Ainda assim, a organização está promovendo a inclusão da área veterinária, o que pode demorar. Da mesma forma, previu um horizonte importante para o desenvolvimento industrial da Cannabis Medicinal para uso veterinário em poucos anos. Mas vale lembrar, por sua vez, que “deve haver um marco regulatório importante para a qualidade do óleo, do plantio à fabricação.”

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O papel do Estado

Nielsen acrescentou que o papel do Estado é fundamental no que se refere à fiscalização dos óleos. Além disso, afirmou que esse controle não ser viciado por interesses também vai ser fundamental." Ele observou que a particularidade de Rosário é que sempre houve mobilização da cannabis e que há muitos grupos que se mobilizaram politicamente. Existem experiências semelhantes ao grupo Rosário, como Cannvet, na província de Neuquén, ou grupos da Cidade Autônoma de Buenos Aires. Mas o desenvolvimento do conhecimento em medicina veterinária se estende dia a dia por todo o território nacional.

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