Gyzelle fala sobre a batalha contra a Hidradenite Supurativa

Considerada uma doença de pele rara, inflamatória e crônica, entenda como o uso medicinal da cannabis se tornou aliada no tratamento

Publicada em 04/03/2024

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Gyzelle, natural de Valparaíso de Goiás (GO), protagoniza uma jornada de dor e superação enfrentando a Hidradenite Supurativa, uma doença crônica inflamatória da pele que afeta milhares de pessoas em todo mundo, predominantemente mulheres. Por ser de difícil diagnóstico, muitas das vezes os tratamentos se tornam longos e de pouca eficácia.  

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"Começou em 2012, após eu ter meu segundo filho. Umas feridas que parecem espinhas na virilha, sai pus constante e não fecha. Além disso, elas se interligam por dentro da pele, causando imenso desconforto", relata a paciente.  

Semelhantes à furúnculos, a condição dificulta atividades cotidianas e causa sofrimento físico e emocional ao se manifestarem. "As dores são horríveis! Parece que tem uma faca cortando por dentro da pele", relembra Gyselle, que explica que o diagnóstico demorou anos para ser alcançado, durante os quais ela enfrentou uma jornada tortuosa em busca de respostas médicas.

Contudo, em 2017, após uma longa busca, recebeu o diagnóstico oficial de Hidradenite Supurativa. A esperança inicial foi frustrada quando os médicos sugeriram que a cirurgia não era uma opção viável, pois a doença tende a recorrer.  

Desolada, Gyzelle lembra: "Por Deus, eu queria me matar em pensar que viveria com essa doença para sempre."

Sua autoestima foi profundamente abalada, ela enfrentou anos de isolamento e depressão, lutando para encontrar uma maneira de aliviar sua dor constante. "Era uma pessoa desesperada. Não podia ter uma vida normal", ela admite com sinceridade.

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Imagem: Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Hidratenite Supurativa 

Foi somente após anos de tratamentos convencionais, marcados por antibióticos e anti-inflamatórios, que Gyzelle encontrou uma luz no fim do túnel. Ela decidiu explorar o potencial terapêutico da cannabis medicinal, uma opção que proporcionou uma reviravolta em sua qualidade de vida. "Minha médica me disse que eu deveria entrar na justiça para conseguir um tratamento com imunossupressores ou imunobiológicos, e eu optei pela cannabis. Hoje em dia, minhas inflamações estão secas e quando inflamam são mais brandas", compartilha com esperança renovada.

Apesar das barreiras legais e sociais enfrentadas pelos pacientes que buscam tratamentos alternativos como a cannabis, Gyzelle encontrou conforto e alívio em uma abordagem menos convencional. "Foram anos sofrendo com ansiedade generalizada, depressão, pânico e crises nervosas causadas pela doença. Mas depois da cannabis minhas crises diminuíram drasticamente", revela, destacando os desafios emocionais que acompanham sua condição.

A história de Gyzelle é uma narrativa de coragem e perseverança, destacando a importância de explorar todas as opções disponíveis para gerenciar condições médicas complexas e debilitantes. Sua jornada ressalta a necessidade de uma abordagem mais ampla e inclusiva na medicina, reconhecendo o potencial terapêutico de tratamentos alternativos como a cannabis medicinal.