Câmara de São Paulo boicota exposição sobre cannabis industrial

"O que mais revolta é ver a negativa em receber informações. Eles não querem ser informados para entender os potenciais de uma planta", diz organizadora

Publicada em 18/04/2024

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A Câmara dos Vereadores de São Paulo mantém, há mais de duas semanas, uma exposição sobre cannabis escondida dos olhos de visitantes e funcionários do parlamento paulistano. O pedido para realizar a mostra foi feito em 2 de abril pelo vereador Adriano Santos, do PT.

Desde então, a Câmara solicitou informações complementares, enviadas em 4 de abril, mas ainda não tomou uma decisão sobre liberar a exposição. Para tanto, é necessária a anuência de pelo menos três dos cinco vereadores que compõem a mesa diretora, um procedimento que nunca foi considerado problemático, segundo fontes consultadas pela CNN.

A exposição, organizada pelo Instituto InformaCann, já passou pela Câmara dos Deputados, em Brasília, e pela Assembleia Legislativa de São Paulo com o objetivo de levar informação e educação para o público. 

Segundo Manuela Borges, curadora da mostra, ao receber o convite do vereador Adriano Santos, a exposição foi montada na Câmara de Vereadores. Após isso, foi informado de que a amostra precisaria ser aprovada pela mesa diretora da casa, o que não ocorreu. De acordo com o relato de Borges, a rejeição partiu de três vereadores da base evangélica. "Uma censura. Ignorância pura, pois estamos falando de uma fibra. Acabei de voltar dos Estados Unidos, onde participei de um evento e conheci uma série de produtos, como o bioplástico, que pode ajudar a resolver o problema causado pelo plástico no planeta. Eles simplesmente são negacionistas e não querem receber informações, mesmo que essa mostra já tenha sido apresentada no Congresso Nacional, na Assembleia Legislativa de São Paulo e em uma série de eventos científicos", disse.

Para Borges, o que mais revolta é "ver a negativa em receber informações. Eles não querem ser informados para entender os potenciais de uma planta", finaliza.

A Câmara justificou que a mesa diretora tem até 30 dias para tomar decisões sobre o uso de espaços, e alega que um dos pontos em análise é que a exposição inclui material comercial e propagandístico, o que contraria as regras do parlamento.  Segundo a Câmara, toda cessão de uso de espaço da Câmara, independentemente do tema, precisa de autorização da Mesa Diretora por meio da maioria do colegiado.