Entenda as diferenças entre óleo medicinal de cannabis e o utilizado em cigarros eletrônicos

Influenciadoras presas por propaganda ilegal

Publicada em 25/04/2024

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No centro de uma recente operação policial, três influenciadoras foram detidas por promover ilegalmente o uso de óleo de maconha em cigarros eletrônicos. Este incidente traz à tona uma importante discussão sobre as complexidades e distinções entre os produtos derivados da cannabis destinados ao consumo adulto e aqueles empregados para propósitos medicinais.

Composição e Utilização

O óleo de maconha destinado ao uso em “vapes” é caracterizado pela presença proeminente do tetrahidrocanabinol (THC), composto responsável pelos efeitos psicotrópicos associados ao uso recreativo da cannabis, explica o psiquiatra com amplo conhecimento na terapia canabinoide, Dr. Wilson Lessa. “É crucial reconhecer, no entanto, que tanto o THC quanto o canabidiol (CBD) possuem aplicações terapêuticas potenciais, conforme confirmado por estudos científicos”, lembra o médico que continua:

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Óleo à base de canabidiol (CBD) utilizado para fins medicinais | Imagem: Freepik

“O óleo medicinal da cannabis, por sua vez, é elaborado para conter uma miríade de compostos da planta que combinados, ou em sua forma isolada, tem demonstrado eficácia no tratamento de uma variedade de condições médicas, incluindo epilepsia, dores crônicas e transtornos neurológicos.”

Lessa ressalta ainda, que a adulteração de um extrato com solventes, além do aquecimento não controlado, pode aumentar os riscos para quem utiliza vaping não regulamentados. Todavia, por outro lado existem vaporizadores de material vegetal in natura que foram aprovados pela agência europeia de saúde para uso medicinal, permitidos no Brasil para fins de pesquisas.

Legalidade e Acesso

No contexto brasileiro, a venda e a promoção de produtos derivados da cannabis para fins recreativos são estritamente proibidas. No entanto, o cenário muda quando se trata do óleo de cannabis para uso medicinal. Desde 2015, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permite a importação de produtos à base da planta para tratamentos específicos e, a partir de 2019, a venda desses produtos em farmácias foi regulamentada, proporcionando um caminho legal para pacientes que necessitam desses tratamentos.

É fundamental ainda, reconhecer as nuances entre esses produtos derivados da cannabis. Enquanto o óleo de maconha para "vapes" é associado ao uso recreativo e enfrenta restrições legais severas, o óleo à base de cannabis medicinal é amplamente reconhecido por suas propriedades terapêuticas e está disponível legalmente para pacientes que necessitam de tratamentos médicos específicos. Essa compreensão é crucial para garantir o acesso regulamentado e seguro aos tratamentos medicinais adequados.