Liga de futebol americano patrocina pesquisa com cannabis para dores e contusões neurológicas

A NFL, liga norte-americana de “football”, como é conhecido por lá, acaba de investir US $1 milhão em estudos com canabinoides no controle da dor e neuroproteção cerebral para atletas do esporte

Publicada em 03/02/2022

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Por João R. Negromonte

Na última terça-feira (01/2), a liga de futebol americano (NFL), anunciou investimento de US $1 milhão em pesquisas com canabinóides que serão divididos entre duas instituições de ensino superior, uma dos EUA e outra do Canadá. A aplicação servirá de suporte para auxiliar pesquisadores a entenderem melhor os benefícios da cannabis contra traumas decorrentes do jogo. 

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A pesquisa lançada pelo comitê de gerenciamento de dor da NFL no ano passado, pretende dividir o capital entre duas equipes universitárias como parte de um acordo feito entre as instituições e o comitê desportivo. 

Por meio de ensaios clínicos, pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Diego, irão avaliar os efeitos dos canabinóides na dor e na recuperação de lesões de seus jogadores, buscando alternativas menos prejudiciais que os opióides, utilizados normalmente nesses casos. 

Outra instituição que recebeu o benefício foi a Universidade de Regina, em Saskatchewan, província canadense, que utilizará derivados do cânhamo para o estudo do controle da dor. A equipe também analisará as propriedades neuroprotetoras dos canabinóides para reduzir a incidência ou gravidade de contusões agudas e crônicas em jogadores. 

Através do Twitter da Universidade, o Dr. Patrick Neary, fisiologista em exercício e professor da instituição de ensino, revela que: 

“A prevenção e o tratamento de concussões estão no centro da minha pesquisa. Em última análise, este estudo tem o potencial de mudar não apenas a vida de jogadores atuais e ex-jogadores da NFL, mas também a vida de qualquer pessoa que possa sofrer com esses traumas”

https://twitter.com/UofRegina/status/1488556549828136965

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De acordo com dados da liga, entre 2015 e 2019, houve 1.237 contusões registradas. 

Entretanto, segundo comunicado da NFL, o acordo de política de drogas entre o sindicato dos jogadores e a liga não será alterado e os resultados dos estudos pretendem apenas informar estratégias alternativas de controle de alguns traumas comuns no esporte.

Os atuais jogadores da NFL não poderão participar da pesquisa, em vez disso, profissionais da elite do esporte que não atuam na liga participarão. 

No mesmo comunicado, o Dr. Allen Sills, diretor médico da NFL, diz que:

“Assim como a abordagem mais ampla da liga para saúde e segurança, queremos garantir que nossos jogadores recebam cuidados que refletem o consenso médico mais atualizado,” e continua, “embora o ônus da prova seja alto para os jogadores da NFL que desejam entender o impacto de qualquer decisão médica em seu desempenho, somos gratos por termos a oportunidade de financiar esses estudos cientificamente sólidos sobre o uso de canabinóides que podem levar à descoberta de evidências baseadas em dados afetando diretamente o gerenciamento da dor desses atletas.”

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Até 2016, a NFL não reconhecia a relação entre o esporte e a encefalopatia traumática crônica (ETC) – um termo usado para descrever a degeneração cerebral provavelmente causada por traumatismo craniano repetido – muito comum em jogadores e ex-atletas. 
Como a doença só pode ser diagnosticada após a morte, isso dificultava a comprovação dessa teoria, no entanto, a partir de 2016, estudos descobriram ETC em quase todos os cérebros doados para pesquisa por ex-jogadores da NFL, o que os leva a crer que existe sim uma relação direta entre os praticantes do esporte e o desenvolvimento da patologia.