O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição neurodesenvolvimental caracterizada por dificuldade de foco, hiperatividade e impulsividade. Apesar de seus desafios, muitos especialistas veem o TDAH como uma forma de neurodivergência, uma variação natural na forma como os cérebros processam informações, trazendo consigo tanto benefícios quanto dificuldades. No entanto, os problemas de sono, ansiedade e depressão associados ao transtorno podem impactar negativamente a vida dos indivíduos, afetando seu desempenho escolar, profissional e suas relações sociais.

Um estudo observacional recente realizado no Reino Unido traz novas esperanças para os portadores do distúrbio. A pesquisa monitorou pacientes diagnosticados com TDAH que fizeram uso de cannabis medicinal durante um período de 12 meses. Eles relataram melhorias significativas na ansiedade, na qualidade do sono e na qualidade de vida relacionada à saúde. Além disso, a maioria dos participantes tolerou bem a cannabis, com menos de um quinto relatando efeitos colaterais negativos, a maioria dos quais foi moderada.

A cannabis é conhecida por ativar o sistema endocanabinoide, um sistema que pode estar comprometido em indivíduos com TDAH. Estudos pré-clínicos sugerem que a cannabis pode ajudar a aumentar a concentração, a motivação, o aprendizado, a memória, além de reduzir a hiperatividade e a impulsividade. Esses resultados apontam para o potencial da planta como uma alternativa eficaz aos medicamentos tradicionais, como Adderall e Ritalina, que, embora eficazes, podem causar efeitos colaterais significativos, como perda de apetite, insônia, desregulação emocional e eventos cardiovasculares adversos.

Apesar dos resultados positivos, os autores do estudo advertem que essas descobertas ainda não são definitivas e destacam a necessidade de mais pesquisas para entender plenamente os efeitos da cannabis no TDAH. É importante também considerar que alguns estudos indicam que a cannabis pode piorar a função cognitiva em alguns pacientes com TDAH, ressaltando a complexidade e a necessidade de abordagens individualizadas no tratamento da condição.