Regeneração parcial da Cannabis via protoplastos marca novo avanço na biotecnologia vegetal
Pesquisa revela regeneração parcial da Cannabis a partir de protoplastos, destacando a resposta celular ao estresse e o potencial biotecnológico da planta
Publicada em 02/06/2025

Estudo revela novas pistas para regeneração da Cannabis sativa | CanvaPro
A Cannabis sativa é uma planta que guarda muitos mundos em si. Seja na potência dos seus canabinoides, na resistência de suas fibras, ou na ancestralidade de seu uso humano, ela continua desafiando os limites da ciência moderna. Agora, um novo avanço dá voz a uma de suas partes mais silenciosas: a célula isolada, o protoplasto.
Pesquisadores envolvidos no estudo “Cultura de protoplastos precoce e regeneração parcial em Cannabis sativa: dinâmica da expressão gênica da proliferação e resposta ao estresse” conseguiram realizar, pela segunda vez na história, a regeneração parcial de plantas de cannabis a partir de protoplastos, que são nada mais do que células que tiveram suas paredes removidas, deixando apenas o essencial para a vida: a membrana, o citoplasma e o núcleo. Um feito que, para além da técnica, é também um manifesto sobre resiliência.
A pesquisa identificou que folhas muito jovens, com apenas uma a duas semanas de idade, são as mais propensas a gerar protoplastos viáveis.
Cultivadas in vitro, essas folhas carregam o vigor necessário para enfrentar o delicado processo de isolamento celular. Quando colocadas em um meio de cultura modificado, originalmente desenvolvido para a modelo vegetal Arabidopsis thaliana, essas células começaram a dividir-se novamente, dando origem aos primeiros microcalos: estruturas iniciais de regeneração.
Mas o que mais impressionou foi o que aconteceu no plano molecular. Ao analisar a expressão gênica dos protoplastos durante esse processo, os cientistas perceberam que essas células, mesmo fora de seu contexto natural, não só sobreviveram, mas reentraram no ciclo celular, reagiram com vigor ao estresse oxidativo e mantiveram viva a esperança da regeneração.
“É como se a planta estivesse tentando se lembrar de como nascer de novo”, resume uma das pesquisadoras. E nesse esforço, cada gene ativado conta uma parte da história de como a cannabis responde ao trauma, se reorganiza e, em certa medida, se cura.
Embora a regeneração completa ainda não tenha sido alcançada, o avanço é significativo. Ele não só ilumina os desafios intrínsecos aos sistemas protoplasto-planta na cannabis, como também desenha uma trilha possível para futuras aplicações na engenharia genética, edição genômica e produção de compostos bioativos sob controle mais preciso.
Em tempos em que o mundo olha para a cannabis com novos olhos, e seguem atentos ao seu potencial terapêutico, agrícola e industrial, entender os mínimos detalhes da sua biologia celular é também um passo ético.
Um jeito de cuidar da planta com a mesma dedicação com que ela vem cuidando de tantos pacientes, agricultores e pesquisadores.
Com informações da Frontiers.