Guaíba discute regulamentação da cannabis medicinal

O programa tem como principal objetivo ampliar o acesso à cannabis medicinal, alinhando-se às práticas internacionais seguidas em países como Canadá, Estados Unidos e Israel.

Publicada em 28/08/2024

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Liane Pereira, primeira paciente autorizada a realizar plantio e extração caseiras dos medicamentos, fala em audiência na Câmara de Guaíba. Foto: Fábio Araújo / CMG

A Câmara de Vereadores de Guaíba promoveu, no sábado (24), uma audiência pública para debater o projeto de lei que visa implementar o Programa Municipal de Uso de Cannabis para Fins Medicinais. A iniciativa, proposta pelo vereador João Caldas (PDT), busca modernizar as políticas de saúde na cidade.

O programa tem como principal objetivo ampliar o acesso à cannabis medicinal, alinhando-se às práticas internacionais seguidas em países como Canadá, Estados Unidos e Israel. Com isso, a cidade espera oferecer um tratamento mais eficaz para pacientes que enfrentam condições como epilepsia, transtorno do espectro autista, esclerose múltipla, doença de Alzheimer e fibromialgia.

Além de proporcionar um melhor atendimento médico, a proposta visa mitigar as consequências clínicas e sociais dessas patologias, promovendo uma atualização nas políticas públicas locais referentes ao uso da cannabis.

Durante a audiência, Liane Pereira, primeira paciente autorizada a realizar o plantio e a extração caseira de medicamentos à base de cannabis, falou sobre os anos de desafios ao lado da filha, que sofre de epilepsia desde o nascimento. A menina começou a tomar remédios já no primeiro mês de vida e, aos dois meses, passou a usar anticonvulsivos fortes, chegando a tomar cinco medicamentos simultaneamente, mas ainda sofrendo mais de 60 crises diárias.

Diante das dificuldades, os pais decidiram cultivar a planta em casa, iniciando o uso do óleo em setembro de 2018, o que trouxe alívio significativo à condição da filha.

Benefícios da cannabis para diversas condições médicas

Os benefícios da cannabis para a saúde têm sido amplamente estudados e reconhecidos em diversas áreas da medicina, principalmente por suas propriedades terapêuticas e o potencial para tratar uma ampla gama de condições médicas. A seguir, alguns dos principais benefícios:

1. Alívio da Dor Crônica

A cannabis é amplamente utilizada para o alívio da dor crônica, especialmente em pacientes que sofrem de condições como artrite, fibromialgia e esclerose múltipla. Seus compostos, como o THC e o CBD, interagem com o sistema endocanabinoide do corpo, ajudando a reduzir a percepção da dor.

2. Controle de Sintomas em Doenças Neurológicas

Condições neurológicas como epilepsia, esclerose múltipla, e doença de Parkinson têm mostrado resposta positiva ao tratamento com cannabis. O CBD, em particular, tem demonstrado eficácia em reduzir a frequência e a intensidade de convulsões em pacientes com epilepsia resistente a medicamentos.

3. Redução da Ansiedade e Melhora do Sono

A cannabis pode atuar como um ansiolítico natural, ajudando a reduzir a ansiedade em pacientes com transtornos de ansiedade generalizada, transtorno do pânico e PTSD (transtorno de estresse pós-traumático). Além disso, muitos usuários relatam melhora na qualidade do sono, devido ao efeito relaxante da planta.

4. Náuseas e Estímulo do Apetite

O uso de cannabis é comum entre pacientes em tratamento quimioterápico, pois ajuda a controlar náuseas e vômitos induzidos pela quimioterapia. Além disso, a cannabis pode estimular o apetite em pacientes com condições como HIV/AIDS ou em tratamentos que resultam em perda de peso severa.

5. Propriedades Anti-inflamatórias e Imunossupressoras

Os canabinoides presentes na cannabis possuem propriedades anti-inflamatórias, que podem ser benéficas no tratamento de doenças autoimunes, como a artrite reumatoide, e condições inflamatórias crônicas. Além disso, a cannabis pode atuar como um imunossupressor, ajudando a controlar a resposta imunológica em certas doenças.

Impacto da regulamentação da cannabis medicinal em Guaíba 

Se aprovada, a lei permitirá à cidade promover o diagnóstico e tratamento de pacientes que podem se beneficiar da cannabis medicinal, incentivar políticas públicas para disseminar informações sobre a terapêutica canábica e apoiar estudos e pesquisas sobre os usos terapêuticos e tradicionais da planta.

Com informações do GZH