Após 19 anos de crise, cannabis devolve qualidade de vida a paciente
Autismo, depressão, ansiedade e o uso terapêutico da cannabis. "Eu não sabia mais o que fazer", diz mãe
Publicada em 29/12/2023
O diagnóstico de autismo para o Luiz Miguel Pedroso veio logo na primeira infância e junto com ela a opção convencional de tratamento realizada pelo CAPS Infantil (Centro de Atenção Psicossocial), unidades de atendimento criadas pelo governo e destinadas ao atendimento de pessoas com sofrimento mental grave.
Na tentativa de controlar as crises, Luiz Miguel chegou a tomar mais de 15 diferentes medicamentos diariamente e mesmo assim, não surtia efeito.
“Mesmo fazendo uso de tantos medicamentos todos os dias, eu não via melhora no quadro do meu filho, ao contrário, eu só via piora. Ele regredia cada vez mais. Eu não sabia mais o que fazer. A assistente social chegou a pedir para deixar ele em casa. A escola também se recusou a dar continuidade ao acompanhamento dele, pois era muito difícil lidar com as crises”, relembra a mãe Roberta Araújo Pedroso.
A cannabis como última esperança
Após ouvir relatos de pessoas e famílias que estavam se beneficiando do uso da cannabis em diversas patologias, Roberta começou a pesquisar sobre essa possibilidade, afinal, os medicamentos receitados pelos médicos não estavam ajudando seu filho.
“Eu comecei a conversar com pessoas que usavam a cannabis e todas falavam muito bem, como eu já havia tentado de tudo e as crises do meu filho não melhoravam, eu decidi por conta própria buscar esse tratamento, que como um presente de Deus mudou a vida do meu filho e a minha também”, reforça Roberta.
Instituto Adesaf
Sem condições financeiras de custear o tratamento Roberta conseguiu através do Instituto Adesaf o tratamento para seu filho.
Fundado há 22 anos na baixada santista, o Instituto Adesaf, uma organização não governamental, realiza diversos trabalhos sociais, entre eles o fornecimento do óleo de cannabis para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), epilepsias, dores crônicas, Parkinson, Alzheimer, entre outras.
Hoje, o Adesaf conta com uma área de cultivo e um laboratório próprio para produção dos remédios à base de cannabis e de outras plantas medicinais que são destinados gratuitamente a pessoas em situação de vulnerabilidade social, como é o caso da Roberta e de seu filho.
Além do óleo, o instituto, através do Nasci (Núcleo de Atenção à Saúde e Cuidados Integrativos) oferece todo o suporte ao tratamento com a planta, como consulta e acompanhamento terapêutico.
Todo esse conjunto de ações que o Adesaf pratica com seus pacientes são fundamentais para o sucesso dos tratamentos.
“A cannabis impactou na minha vida e na do meu filho de uma forma muito grande. Hoje nós temos qualidade de vida. Ele tem todo o suporte e atendimento no Nasci. Os funcionários são incríveis, as terapias que ele faz, o acompanhamento dos médicos, o remédio, tudo excelente. Meu filho é outra pessoa, uma criança que vivia trancada em casa hoje tem convívio social, voltou pra escola e é elogiado pelas professoras. Só uma mãe que passou pelo que passei entende o valor que isso tem. Não sei o que seria da minha vida sem a cannabis e sem o Adesaf, eu só agradeço”, destaca Roberta.