Desvendando o potencial dos canabinoides no controle de pragas em lavouras 

Pesquisa na Universidade Cornell aponta para uma nova fronteira no desenvolvimento de pesticidas naturais

Publicada em 13/12/2023

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Por João Negromonte com informações de Hemp Today

Os canabinoides presentes na cannabis podem se tornar a base para o desenvolvimento de pesticidas naturais, conforme revelado por uma pesquisa conduzida na Universidade Cornell. Larry Smart, renomado criador de plantas e professor na Escola de Ciência Integrativa de Plantas da instituição de ensino, liderou experimentos que indicam uma relação inversamente proporcional entre a concentração de canabinoides nas folhas de cânhamo, subespécie de cannabis com baixo teor de Tetrahidrocanabinol (THC), e os danos causados por pragas mastigadoras, isto é, aqueles que consomem de partes da planta para se alimentarem. 

O estudo não apenas desvenda um possível uso dos derivados da cannabis na proteção de plantas, mas também sugere a criação de pesticidas destinados exclusivamente a cultivos não destinados ao consumo humano. Isso se deve às propriedades farmacológicas dos compostos, como CBDA, THCA e CBGA, produzidos naturalmente pelas plantas e que se convertem em CBD, THC e CBG quando aquecidos. 

No âmbito da pesquisa, Smart destaca que os canabinoides atuam como "compostos defensivos", acumulando-se nas flores femininas para proteger as sementes. Embora a especulação sobre esses compostos tenha sido predominante nas últimas décadas, esta pesquisa fornece resultados experimentais abrangentes sobre a relação direta entre a acumulação destas substâncias e os efeitos nocivos sobre insetos. 

George Stack, pesquisador de pós-doutorado e um dos autores do estudo, destaca a relevância da pesquisa para o desenvolvimento de novos cultivares de cânhamo compatíveis com THC, mantendo defesas naturais contra herbívoros. O programa de melhoramento de cânhamo Cornell, iniciado em 2017, observou que variedades sem canabinoides eram mais suscetíveis a danos causados por insetos, revelando a eficácia potencial desses compostos. 

Entretanto, o estudo enfatiza a necessidade de mais pesquisas para compreender completamente contra quais pragas os canabinoides são eficazes. O pesquisador Stack aponta para possíveis barreiras regulatórias devido às propriedades farmacológicas dos compostos, destacando a importância de estudos futuros para avaliar a eficácia dos canabinoides contra insetos sugadores de seiva, como pulgões. 

O pulgão é um pequenos inseto que se alimenta sugando a seiva das plantas e se multiplicam com extrema rapidez. (Imagem: Reprodução)

O desenvolvimento futuro também explorará se outras espécies de plantas que produzem canabinoides, como a planta guarda-chuva lanosa sul-africana, podem beneficiar-se dessas propriedades inseticidas. Caso positivo, isso seria um exemplo notável de evolução convergente em diferentes espécies e locais. 

O estudo contou com a colaboração de pesquisadores da Faculdade de Agricultura e Ciências da Vida da Cornell, destacando a diversidade de disciplinas envolvidas, desde entomologia até melhoramento de plantas e biologia vegetal. O projeto foi financiado pelo Departamento de Agricultura e Mercados do Estado de Nova York, através da Empire State Development, consolidando o apoio estadual ao avanço dessa promissora área de pesquisa. 

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