Mercado canábico pode gerar mais de 328 mil empregos em 4 anos no Brasil

Cannabis pode gerar impacto econômico de R$ 26 bilhões no período, de acordo com estudo

Publicada em 03/11/2023

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Por Leandro Maia

A criação de empregos é fundamental para a economia brasileira que fechou o 3º trimestre de 2023 com uma taxa de desemprego de 7,7%, somando 8,3 milhões de pessoas desempregadas, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados pelo IBGE, no dia 31 de outubro. O mercado da cannabis cria grande expectativa para a geração de emprego no Brasil. Segundo a consultoria especializada em dados, Kaya Mind, o país tem potencial de criar mais de 328 mil empregos, entre formais e informais, nos próximos quatro anos, considerando todas a cadeia produtiva da cannabis. Além disso, o estudo projeta um impacto econômico de aproximadamente R$ 26 bilhões durante esse período.

De acordo com a pesquisa, somente o segmento de medicamentos relacionados à cannabis movimentou R$ 130 milhões em 2021, registrando um crescimento notável de 124% em comparação com o ano anterior. Atualmente, o Brasil abriga mais de 80 empresas dedicadas ao mercado da cannabis, a maioria delas de pequeno porte, oferecendo uma variedade de cerca de 1,9 mil produtos relacionados à planta para os consumidores.


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Em Brasília, um modelo de negócio que ganhou o nome de "O Dispensário" é a aposta da empresária Juliana Guimarães para fazer parte desse mercado em crescimento. No espaço, há produtos terpenados — usados principalmente para conferir cheiro e sabor, mas sem canabinoides, apenas inspirados na cannabis. Quem frequenta também pode provar cafés terpenados, cervejas artesanais com blend de óleos e até chocolates. Para os entusiastas do lifestile, a organização do local preparou ainda uma curadoria especial de roupas e acessórios.

Imagem fornecida pela assessoria.

"A gente pode ter aqui múltiplas oportunidades de desenvolvimento mercadológico no Brasil. O mercado pet, o mercado de esportes com suplementação. Então, acho que chegou a hora da gente ter um olhar menos preconceituoso e entender também qual é o potencial de desenvolvimento que o Brasil tem tratando esta planta com seriedade e dando os parâmetros regulatórios para cada um dos segmentos. Acho que a gente está chegando nesse momento de maturidade", diz Guimarães, cofundadora da empresa.

O estudo também destacou os investimentos de venture capital na indústria da cannabis, que totalizaram US$ 1,2 bilhão em todo o mundo na última década (2011-2020). O mercado da maconha medicinal, por si só, é projetado para atingir US$ 62,7 bilhões até 2024, enquanto a indústria global da cannabis, incluindo o uso recreativo e industrial, deve movimentar US$ 197 bilhões até 2028.

"Eu acho que depois de tantos anos de proibição, muito pautado na desinformação, no preconceito e questões socioeconômicas culturais, chegou a hora de começar a entender que a cannabis ativa é matéria-prima para múltiplos mercados, tal qual a cana de açúcar é. A cana é matéria-prima para drogas também, que são lícitas, que são reguladas como açúcar, álcool, mas também para outros mercados. A cana é uma matéria-prima que o Brasil, sendo continental como é, com todas as condições climáticas que temos, poderíamos ser grandes produtores com genéticas específicas, mas que a depender de para qual segmento de mercado tornar-se a matéria-prima, tem que se ter uma regulação específica", reforça.