Proibição do cultivo, altos preços e pouca variedade no varejo, obriga brasileiros a recorrerem à importação de produtos de cannabis

Mesmo com o aumento da procura por esse tipo de produto, importação ainda é o meio de acesso mais utilizado atualmente

Publicada em 28/06/2023

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Por redação Sechat

Em 2023, observou-se um aumento significativo na busca por cannabis medicinal em farmácias no Brasil. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Canabinoides (BRcann), houve um crescimento de mais de 200% no volume de itens comercializados em comparação com o mesmo período do ano anterior. No entanto, a importação individual ainda prevalece como a principal forma de acesso à terapia no país.

Fato é que, essa dependência ocorre devido a alguns fatores, como a proibição do cultivo da planta no Brasil, a limitada variedade de produtos nas drogarias e os preços ainda elevados no mercado nacional, que impedem a produção completa de medicamentos e, consequentemente, a redução de custos e o aumento da oferta.

Desde 2015, a terapia com produtos à base de canabidiol (CBD) ou com baixas concentrações de tetrahidrocanabinol (THC), duas das cerca de 500 substâncias encontradas na planta Cannabis Sativa, passou a ser permitida no Brasil por meio de uma resolução inicial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que autorizou a importação individual para pacientes autorizados.

Desde então, dados da agência revelam que mais de 181 mil permissões foram concedidas, com validade de dois anos, número que continua crescendo. Apenas no primeiro trimestre de 2023, foram emitidas 27.687 autorizações, representando um aumento de 82,9% em relação a 2022. Comparado a 2021, o crescimento chega a 306,5%.

Fonte: Anvisa

De acordo com o anuário de 2022 da Kaya Mind, uma empresa especializada em dados do mercado canábico, a importação individual ainda é a principal forma de acesso à terapia no país. O relatório, com dados coletados até agosto de 2022, estima que aproximadamente 187 mil brasileiros utilizam cannabis medicinal, sendo cerca de 91 mil por meio de importação individual e apenas 26 mil por meio da compra em farmácias.

Além disso, cerca de 70 mil pessoas recorrem a associações que fornecem produtos com preços mais acessíveis para famílias de baixa renda. Isso se deve ao fato de que seis dessas associações conquistaram, por meio de liminares judiciais, o direito de cultivar a planta e produzir o próprio óleo.