"A classe odontológica não pode ter medo de prescrever cannabis", afirma advogada
Especialistas debatem a importância da integratividade na odontologia canabinoide e a segurança jurídica do processo
Publicada em 02/06/2024
Debater a relevância da integratividade no tratamento odontológico com canabinoides e sua segurança jurídica. Essa foi a proposta da sessão de abertura do último dia (25), do Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal. Durante a palestra do módulo Odonto Cannabis, Sidney Rafael das Neves, Cynthia de Carlo e Marcela Sanches explicaram como unir o paciente aos cuidados com a saúde. A moderação da sessão ficou por conta da dentista Carina Cukierman.
Segundo Cynthia, membra da Sociedade Brasileira de Estudos da Cannabis (SBEC) e do Centro de Excelência Canabinoide (CECMEDIC) a boca funciona como um estabilizador de todo o corpo humano. "A odontologia integrativa trabalha corpo, alma e mente como um só. E a integratividade começa pela nossa boca. A terapia canabinoide melhora a qualidade de vida, atuando na dor, ansiedade, insônia, cefaleia, inflamações periodontais, dentre".
A cirurgiã-dentista ainda pontuou o local da cannabis, como coadjuvante, no início do tratamento. "Todos os pacientes chegam já polimedicados. Depois do contato com a cannabis, começa o desmame dos outros produtos", ressalta a dentista.
Alinhado ao pensamento da colega, Sidney, 2º vice-presidente da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (APCD), ressaltou a importância do cuidado completo durante o tratamento. "O cirurgião-dentista tem como missão tratar o paciente da melhor maneira possível. Eu sinto que o meu trabalho esta incompleto se eu não conseguir tratar os sintomas emocionais das pessoas".
Após pergunta do público, a mediadora Carina destacou a informação como aliada da cannabis. "A chave de todo o processo são os médicos e os dentistas, precisamos reformar a educação dos prescritores. Infelizmente ainda existe preconceito e insegurança quanto a pauta".
Segurança Jurídica
Em 2023, a Anvisa emitiu cerca de 136 mil (95,6%) autorizações de produtos derivados da cannabis, por meio da RDC 660/2022. Destas, 6.119 (4,4%) foram emitidas por prescrições odontológicas. Estes dados, sobre autorização para importação, abriram a fala da advogada Marcela. Além destas informações, a membra da Comissão do Direito do Setor da Cannabis Medicinal (OAB/RJ) ainda pautou a portaria 344/1988, reconhecendo os dentista, médicos e veterinários como prescritores de cannabis e a RDC 327/2019.
Além disso, Marcela tranquilizou os dentistas presentes, afirmando que "a classe não precisar ter medo de prescrever cannabis", em toda a sua carreira, a advogada não teve acesso a nenhum caso de profissional processado por prescrever cannabis.
Para a congressista, Ana Carolina, cirurgiã-dentista e dona do Instagram @dra.anacannabis, momentos como o CBCM trazem segurança para os médicos prescritores de cannabis. "Tenho a segurança do consultório, do contato com o pacientes, mas este evento traz possibilidades diferentes. Estou tendo a oportunidade de escutar profissionais renomados da área, que realizam estudos sobre cannabis".
O módulo Odonto Cannabis, presente na 3ª edição do CBCM, busca apresentar um panorama das doenças odontológicas tratáveis com cannabis. Também, promove a discussão de casos clínicos, facilitando o diagnóstico e a prescrição segura e alinhada à regulamentação odontológica.