No embalo dos afetos, dos lençóis e das curiosidades que se acendem em datas como o Dia dos Namorados, celebrado no dia 12 de junho no Brasil, um tema vem ganhando espaço nos quartos e nas conversas: a cannabis como aliada do prazer sexual. Entre mitos, tabus e uma nova onda de bem-estar, há quem descubra, na planta, um caminho para redescobrir o próprio corpo, e o do outro, com mais presença, sensibilidade e entrega.

A ginecologista Mariana Prado, especialista em saúde íntima e bem-estar sexual, acompanha de perto esse movimento e explica que a cannabis pode influenciar o prazer feminino de forma multifatorial: “Fisiologicamente, ela atua no sistema endocanabinoide, que está envolvido em funções como dor, humor e prazer. O THC, por exemplo, pode aumentar o fluxo sanguíneo na região pélvica e genital, intensificando a lubrificação e a excitação. Já o CBD contribui para o relaxamento e a redução da ansiedade”, pontua.

Cannabis e Sexo: o sentir diferente de cada um

Em tempos de relações cada vez mais conscientes, e de uma sexualidade que vai muito além da performance, a planta surge como aliada do slow sex, do toque que respeita o tempo e do orgasmo que começa fora da cama. “Muitas pacientes relatam aumento da sensibilidade tátil, intensificação dos orgasmos e uma conexão emocional mais profunda com o parceiro ou parceira”, conta Mariana.

Mas, como em toda dança a dois, o segredo está na sintonia. E na dosagem. A médica reforça que doses mais altas podem causar desconexão, sonolência ou até queda do desejo, especialmente nos homens, enquanto as mulheres tendem a ser mais sensíveis aos efeitos da cannabis. “Fatores hormonais e a maior densidade de receptores endocanabinoides no cérebro feminino podem explicar essa diferença. Por isso, o uso precisa ser individualizado”.

Uma pesquisa publicada no Journal of Cannabis Research investigou a influência da cannabis no funcionamento e na satisfação sexual, trazendo novas contribuições à literatura científica sobre o tema. O estudo apontou que o uso da planta pode estar associado à melhora da qualidade da experiência sexual, especialmente entre mulheres. Entre as implicações médicas destacadas, está o potencial uso terapêutico da cannabis no tratamento de disfunções sexuais, ampliando as possibilidades de cuidado e bem-estar íntimo.

Sabemos que pessoas que usam cannabis têm maior probabilidade de se relacionarem com outras que também consomem. Isso cria uma base de valores compartilhados e fortalece a intimidade. Além disso, diferentes tipos e formas de uso provocam efeitos distintos e podem ser combinados com o clima do momento. 

Óleos, lubrificantes e a revolução íntima

E se engana quem pensa que a cannabis só entra na cena via vaporizadores ou comestíveis. Lubrificantes e óleos íntimos com CBD e THC vêm ganhando espaço nas gavetas dos casais mais curiosos e, claro, com respaldo ginecológico. “Esses produtos têm mostrado bons resultados no alívio da dor durante a relação e na intensificação do prazer. Ainda faltam mais estudos, mas os relatos são positivos. A dica é buscar fórmulas específicas para uso íntimo e sempre de marcas confiáveis”, alerta a ginecologista.

Para quem quer experimentar, o caminho não precisa ser apressado. Um banho a dois, um toque mais demorado, uma respiração sincronizada. Talvez um óleo de CBD, um riso solto, uma playlist boa. O prazer, afinal, também floresce quando a gente desacelera e, principalmente, se permite sentir.