Cannabis medicinal: Alternativa para tratamento de depressão e ansiedade

Fitoterápico pode proporcionar 60% de redução dos sintomas de ansiedade, 50% de redução dos sintomas de depressão e 25% de redução de burnout

Publicada em 15/10/2024

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Uso medicinal da Cannabis | Imagem: Vecteezy

A cannabis medicinal já é uma saída para milhares de brasileiros que sofrem de depressão, aponta estudo publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA). O trabalho mostra que o uso do fitoterápico pode proporcionar 60% de redução dos sintomas de ansiedade, 50% de redução dos sintomas de depressão e 25% de redução de burnout. No último setembro amarelo, que veio lembrar a todos sobre a importância da saúde mental na prevenção ao suicídio, também é essencial recordar que o tratamento com a cannabis para fins medicinais é uma opção terapêutica potencial para pacientes que não tiveram sucesso com tratamentos convencionais, ou aqueles que  buscam alternativas com menos efeitos colaterais.

Segundo a OMS, o Brasil é um dos países mais depressivos e ansiosos do mundo. Cerca de 5,8% da população brasileira - 12,3 milhões de pessoas - sofrem com a depressão e 9,3% - 19,7 milhões de pessoas - têm problemas com ansiedade. Um reflexo disso é que no primeiro semestre de 2023, ante igual período do ano anterior, a venda de antidepressivos nas farmácias brasileiras cresceu 37%, aponta a Vidalink, companhia de bem-estar corporativo.  Vale lembrar que antidepressivos e ansiolíticos alopáticos precisam ser usados com muito cuidado já que alguns danos podem ser mais intensos do que os benefícios.

Segundo o Núcleo de Estudos em Saúde Pública da Universidade de Brasília, (CEAM/UnB), estudo publicado na revista JAMA Network mostra a eficácia da cannabis medicinal da redução dos sintomas de ansiedade e depressão, distúrbio que já foi definido pela OMS como “o mal do século”. Esses trabalhos concluíram que o canabidiol (CBD) age na redução da ansiedade e no transtorno da ansiedade generalizada porque modula os níveis de serotonina, que regula o humor, o sono e combate o estresse.

 

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Leandro Ramires e seu filho Benício em meio ao cultivo pessoal de cannabis para fins medicinais | Foto: Reprodução/Facebook

“A manipulação adequada do sistema endocanabinoide com derivados de Cannabis, para tratamento do transtorno misto de ansiedade e depressão, mostra bons resultados de forma contínua, segura e com pouquíssimos efeitos adversos”, explica o Dr Leandro Ramires,  coordenador médico científico da Associação Brasileira de Pacientes de Cannabis Medicinal (Ama-me), a primeira do país voltada ao uso da maconha com fins medicinais. Além de pai de Benício, um adolescente de 16 anos, portador da Síndrome de Dravet, que usa a cannabis medicinal para controlar convulsões recorrentes e comportamento autista, Leandro é cultivador, pesquisador e  prescritor de cannabis há mais de 10 anos no Brasil.

A opção por cannabis medicinal para o tratamento de sintomas ansiosos e depressivos também evita os efeitos colaterais dos antidepressivos e possíveis interações medicamentosas decorrentes do uso combinado de medicações, já que o tratamento tradicional raramente se apoia em uma única substância.

A consultora de imagem Lívia Barbosa Torres Queiroz, 29, recebeu o seu primeiro diagnóstico de depressão aos 14 anos. O tempo passou, mas o problema persistiu e ela iniciou o uso de anti-depressivos e ansiolíticos, cujos efeitos colaterais logo bateram à sua porta. Com as medicações, Lívia tinha dificuldade para sair da cama e o sono era pouco reparador. Há cerca de três meses, ela iniciou um tratamento com cannabis medicinal. O óleo do fitoterápico foi introduzido aos poucos e, hoje a consultora de imagens já conseguiu se livrar de um dos dois antidepressivos e ansiolíticos que usava.

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Lívia Barbosa | Imagem: Arquivo

“O óleo devolveu meu sono de qualidade. Acordo descansada, sem aquele peso matinal causado pelos remédios”, comemora. Com a mudança de qualidade de vida obtida com o uso da cannabis medicinal, Lívia voltou a fazer atividades físicas cinco vezes por semana. “Já posso dizer que vivo sem o efeito rebote, tenho mais qualidade de vida, mais ânimo e foco nos meus objetivos, nos meus quereres no lazer e na vida profissional. A tendência é me libertar totalmente dos antidepressivos”, conclui Lívia.

 

Com informações de Ama+me