Especialistas do Reino Unido indicam diretrizes para padronizar prescrição de cannabis

As novas regras visam trazer mais clareza sobre dosagens, níveis de THC e elegibilidade de pacientes, aumentando a segurança e a consistência dos tratamentos

Publicada em 06/10/2025

Especialistas do Reino Unido indicam diretrizes para padronizar prescrição de cannabis

Em seu relatório anual, a CQC levantou preocupações sobre lacunas na supervisão, justificativa clínica e conformidade com regras de publicidade em algumas clínicas privadas. Imagem: Canva Pro

Novas diretrizes sobre níveis de THC, dosagens e elegibilidade de pacientes foram publicadas para trazer mais clareza e consistência à prescrição de cannabis medicinal no Reino Unido. Quase sete anos após a legalização, a medida busca padronizar as práticas no crescente mercado privado.

Atualmente, cerca de 180 consultores especialistas prescrevem ativamente, mas quase todas as prescrições ocorrem em clínicas particulares. Um dos principais desafios é que não há requisitos obrigatórios de treinamento para médicos que desejam atuar na área.

Com mais de 40 clínicas ativas, mas apenas metade delas registrada na Care Quality Commission (CQC), médicos relataram variações significativas na prática clínica. Em seu relatório anual, a CQC levantou preocupações sobre lacunas na supervisão, justificativa clínica e conformidade com regras de publicidade em algumas clínicas privadas.

Essas preocupações surgem após a publicação de dados que mostram um aumento de 130% no número de prescrições privadas entre 2023 e 2024. Fontes do setor sugerem que aproximadamente 75.000 pacientes têm acesso a tratamentos com cannabis medicinal no Reino Unido.

 

Principais pontos das novas diretrizes sobre cannabis


Em resposta a esse cenário, a Sociedade de Clínicos de Cannabis Medicinal (MCCS) atualizou suas "Diretrizes de Boas Práticas". O documento define as responsabilidades dos prescritores e oferece recomendações sobre dosagem e uso de produtos à base de flores e óleo.

Uma das principais recomendações é que qualquer prescrição acima de 2g de flor por dia, ou de produtos com THC acima de 25%, deve passar por um processo de aprovação por pares. “Normalmente, essas doses não devem ser prescritas inicialmente, mas sim aumentadas lentamente, com documentação cuidadosa dos efeitos”, afirmam as diretrizes.

O MCCS também esclarece quais condições se qualificam para o tratamento e a exigência de que os pacientes tenham tentado dois tratamentos anteriores antes de recorrer à cannabis medicinal, pontos que não estavam estipulados na legislação. “Não é apropriado que um paciente exija um produto específico. Sempre é preciso haver uma discussão entre o paciente e o médico”, reforça o documento.

 

Recomendações adicionais para a prescrição


As diretrizes também desaconselham o uso de nomes de variedades "recreativas", como 'Girl Scout Cookie' e 'Gorilla Glue', pois não auxiliam na "aceitação do valor medicinal da planta". Da mesma forma, os médicos são aconselhados a não se basearem nos termos "sativa" e "indica", por não representarem uma "distinção clínica".

 

Com informações de Cannabis Health