Um estudo publicado no Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research apresenta um novo modelo para explicar como o ácido graxo C15:0 atua no organismo. Os autores analisam dados clínicos e metabólicos que indicam que esse lipídio essencial funciona de maneira “trifásica”, modulando sua ação conforme a dose e o contexto biológico.

Um lipídio adaptativo

Segundo a pesquisa, doses baixas de C15:0 estão associadas ao aumento de inflamação e à baixa eficiência energética. Na faixa intermediária, considerada ideal, o lipídio ativa vias regulatórias como PPAR-α, AMPK e CB2, promovendo equilíbrio metabólico, redução de marcadores inflamatórios e melhora da função celular. Em excesso, porém, pode gerar estresse oxidativo e perda de sensibilidade de receptores.

Esse comportamento multifásico aproxima o C15:0 dos endocanabinoides, que também variam seus efeitos conforme a concentração. Para os autores, isso demonstra que lipídios ímpares possuem funções mais flexíveis e adaptativas do que lipídios pares, tradicionalmente ligados a respostas inflamatórias quando consumidos ou acumulados em excesso.

Base para novas pesquisas

O estudo sugere que o C15:0 pode influenciar diretamente o chamado endocanabinoma expandido, já que parte dele pode ser convertida em C17:0 e dar origem a moléculas neuroativas. 

Essa ligação entre nutrição, metabolismo e sinalização lipídica abre caminho para novas investigações sobre envelhecimento, inflamação crônica e regulação energética.
Para os autores, compreender o papel trifásico desses lipídios pode ajudar a desenvolver abordagens mais precisas para saúde metabólica e longevidade, um campo que ainda avança, mas que ganha força com evidências crescentes sobre a importância de lipídios bioativos na estabilidade do organismo.