O que é a Síndrome de Burnout e como a cannabis medicinal pode ajudar?

Estudo da USP, publicado em 2021, aponta eficácia do canabidiol no tratamento de Burnout em profissionais da saúde. Pesquisa revela redução de sintomas como estresse e exaustão em ensaio clínico

Publicada em 03/01/2025

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Imagem Ilustrativa: IA

A Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional, é um distúrbio emocional causado pelo excesso de trabalho e situações de alta pressão e responsabilidade. Essa condição, comum entre profissionais como médicos, professores, policiais e jornalistas, se manifesta por meio de exaustão extrema, estresse crônico e esgotamento físico e mental.

Os sintomas podem incluir cansaço excessivo, dificuldades de concentração, insônia, dores musculares e até alterações nos batimentos cardíacos. Em casos mais graves, a síndrome pode levar à depressão profunda, exigindo atenção médica imediata.

 

Estudo da USP destaca potencial do CBD no tratamento de Burnout

 

Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), publicada em 2021 no JAMA, investigou o potencial do canabidiol (CBD) no combate ao burnout ocupacional entre profissionais da saúde da linha de frente. O estudo contou com a participação de 120 profissionais de saúde do Hospital Universitário da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, em São Paulo. Médicos, enfermeiros e fisioterapeutas foram recrutados para o ensaio clínico que avaliou o uso do CBD aliado ao tratamento padrão. Com um período de observação inicial de 28 dias, metade dos participantes recebeu doses diárias de 300 mg de CBD, enquanto a outra metade permaneceu com o tratamento padrão, que incluía suporte psicológico e materiais motivacionais.

 

Metodologia e critérios rigorosos

 

O ensaio clínico seguiu padrões internacionais de ética e boas práticas, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário e pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa. A randomização foi feita em bloco, dividindo os participantes por sexo, idade e profissão. Apesar de originalmente desenhado como um estudo duplo-cego controlado por placebo, ajustes foram realizados para atender às recomendações éticas e operacionais, transformando-o em um estudo aberto-cego com avaliadores cegos.

 

Resultados preliminares e segurança do tratamento

 

Os participantes foram avaliados semanalmente por psiquiatras, utilizando escalas de autoavaliação e entrevistas estruturadas. Essas avaliações verificaram a presença de sintomas de burnout ocupacional, como exaustão, negatividade no ambiente de trabalho e baixa eficiência. A segurança do tratamento com CBD foi monitorada por um comitê independente, utilizando a escala CARE para identificar possíveis efeitos adversos. Entre os resultados, observou-se melhora na capacidade de gerenciar o estresse crônico no ambiente de trabalho.

 

Cannabis medicinal no combate à Burnout

 

Nos últimos anos, a cannabis medicinal tem se destacado como uma alternativa promissora para aliviar os sintomas da Síndrome de Burnout. Isso se deve às propriedades terapêuticas do canabidiol (CBD), um dos principais compostos da planta, conhecido por suas ações ansiolíticas, relaxantes e anti-inflamatórias. Um estudo publicado em Frontiers in Psychology destacou que o CBD pode ajudar a reduzir os níveis de estresse e melhorar a qualidade do sono, fatores essenciais para pacientes que enfrentam a síndrome. Além disso, o uso controlado e supervisionado da cannabis medicinal pode contribuir para o equilíbrio emocional, combatendo sentimentos de fracasso e desesperança frequentemente associados à Burnout.

Os pacientes que integram a cannabis medicinal em seus tratamentos relatam melhorias significativas na disposição, redução das dores musculares e um maior controle sobre os sintomas emocionais e físicos da condição.

 

Perspectivas futuras para o uso do CBD

 

Os dados indicam que o CBD pode ser uma ferramenta eficaz no enfrentamento do burnout, especialmente em contextos de alta pressão. Embora a extensão aberta do tratamento tenha incluído todos os participantes, os dados apresentados concentram-se no período inicial do estudo controlado. Pesquisas adicionais são necessárias para consolidar o uso da cannabis medicinal em protocolos de saúde mental, mas os resultados preliminares são promissores.