Por Cynthia de Carlo

Olá queridos leitores, hoje quero falar com vocês sobre esses três tópicos que, por mais que pareçam ser totalmente diferentes um do outro, estão intimamente interligados. Vamos entender por quê? 

O Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um distúrbio neurobiológico crônico que se caracteriza pela desatenção, impulsividade e agitação motora. O TDAH afeta principalmente crianças – cerca de 3% a 5% –, acometendo mais os meninos. Ele é chamado, às vezes, de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção).  

A dificuldade para manter o foco nas atividades propostas e a agitação motora que caracterizam a síndrome podem prejudicar o aproveitamento escolar e ser responsável por rótulos depreciativos que não correspondem ao potencial psicopedagógico dessas crianças. 

No entanto, é importante distinguir essas características de situações comuns, como estresse e privação de sono. A surpresa é que a Apneia do Sono também pode compartilhar sintomas semelhantes!

A Apneia do Sono é caracterizada por pausas na respiração durante o sono, muitas vezes sem ronco aparente. Embora seja normal ter apneias esporádicas, quando ocorrem com frequência ou por longos períodos, podem causar redução nos níveis de oxigênio no corpo e interromper o sono. 
Uma criança que acorda frequentemente durante a noite não descansa o suficiente para pensar ou agir como uma criança bem descansada. Isso pode levar a sintomas semelhantes ao TDAH, resultando em diagnósticos equivocados. É fundamental buscar uma avaliação profissional para identificar corretamente as causas dos sintomas. 

O corpo humano sempre dá sinais de que algo não está funcionando bem, nós temos que aprender a escutar esses sinais. 

Quando se trata de crianças, os pais que as acompanham diariamente conseguem perceber com facilidade esses sinais. Não os ignore! 

Seu filho ronca? Dorme de boca aberta? Tem olheiras? Tem crises de irritabilidade? Ainda faz xixi na cama(enurese)? Esses sinais podem ser consequências de uma respiração bucal. Para isso temos vários tratamentos que vão desde acerto postural com profissionais especializados a aparelhos intraorais e ainda hoje, temos a opção da administração da cannabis medicinal como uma terapêutica auxiliar e complementar. 

A cannabis tem sido utilizada para tratar distúrbios do sono há centenas de anos. Um estudo antigo observou a capacidade que o THC tem de restaurar a estabilidade respiratória modulando a sinalização da serotonina, e baseou-se em observações de que a serotonina piora a apneia do sono e que a cannabis pode limitar o efeito da serotonina nas células do gânglio inferior do nervo vago, que desempenha um importante papel nas sensações respiratórias. 

Um estudo de 2013, verificou a eficácia do dronabinol (cannabinoide exógeno) em pacientes participantes que apresentaram melhoras após o tratamento.  

A pesquisa sobre apneia do sono e cannabis medicinal ainda está em estágios pré-clínicos. No entanto, médicos já têm prescrito tratamentos derivados da planta para melhorar a qualidade do sono, devido aos potenciais benefícios aos pacientes e ao alto grau de segurança da utilização da cannabis e seus extratos. 

As opiniões veiculadas nesse artigo são pessoais e de responsabilidade de seus autores.

Sobre a autora: Cynthia De Carlo é cirurgiã-dentista formada há 31 anos pela UNITAU, pós-graduada em Periodontia, Implante e Pediatria. Além disso, é membro da SBEC (Sociedade Brasileira de Estudos da Cannabis).